O custo da construção civil do Amazonas desacelerou pelo segundo mês consecutivo, em abril. O preço do metro quadrado saltou de R$ 1.726,21 para R$ 1.728,42 na variação mensal, com alta de 0,13%. Foi o menor índice de reajuste em 14 meses, correspondendo à metade do dado de março (+0,27%). A taxa também ficou abaixo da registrada pela média nacional (+0,27%) e pela inflação oficial do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que pontuou aumento de 0,61%, no mesmo período. Os dados são da Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), do IBGE.
Assim como nos meses anteriores, o reajuste de preços se concentrou unicamente no custo dos materiais, que pontuou 0,20% de acréscimo, índice ainda inferior ao de março (+0,42%) e fevereiro (+2,31%). Os dispêndios passaram de R$ 1.102,84 para R$ 1.105,05. Em contraste, o custo da mão de obra (R$ 623,37) voltou a estacionar – em sintonia com as oscilações na geração de empregos com carteira assinada do setor, conforme os dados apontados nos últimos meses, pelo ‘Novo Caged’.
Assim como ocorrido com a média nacional, a taxa regional do indicador perdeu para a inflação oficial, conforme o mesmo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pressionado pelos reajustes de saúde a alimentação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo subiu 0,61% em abril, em alta mais comedida do que as de março (+0,71%) e fevereiro (+0,84%). Mas, a inflação oficial acumulada no quadrimestre (+2,72%) e em 12 meses (+4,18%) ainda perde para as respectivas variações estaduais (+2,96% e +13,10%) do Sinapi – e nem tanto para o respectivo dado brasileiro (+0,86% e +8,05%).
Acima da média
Com a taxa de alta mensal abaixo da média brasileira, o Amazonas caiu do oitavo para o 16º lugar do ranking nacional, empatando com o Amapá (+0,13%). Sergipe (+2,33%), Pernambuco (+0,94%) e Roraima (+0,74%) dividiram o pódio. Na outra ponta estão Pará (-0,11%), Minas Gerais (-0,09%), em meio a dez deflações e duas estagnações. No acumulado do ano, o Estado caiu do primeiro para o segundo lugar. Foi precedido por Sergipe (+3,19%), em uma lista encerrada pelo Mato Grosso do Sul (-0,23%). Em 12 meses, o Amazonas caiu da segunda para a terceira colocação, com Rondônia (+13,51%) e Minas Gerais (+4,36%) protagonizando os extremos.
Os aumentos mensais consecutivos, entretanto, mantiveram o custo por metro quadrado no Amazonas (R$ 1.728,42) acima da média brasileira (R$ 1.693,67). O Estado permanece na 11ª posição do ranking brasileiro, sendo o quinto maior da região Norte. Os maiores valores estão em Santa Catarina (R$ 1.916,43), Rio de Janeiro (R$ 1.841,40) e Acre (R$ 1.817,24). No outro extremo, os dispêndios médios mais baixos se situaram em Sergipe (R$ 1.522,93), Alagoas (R$ 1.528,62) e Espírito Santo (R$ 1.545,09).
O preço médio dos insumos para construção (R$ 1.105,05) segurou o Estado na quinta posição, e mais uma vez acima da média nacional (R$ 1.006,82). Acre (R$ 1.187,41), Tocantins (R$ 1.122,89) e Rondônia (R$ 1.108,30) ficaram no topo, enquanto Sergipe (R$ 927,43), Alagoas (R$ 937,99), e Espírito Santo (R$ 942,68) ficaram na base. Com a nova estabilização no custo da mão de obra, o Amazonas (R$ 623,37) perdeu novamente para o dado brasileiro (R$ 686,85) e seguiu no 18º lugar. Santa Catarina (R$ 863,48) e Sergipe (R$ 575,76) ficaram na primeira e na última colocação, respectivamente.
Patamar pré-pandemia
O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, reforçou à reportagem do Jornal do Commercio que, após encerrar o 2022 com aumento de 15%, o custo da construção do Amazonas vem perdendo força, até culminar, em abril, na menor taxa em três anos. “Em quatro meses, o indicador subiu 2,9%. Em 2022, nessa mesma época, estava em 4,8%. Mas, nesse ritmo, o Amazonas ainda é o Estado com o segundo maior acumulado de crescimento, sendo que 64% do valor do metro quadrado é insumo. Em abril, a construção de uma casa popular de 40 metros quadrados e de padrão mínimo custaria 1.282,95”, comentou.
Em texto postado na Agência de Notícias IBGE, o gerente da Sinapi, Augusto Oliveira, destacou que os preços dos materiais não estão registrando altas tão grandes em âmbito nacional, quanto as apresentadas em 2020 e 2021. “Com isso, os indicadores acumulados estão ficando em patamares mais próximos a anos pré-pandemia. Alguns itens vêm apresentando reajustes menores e outros até tiveram deflação em alguns estados, como é o caso do aço”, comparou.
“Disparidade nos contratos”
O presidente do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Amazonas), Frank Souza, concorda que a variação no custo do metro quadrado estadual “não foi muito expressiva”. “Acredito que a alta foi puxada principalmente pelo preço do cimento, que continua subindo. O aço não teve mudança nesse período. A mão de obra ainda está estável, mas começa a ser negociada no próximo mês, para já termos um novo valor na convenção coletiva de trabalho, em 1º de julho”, avaliou.
O dirigente aponta, no entanto, que a disparidade entre os acumulados dos últimos 12 meses pelo INCC (Índice Nacional da Construção Civil) e pelo Sinapi (+13,10%) pode gerar desequilíbrios nos contratos e induzir baixas contratações no setor. “O primeiro deu 5,28%, enquanto o segundo subiu 13,10%. Dessa forma, você não consegue casar os valores de vendas por metro quadrado estabelecidos pelo governo federal, com o capital necessário para realizar um empreendimento. Os valores deveriam ser atualizados”, finalizou.