13 de setembro de 2024

Amazonas fechou mês de março com novas 1.547 vagas

O Amazonas registrou saldo positivo de empregos com carteira assinada pelo terceiro mês seguido, em março. As admissões (+19.634) bateram os desligamentos (-18.087) por uma vantagem de 1.547 vagas, o equivalente a um acréscimo de 0,33% sobre o estoque anterior. Foi um resultado próximo ao de fevereiro (+1.563) e bem maior do que o dado novamente revisado de janeiro (+436). Mas, ficou abaixo da marca de igual período de 2022 (+1.655). As contratações se disseminaram em todos os setores econômicos, embora tenham praticamente se restringido a Manaus (+1.450).

A alta proporcional de criação de postos de trabalho celetistas no Estado (+0,33%), no entanto, perdeu novamente de longe para os números das médias nacional (+0,46%) e da região Norte (+0,49%). Ainda assim, o mercado de trabalho amazonense conseguiu encerrar o trimestre com expansão de 0,49% e geração de 2.303 novas vagas, além de também seguir no azul no acumulado dos últimos 12 meses (+6,57% e +29.368). O estoque – que é a quantidade total de vínculos celetistas ativos – chegou a 477.621 ocupações. Os números foram extraídos da base do ‘Novo Caged’, e foram divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência, nesta quinta (27).

O Brasil como um todo também teve mais admissões (+2.168.418) do que desligamentos (-1.973.247). O somatório de novas vagas (+195.171) configurou alta de 0,46%, vindo mais fraco do que fevereiro de 2023 (+241.785), embora mais encorpado do que o dado de 12 meses atrás (+136.189). Em três meses, foram criados 520.253 postos de trabalho em todo o país, situando o estoque brasileiro em 42.964.678 vínculos empregatícios. Todas as cinco regiões brasileiras avançaram nas contratações e apenas a pecuária extinguiu vagas.

Vale lembrar que a oferta de empregos formais ainda está distante da demanda dos trabalhadores, tanto em âmbito estadual, quanto nacional. Os números mais recentes do IBGE mostram que a quantidade de amazonenses na fila do desemprego voltou a aumentar no quarto trimestre de 2022 e chegou a 196 mil – 10% da força de trabalho do Estado. A mesma base de dados informa que só 56,2% da população amazonense “apta ao trabalho” (14 anos ou mais) tinha ocupação remunerada, sendo que 57% dessas vagas não contavam com carteira assinada. O desempenho do primeiro trimestre de 2023 só será divulgado em maio.

Serviços na frente

Diferente do ocorrido no mês anterior, todas as cinco atividades econômicas fecharam março com mais admissões do que desligamentos no Amazonas. Os serviços seguiram na liderança do ranking, com alta de 0,39% e criação de 844 empregos celetistas, embora o acréscimo tenha sido mais modesto do que os apresentados em fevereiro (+1.908) e janeiro (+1.037). Os destaques vieram dos segmentos de educação (+290) e de atividades administrativas e serviços complementares (+234), entre outras. No trimestre, o setor de serviços gerou 3.286 vagas (+1,53%).

Embora março tenha sido mais um mês sem datas comemorativas para carrear vendas, o grupo que reúne “comércio e reparação de veículos” conseguiu deixar para trás dois meses consecutivos de saldos negativos para criar 415 postos de trabalho celetistas (+0,38%), no segundo melhor desempenho da lista. Foi uma boa notícia após os dados negativos de fevereiro (-311) e janeiro (-909) As contratações foram a regra no varejo (+303), no atacado (+35) e no segmento de “reparação de automóveis e motocicletas” (+77). Mas, o saldo segue negativo em 773 vagas (-071%) no acumulado do ano.

Mesmo caindo para a terceira posição, a indústria teve seu melhor resultado do ano em março, com 161 vagas formais a mais e alta de 0,13%. Superou fevereiro (+104) e janeiro (+12). As contratações foram puxadas pela indústria de transformação (+171), especialmente nas linhas de produção de “outros equipamentos de transporte” (+151) e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (+130). Foi acompanhada de longe pelo segmento de água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação (+12), mas não pela indústria extrativa (-19) e pela divisão de eletricidade e gás (-3). Em três meses, o acréscimo da indústria foi de 0,17% (+207).

A construção fechou seu segundo mês no azul, ao criar 124 postos de trabalho (+0,08%), em desempenho muito melhor do que o de janeiro (+19). Os resultados positivos se disseminaram nos subsetores de serviços especializados para construção (+195) e construção de edifícios (+19), em detrimento das obras de infraestrutura (-90). A agropecuária interrompeu uma sequência de quatro meses de predomínio de demissões, mas criou apenas 3 ocupações formais (+0,07%), sendo impulsionada principalmente pelas lavouras temporárias (+29). De janeiro a março, a construção extinguiu 227 vagas (-0,97%) e a agropecuária eliminou outras 190 (-3,97%).

“Inflexão branda”

O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, considerou que os indicadores de empregos no Amazonas relativos a março foram positivos, em face do “atual momento econômico e político de incertezas e desconfiança do consumidor”. “É importante destacar que, embora o resultado demonstre inflexão positiva branda, a manutenção do número de postos de trabalho é tão importante quanto a criação de empregos. Com 106 mil colaboradores diretos, o PIM continua como força motriz da economia estadual. A perspectiva é de que tenhamos avanços substanciais no médio prazo”, ponderou. 

O presidente em exercício da Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Amazonas), Aderson Frota, avalia que os números do ‘Novo Caged’ confirmaram que serviços e comércio ainda são os maiores empregadores do Estado. “Estamos vendo tendências que se consolidam. Na agropecuária, a mecanização avança de forma acentuada, enquanto a indústria robotiza suas linhas de produção. Comércio e serviços, por outro lado, ainda têm espaço para crescer e se consolidar nas contratações, além de contribuírem com as maiores fatias do PIB e das arrecadações”, afiançou.

Já o presidente do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amazonas), Frank Souza, lembrou, mas concorda que os números estão mais fracos do que os de 2022. “Estive ontem no Congresso e vi que há um clima de pouca decisão e desencontro. Tudo depende dessas mudanças de regras e algumas delas, como essa mudança de FGTS, estão deixando o empresário indeciso e inseguro. No Amazonas, 80% das obras são do programa Minha Casa Minha Vida e as obras de infraestrutura também sofrem com essa situação”, finalizou. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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