13 de setembro de 2024

Amazonas abre mais empresas, mas mortalidade também avança 

O ritmo de abertura de empresas no Amazonas avançou em junho, em meio à relativa melhora dos indicadores e da confiança dos agentes econômicos. Mas, a taxa de mortalidade sofreu repique. O Estado somou 728 novos negócios em julho, 8,33% a mais do que em junho (672) – que teve a mesma quantidade de dias úteis. O saldo também foi 8,01% mais elevado do que o de 12 meses atrás (674). As estatísticas de baixas de CNPJs no Estado foram na mesma direção. Foi registrada uma expansão de 14,42%, entre o sexto (319) e o sétimo (365) mês de 2023, e um acréscimo de 3,11% ante julho de 2022 (354). 

No acumulado ddo ano, o cenário ainda segue desafiador para os empreendedores do Estado. Um total de 2.444 pessoas jurídicas amazonenses encerrou as atividades no período, quantitativo 10,09% maior do que o apresentado em igual intervalo de 2022 (2.220). Em paralelo, foram constituídos 4.726 novos negócios, número somente 3,94% superior ao capturado entre janeiro e julho de 2022 (4.547). As informações são da Jucea, a partir de relatório do SRM (Sistema Mercantil de Registro) do Ministério da Economia.

O setor de serviços (442) liderou os números de aberturas de novos negócios, seguido por comércio (235) e indústria (30) – contra 408, 217 e 28, em junho, respectivamente. Os cinco municípios que mais constituíram empresas foram Manaus (544), Itacoatiara (15), Manacapuru (15), Humaitá (13) e Iranduba (11). Assim como nos levantamentos anteriores, a Junta Comercial do Estado do Amazonas não informou números desagregados das estatísticas de encerramentos de empresas. Segundo o Portal do Empreendedor o panorama segue mais instável para os MEIs (microempreendedores individuais).

Tipos empresariais

De acordo com o levantamento da Jucea, assim como ocorrido há mais de um ano, a maior parte das 365 pessoas jurídicas amazonenses que saíram do mercado no mês passado estava enquadrada na categoria de empresário individual (214), sendo que o número veio muito mais elevado do que o do levantamento anterior (171). Foram encerradas também 149 sociedades empresariais limitadas – contra as 148 de junho. Em sete meses, os dois tipos empresariais acumularam 1.448 e 983 extinções, respectivamente. A lista de baixas no mês incluiu também uma sociedade anônima fechada e uma cooperativa.

Em contraste, o movimento em torno da formalização de abertura de novos negócios no Amazonas (728) voltou a priorizar as sociedades empresariais limitadas (497), correspondendo a mais do que o dobro da quantidade de registros na modalidade de empresário individual (226). A distância entre ambas as categorias se manteve em relação à sondagem anterior (458 e 208, na ordem) e ao acumulado do ano (3.085 e 1.505). O rol de novos negócios do mês incluiu também uma sociedade anônima fechada, uma cooperativa, e uma empresa individual de responsabilidade limitada. 

Já os números do Portal do Empreendedor confirmam um quadro ainda volátil para os MEIs atuantes no Estado. As aberturas subiram 4,57%, entre junho (2.737) e julho (2.862). Mas, tombaram 7,05% em relação ao dado de 12 meses atrás (3.079). As extinções mal se moveram (-0,43%) na variação mensal (de 1.149 para 1.144), embora tenham crescido 6,12% frente ao mês de 2022 (1.078). Em sete meses, o número de constituições decresceu 6,09%, com 20.822 (2023) contra 22.173 (2022). Os encerramentos escalaram 46,75% na mesma comparação, ao passarem de 6.218 (2022) para 9.125 (2023).

“Recuperação e oportunidades”

Na análise da ex-vice-presidente do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), e professora universitária, Michele Lins Aracaty e Silva, os dados apontam para a um cenário de reestruturação e recuperação econômica, dados os impactos da abertura de empresas na geração de emprego e renda. “A atividade empreendedora no Amazonas vem sendo fortalecida há alguns anos e está focada no segmento de alimentação e prestação de serviços. Se formos analisar de forma desagregada observaremos que o destaque é o empreendedorismo feminino”, informou.

A economista considera que uma das prováveis hipóteses para os números mais encorpados de empreendedorismo, está na melhora na conjuntura macroeconômica do país, com recuperação do mercado de trabalho e aumento do quantitativo de moeda disponível, fatores que contribuem para mais consumo e aquecimento econômico. E observa que a sazonalidade também contribuiu para maior impulso nos novos negócios.

“Se levarmos em consideração a conjuntura econômica atual, a expectativa é super positiva, dado o desfecho da reforma Tributária e do arcabouço fiscal. Destaco ainda a retomada da queda na taxa selic. Nos próximos meses teremos também datas comemorativas e recursos de programas de transferência de renda e demais benefícios que contribuem para aquecer a economia. O segundo semestre do ano é sinônimo de recuperação econômica e de oportunidades”, afiançou.

A consultora empresarial, professora e conselheira do Cofecon (Conselho Federal de Economia), Denise Kassama, avalia que os dados ainda estão dentro de um “espectro de normalidade”, embora tenha voltado a destacar que os dados relativos aos MEIs. “A grande maioria acompanha as oscilações de mercado e os números corroboram os indicadores de emprego e desemprego. É uma mudança de formatação das relações trabalhistas. A MEI tem um custo mais baixo, entretanto, o empregado abre mão de benefícios e direitos. Isso tem pautado uma tendência de mercado, infelizmente”, lamentou.

 A economista considerou também que a quantidade de empresas limitadas é expressiva e que isso pode indicar mais otimismo no mercado. “Isso pauta que o empresariado começa a enxergar um horizonte mais sólido para poder empreender e abrir sua empresa. As regras mais claras, a reforma Tributária e o próprio arcabouço fiscal dão mais clareza para que rumo o governo está indo, e mais segurança para o empresário. Vamos ver”, arrematou

Liderança no Norte

Em texto veiculado por sua assessoria de imprensa, a Jucea cita informações do painel mensal do Mapa de Empresas do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), para ressaltar que, em julho, o Amazonas foi a unidade federativa mais rápida da Região Norte em termos de abertura de empresas. A fonte de dados aponta que o empreendedor amazonense leva, em média, 7 horas e 6 minutos para tanto. Entre junho e julho, o Estado desceu da primeira para a segunda posição do ranking nacional. 

“Mesmo com as oscilações nas posições estabelecidas pelo mapa, é uma grande conquista, além de um fato histórico para o Amazonas manter-se, há quatro meses, entre os cincos estados mais rápidos do Brasil e ser, desde então, o mais rápido da região Norte. Essa conquista para o é o resultado de todo um trabalho em equipe, desenvolvido pela Jucea, com os órgãos integrados à RedeSim e com as prefeituras do interior do estado”, encerrou a presidente da autarquia, Maria de Jesus Lins.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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