18 de setembro de 2024

Amazonas cresce nas pecuárias leiteira e corte, mas piora na produção de ovos

A pecuária amazonense registrou aquecimento no primeiro trimestre. Os abates bovinos, mantiveram ritmo de recuperação gradual, embora tenham ficado devendo em relação a 2022 e em termos de pesagem dos animais. A produção leiteira obteve melhores resultados, apesar da desaceleração trimestral. Já a avicultura de postura ampliou o seu plantel, mas seguiu com produção em baixa, marcando o menor número de ovos para o período desde 2018. É o que mostram, em síntese, os dados das pesquisas trimestrais que compõem as Estatísticas da Produção Pecuária do IBGE.

A pecuária de corte inclui frangos, suínos e bovinos. Estes últimos somaram 40.316 cabeças e 8.897 toneladas e responderam pela maior parte do total. A produção chegou a seu pico em maio (15.254 cabeças), para cair em junho (12.898). Bois (30.487) representaram 75,62% da oferta trimestral. As vacas (9.415) aumentaram participação, enquanto novilhos e novilhas ficaram de fora dos abates. Houve alta de 8,62% entre o primeiro (37.117) e o segundo trimestre, e um tombo de 6,73% frente ao mesmo período de 2022 (43.224). Em contrapartida, o peso das carcaças retraiu em ambas as comparações. 

O Amazonas é o quinto maior produtor da região Norte, ficando atrás de Rondônia (736.755), Pará (656.586), Tocantins (319.746) e Acre (106.656). A análise da série histórica do IBGE confirma, no entanto, que a quantidade de animais abatidos no Estado ainda está bem distante do pico atingido no primeiro trimestre de 2017 (68.500). A escala seguiu crescente de 2005 até aquele ano, a despeito de oscilações pontuais. Mas, passou a encolher gradual e constantemente a partir de 2020, em decorrência dos impactos da pandemia, chegando ao seu número mais baixo no quarto trimestre de 2021 (31.283). 

No Brasil, o abate de bovinos chegou a 8,36 milhões de cabeças no segundo trimestre de 2023, obtendo altas de 12,6%, em relação ao mesmo período do ano anterior, e de 13,4%, na comparação com os três meses iniciais de 2023. Em contrapartida, o abate de suínos (14,08 milhões) sofreu decréscimos em ambas as comparações (-1% e -0,6%, respectivamente), interrompendo uma série de comparações anuais positivas que vinham desde o segundo trimestre de 2014. Já o abate de frangos (1,56 bilhão) foi o melhor para o período desde 1997 representou incrementos respectivos de 4,7% e de 3,2%. O IBGE informa que a insuficiência de informantes mais uma vez não permitiu a divulgação de dados sobre os abates de suínos e de frangos no Estado. 

Leite e ovos

A produção leiteira do Amazonas, por sua vez, desacelerou no segundo trimestre, mas se manteve acima do ano passado. A aquisição de leite cru adquirido e industrializado chegou a 2,35 milhões de litros, configurando recuo de 6%, no confronto com os três meses anteriores (2,50 milhões). Ainda assim, houve acréscimo de 9,81% ante o mesmo acumulado de 2022 (2,14 milhões), sendo esse o melhor resultado da série histórica, em doze anos. O desempenho mensal foi crescente entre abril (720 mil) e junho (842 mil).

O Amazonas ainda é o quinto maior produtor de leite da região Norte, perdendo para Rondônia (135,07 milhões), Pará (47,32 milhões), Tocantins (28,12 milhões) e Acre (2,37 milhões) – sendo que todos os quatro declinaram ante o primeiro trimestre. Na média nacional, a aquisição de leite em estabelecimentos com algum tipo de inspeção sanitária somou 5,72 bilhões de litros sendo 4% maior do que a do mesmo trimestre de 2022 e 3,9% abaixo da apresentada nos três meses imediatamente anteriores.

A produção de ovos de galinha melhorou na oferta e piorou na produção. A quantidade de galinhas poedeiras no Amazonas (1,70 milhão) cresceu 11,84% frente ao trimestre anterior (1,52 milhão) e 4,94% diante dos mesmos três meses de 2022 (1,62 milhão). Mas, as 27 unidades informantes produziram 10.584 mil dúzias e amargaram decréscimos respectivos de 0,80% e 11,64%. O Estado ainda é o maior produtor de ovos do Norte do país, além de contar com o segundo maior plantel da região – logo atrás de Tocantins (1,92 milhão).

Em contraste, a produção brasileira de ovos de galinha atingiu 1,05 bilhão de dúzias, o que equivale a um aumento de 2,9% em relação à quantidade apurada no mesmo trimestre em 2022, além de uma elevação de 2% sobre o primeiro trimestre deste ano. A produção foi a segunda maior já registrada e atingiu recorde para o período, considerando a série histórica da pesquisa, iniciada em 1987.

“Melhora sensível”

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, assinalou que a pecuária de corte do Amazonas voltou ao nível do terceiro trimestre de 2022, com “melhora sensível” para os abates de bois e vacas. E acrescentou que a quantidade de galinhas poedeiras “subiu consideravelmente”, retornando ao patamar do início do ano passado. Na análise do pesquisador, a despeito dos dados divergentes, os dois segmentos indicam aumento de demanda, após a escalada de preços ao consumidor. 

Em texto postado no site da Agência de Notícias IBGE, o supervisor da pesquisa, Bernardo Viscardi, destaca o crescimento anual de 40,2% no abate bovino de fêmeas. Ele salienta que o recuo no abate de suínos já era esperado, diante da “saturação de mercado”, da redução do preço da carne bovina, e da “oferta interna abundante” de frango. “A carne de frango já é bastante demandada internamente pelo preço acessível, e também tem sido demandada externamente devido aos problemas com a gripe aviária, que não atingiu nenhum plantel comercial no Brasil”, frisou.

Viscardi considerou “normal” o aumento brasileiro trimestral na produção de ovos, ressaltando que a proteína também é bastante demandada, por conta do preço, estando em ascensão desde 2018. Já o crescimento da produção leiteira foi puxado pelo aumento do preço pago ao produtor. “Além disso, houve uma redução nos custos de produção, principalmente relacionados à alimentação. Isso tudo estimulou a produção”, acrescentou.

“Forte concorrência”

O presidente da Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas), Muni Lourenço, assinala que a pecuária leiteira do Amazonas vem se beneficiando da ampliação de investimentos, o que contribuiu para maior produtividade e melhoramento genético. E acrescenta que a produção estadual seguiu o contexto nacional, impactado pela importação de leite com preços subsidiados. Quanto à produção de ovos, o dirigente ressalva que, apesar da queda de produção, o segmento já está consolidado no Estado e ainda se mostra competitivo, apesar da “forte concorrência” com ovos de granjas do Centro-Oeste.

“Os dados confirmam também um aquecimento da pecuária bovina de corte, principalmente em razão da área do Sul do Estado já estar com uma classificação de livre de aftosa sem vacinação, o que valoriza a cadeia produtiva. Para os próximos meses, esse desempenho deve vir abaixo do primeiro semestre, em virtude da queda significativa do valor da arroba do boi. A isso, soma-se o período de forte estiagem, que compromete a oferta de pastagem”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

Veja também

Pesquisar