18 de setembro de 2024

Amazonas é o maior produtor de castanha do Pará

Pelo menos 35,3% da produção brasileira de castanha-do-pará registrada em 2020, veio diretamente do Amazonas (11.707 toneladas), que se manteve na liderança nacional, ao somar R$ 34,8 milhões em valores de comercialização.  O Pará (8.643 toneladas e R$ 20,8 milhões) compareceu na segunda posição do fruto , também conhecido  como “castanha-do-brasil”. Na produção de açaí, por sua vez, as posições se inverteram, e o Estado (43.733 toneladas e R$ 74,5 milhões) só perdeu mesmo para a unidade federativa paraense (149.671 toneladas e R$ 569,1 milhões).

A má notícia é que a produção do extrativismo vegetal do Amazonas encolheu 2,1%, entre 2019 (R$ 290,706 milhões) e 2020 (R$ 284,595 milhões). Foi o mais baixo número da série histórica do IBGE, desde 2015 (R$ 272,451 milhões). O Estado seguiu a trajetória negativa da região Norte, mas veio na contramão da média nacional (+6,3% e R$ 4,7 bilhões), que se beneficiou pelas exportações. Com isso, seguiu na segunda posição, na região Norte, e na quinta, em todo o país. É o que revelam os dados são da pesquisa sobre PEVS (Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura) 2020, do IBGE. 

Em dez anos, o valor de produção extrativa do Estado apresentou crescimento de 33,3%, ao sair de R$ 189,6 milhões (2011) para R$ 284,6 milhões (2020), após passar por seu auge em 2016 (R$ 326,1 milhões). Com isso, cedeu o quarto lugar do ranking nacional para o Maranhão (R$ 285,4 milhões), no ano passado. O maior valor produzido no país foi o do Pará (R$ 1,6 bilhões). Atrás do Amazonas estão Rondônia (-36%) e Tocantins (49,4%), e os demais Estados do Norte – que também sofreram tombo de produção.

Dos grupos de produtos que compõem a exploração extrativista na pesquisa do IBGE, os madeireiros e alimentícios foram os que mais influenciaram na queda de produção do Estado. A madeira em tora obteve valor de produção de R$ 148,8 milhões, em 2020, o que representa 52,3% do total da extração vegetal amazonense. Essa fatia foi 4,8% menor do que o obtido em 2019 (R$ 155,6 milhões). Já o grupo de produtos alimentícios obteve R$ 113,3 milhões em 2020, ou 39,8% do valor total apresentado pelo Estado, no mesmo período. A queda ante 2019 (R$ 115,6 milhões) foi de 2%, nesse caso. Apesar dos recuos em valores, o IBGE informa que a produção física se manteve “estável”.

O grupo de fibras, embora tenha pequena participação no valor de produção extrativa no Amazonas, foi o que apresentou melhor desempenho (+110,34%), ao crescer de R$ 2,9 milhões (2019) para R$ 6,1 milhões (2020). Com isso, a participação do valor produzido com o produto no Estado saltou de 1% para 2,16%, na mesma comparação.

Madeira e alimentícios

O Amazonas produziu 844,6 mil metros cúbicos de madeira em tora na extração vegetal, somando R$ 148,7 milhões, e ficando em quarto lugar no ranking brasileiro. Os maiores produtores foram Mato Grosso (3,8 milhões de metros cúbicos e R$ 606,1 milhões) e Pará (3,5 milhões de metros cúbicos e R$ 845,9 milhões).

No total, 35 municípios amazonenses produzem madeira em tora, especialmente Silves (150 mil metros cúbicos), Manicoré (144 mil metros cúbicos) e Lábrea (117.190 metros cúbicos) – com decréscimo de produção para o primeiro e incremento, para os outros dois. Apesar de Manicoré aparecer com a segunda maior quantidade produzida, o valor de produção do município (R$ 8.6 milhões) é o quarto maior do Estado. A maior cifra, nesse  caso, vem de Silves (R$ 40.5 milhões), seguido por Itacoatiara (R$ 36.6 milhões) e Lábrea (R$ 23.4 milhões).

Após a madeira, os produtos que mais se destacam no Estado, são os alimentícios, principalmente o açaí (26,2%) e a castanha-do-pará (12,2%). A maior oferta de açaí vem do Pará (149.671 toneladas e R$ 569,1 milhões) – 69,7% do total nacional. Foi seguido pelo Amazonas (43.733 toneladas e R$ 74,5 milhões) e pelo Maranhão (17.809 toneladas e R$ 34,8 milhões). Em termos de castanha-do-pará, o pódio é formado pelo Amazonas (11.707 toneladas e R$ 34,8 milhões), Pará (8.643 toneladas e R$ 20,8 milhões) e Acre (6.769 toneladas e R$ 17,6 milhões). 

O açaí tem 91,9% de sua extração concentrada na região Norte, que registrou baixa de 1% na produção (220,5 mil toneladas) e alta de 17,8% no seu valor (R$ 694,3 milhões). Oito dos dez municípios com maiores safras são paraenses – especialmente Limoeiro do Ajuru (19,5% do total), que aumentou sua produção em 2,4%. Codajás (R$ 19,7 milhões e 11.580 toneladas) é o terceiro maior produtor de açaí do Brasil. No Amazonas, Lábrea (4.560 toneladas) e Humaitá (4000 toneladas) também se destacam. Os três municípios amazonenses com maiores valores foram Codajás (R$ 19,7 milhões), Itacoatiara e Lábrea (ambos R$ 7,7 milhões, cada).

Já a safra da castanha-do-pará conseguiu avançar 0,7%, alcançando 33,1 mil toneladas, mas o valor da produção (R$ 98,6 milhões) encolheu 27,4%. Humaitá (4,7 mil toneladas) lidera a produção nacional, respondendo por 14% do volume total registrado no país, além de ter apresentado alta de 3,3%, entre 2019 e 2020. Boca do Acre, (910 toneladas) e Autazes (700 toneladas) ocupam as posições seguintes do ranking.

Sem exportações

Em texto postado na Agência de Notícias IBGE, o gerente de agricultura, Carlos Alfredo Guedes, destaca o papel das exportações, vitaminadas pela demanda, aumento nos preços e câmbio favorável. O resultado da silvicultura foi considerado uma recuperação da atividade, com destaque para o aumento no valor de produção do carvão vegetal (+37,8%) – que não existe no Amazonas – e de madeira em tora para papel e celulose (+25,6%). 

“Boa parte dos produtos da silvicultura brasileira acabam sendo exportados. Com a desvalorização do real frente ao dólar, fica mais barato para os países comprarem os produtos do Brasil. Esta questão cambial acaba influenciando no valor de produção, pois o aumento do dólar torna o produto mais caro no mercado interno”, explicou.

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, informou à reportagem do Jornal do Commercio que um dos diferenciais da atividade no Amazonas é o fato de o leque da oferta ser menor e “não possuir característica de exportação”, sendo destinado ao consumo interno no nível regional e, “quando muito”, nacional. A ausência do fator câmbio seria um dado que ajudaria a explicar o descolamento da produção – que se manteve estável – de seu valor de mercado – que recuou. 

“Nossa oferta é basicamente da extração vegetal, que passa por problemas sazonais, com queda de produção imposta pela natureza. Açaí e castanha são produtos da natureza que sofrem muitas sazonalidades. Quanto à madeira, essa requer toda uma cadeia de produção até a venda. E isso passa até mesmo pelo sistema de fiscalização ambiental”, concluiu.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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