O Amazonas criou 4.553 empregos formais em agosto, registrando a melhor marca desde outubro do ano passado. As admissões (+23.053) superaram as demissões (-18.500), por um acréscimo de 0,93% sobre o estoque anterior. O número superou com folga o dado de julho (+3.723), no oitavo mês seguido de aumento nesse tipo de comparação. O desempenho também foi melhor do que o apresentado 12 meses atrás (+4.088). O impulso das contratações veio de Manaus (+3.702) e se disseminou em todos os setores econômicos, com destaque para os serviços, que respondeu por 54,97% do total.
A alta proporcional de vagas com carteira assinada no Estado (+0,93%) foi quase duas vezes maior do que as da média nacional (+0,51%) e da região Norte (+0,84%). O mercado de trabalho formal amazonense encerrou o acumulado do ano com expansão de 3,88% e geração de 18.406 novos postos de trabalho, além de seguir no azul no aglutinado de 12 meses (+4,62% e +21.760). O estoque –que é a quantidade total de vínculos celetistas ativos –chegou a 491.929 ocupações. Os números foram extraídos da base do ‘Novo Caged’, e foram divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência, nesta segunda (2).
O Brasil como um todo também teve mais admissões (+2.099.211) do que desligamentos (-1.878.367). O somatório de novos empregos com carteira assinada chegou a 220.844 e teve alta de 0,51%. Foi um número melhor do que os de julho de 2023 (+142.702) e de agosto de 2022 (+278.639). Em oito meses, foram criadas 1.388.062 (+3,27%) vagas formais, situando o estoque em 43.820.697 vínculos empregatícios. Todos os cinco setores econômicos avançaram nas admissões –com destaque para serviços (+114.439). O avanço se espalhou também por todas as cinco regiões e as 27 unidades federativas.
Vale ressaltar que a oferta de empregos formais ainda está distante da demanda dos trabalhadores, tanto em âmbito estadual, quanto nacional. Os números mais recentes do IBGE mostram que o Amazonas encerrou o segundo trimestre de 2023 com o nível de desocupação em queda de 7,62%, mas em um patamar ainda elevado de 187 mil pessoas –ou 9,7% de sua força de trabalho. Apenas 55,4% (1,75 milhão) da população amazonense “apta ao trabalho” (14 anos ou mais) tinha ocupação remunerada, sendo que 56,8% (993 mil) dessas vagas não contavam com carteira assinada. O desempenho do terceiro trimestre de 2023 só será divulgado em novembro.
Serviços e indústria
Diferente dos meses anteriores, todas as cinco atividades econômicas do Amazonas fecharam agosto com saldo positivo. Os serviços mantiveram a liderança, com aumento de 1,11% no estoque e criação de 2.503 empregos celetistas, em dado muito mais forte do que o de julho (+1.691). Os números mais relevantes vieram das atividades de seleção, agenciamento e locação de mão de obra (+866), atividades de organizações associativas (+390), educação (+227) e alimentação (+225), entre outras. No acumulado do ano, o setor gerou 12.709 vagas (+5,90%) e segue liderando a oferta de oportunidades no Estado.
No mês do Dia dos Pais, o grupo que reúne “comércio e reparação de veículos” (+0,80% e +882) se segurou em um distante segundo lugar, a despeito do movimento abaixo do esperado. O número de postos de trabalho gerados também foi o maior do ano, superando julho (+739) por uma pequena margem. As contratações foram impulsionadas pelo varejo (+639), seguido pelo atacado (+185) e pelo segmento de “reparação de automóveis e motocicletas” (+58). De janeiro a agosto, a atividade comercial acumula saldo positivo de 1.450 vagas com carteira assinada (+0,47%).
Em entrevistas recentes à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente em exercício da Fecomércio-AM, Aderson Frota, avaliou que os serviços entraram em um “processo de acomodação” e o comércio passa por recuperação, diante do peso dos juros. “Estamos na expectativa de que o Dia das Crianças tenha um aumento mais significativo nas vendas. O consumo está aumentando, ainda que de forma muito raquítica, mas demonstrando que entramos em um processo de estabilidade. Mas, o crescimento será muito lento, porque o consumidor ainda está com níveis muito altos de inadimplência”, ponderou.
A indústria subiu da quarta para a terceira posição do ranking do Estado. O setor criou 747 empregos celetistas (+0,51%), em ritmo superior ao de julho (+435). As contratações foram carreadas pela indústria de transformação (+776), especialmente pelas linhas de produção de “outros equipamentos de transporte”/motocicletas (+395). A indústria extrativa (+5) também teve saldo positivo, em detrimento das divisões de água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação (-17); e de eletricidade e gás (-17). Em oito meses, os empregos formais da manufatura amazonense avançaram 1,75% (+2.125).
“Os números, além de positivos, demonstram que a economia amazonense tem apresentado sinais de reaquecimento, ainda que o cenário amplo permaneça volátil. Os postos de trabalho indicam tendência de consumo. Se há contratação, é porque existe demanda para a produção/prestação, de modo que esse é um ciclo que se fecha, uma vez que o dinheiro será reinjetado na economia. Nossas perspectivas são de um cenário de relativa estabilidade no indicador, com leve inflexão positiva de crescimento para o segundo semestre, considerando ainda o nível de endividamento da população e a crise de confiança do consumidor”, analisou o presidente da Fieam, Antonio Silva.
Construção e agropecuária
A construção manteve ritmo de recuperação, ao marcar seu quarto mês de saldo positivo, com 237 novos postos de trabalho (+0,94%). O número, contudo, veio muito abaixo do contabilizado em julho (+752) e junho (+888). O avanço foi disseminado pelos subsetores de obras de infraestrutura (+122), construção de edifícios (+74) e serviços especializados para construção (+41). Em oito meses, a atividade ainda é a que detém o maior incremento percentual no Estado (+9,08%), com 2.124 novas vagas.
“Os números são crescentes, para fechar o ano de forma positiva. Temos tido muitas construções imobiliárias, mas as obras de infraestrutura cobrem 50%, o que costuma ocorrer no verão. Essa união [de segmentos] deve manter esse saldo positivo nos próximos meses”, comemorou o presidente do Sinduscon-AM, Frank Souza.
Já a agropecuária trocou de sinal e apresentou seu primeiro mês de crescimento anual em três meses. Em agosto, o setor criou 184 ocupações formais e atingiu o maior incremento percentual da lista (+3,92%). A oferta se concentrou em “agricultura, pecuária e serviços relacionados” (+292) –especialmente na produção de lavouras temporárias (+283). Em contrapartida, produção florestal (-107), assim como pesca e aquicultura (-1), promoveram cortes. No aglutinado até agosto, a agropecuária amazonense já aparece com saldo positivo de 46 postos de trabalho celetistas (+0,96) em seu estoque.
“Esse resultado positivo de geração de empregos é bem-vindo e confirma a importância econômica da atividade rural, principalmente para o contexto dos municípios do interior. Infelizmente, devemos ter impactos negativos nos próximos meses , em virtude da intensidade da estiagem e vazante dos rios”, arrematou o presidente da Faea, Muni Lourenço.