O Amazonas está reforçando sua malha aérea, com acréscimo de voos comerciais diretos e expansão nas operações cargueiras. Manaus vai ganhar uma nova rota para o Rio de Janeiro (RJ), em janeiro de 2024, e mais voos diretos para São Paulo (SP) e Belém (PA), a partir de outubro deste ano. Em paralelo, a frequência de rotas semanais de transporte de cargas saindo da cidade com destino à capital paulista, sairá de 13 para 16. O anúncio foi dado pelo vice-governador do Amazonas, Tadeu de Souza, e pela direção da Latam Linhas Aéreas anunciaram, nesta segunda (21), durante coletiva de imprensa.
Fontes do setor terciário ouvidas pela reportagem do Jornal do Commercio consideram que a notícia configura um passo positivo para o turismo e segmento hoteleiro do Amazonas, diante de um cenário ainda de muitas carências. A indústria, por sua vez, avaliou que o reforço no transporte de cargas é uma novidade “extremamente positiva”, para o PIM, que tende a ganhar velocidade em suas operações logísticas – embora o modal aéreo seja mais significativamente mais caro do que o rodofluvial/marítimo.
Texto veiculado pela Secom (Secretaria de Estado de Comunicação Social) informa que os novos investimentos da companhia aérea no Amazonas foram viabilizados pela política estadual de incentivos fiscais para as empresas de aviação, que entrou em vigor em julho deste ano, por meio da Lei nº 6.271/23. Empresas de transporte de passageiros e cargas com atuação local, incluindo fretamento de táxi aéreo, são contempladas com reduções que variam de 3% a 7% na alíquota do ICMS sobre os combustíveis de aviação.
“O tratamento tributário diferenciado dado a operações no modal aéreo incrementa a atividade econômica na região e, acima de tudo, incentiva o turismo. É um planejamento que vem sendo feito nos últimos dois anos, visando tornar ainda mais robusta a atividade econômica no Amazonas”, declarou o vice-governador Tadeu de Souza.
O diretor de operações da Latam, Harley Meneses, ressaltou que os novos investimentos da companhia no Amazonas se tornaram possíveis graças aos incentivos fiscais. “O compromisso da Latam com o Brasil é fazer com que mais brasileiros tenham acesso ao transporte aéreo, e o Amazonas é parte deste projeto. É um Estado com enorme potencial para o turismo e importante para diversas indústrias do Brasil”, afiançou, acrescentando que a empresa espera superar a oferta de assentos do pré-pandemia, em Manaus.
“Mais turistas”
As viagens sem escalas para o Rio de Janeiro/Galeão começam em 2 de janeiro de 2024. O novo voo terá duas frequências semanais, decolando da capital amazonense todas as terças e sábados às 23h40 (hora local) e todas as quartas e domingos à 0h05 (hora local) da capital fluminense. Com duração média de quatro horas, a rota será feita em aeronaves Airbus A319 com capacidade para 138 passageiros, Airbus A320 ou Airbus A321.
Os novos voos para São Paulo e Belém começam a operar em 29 de outubro. A rota Manaus-Belém ganhará novo voo aos sábados, com duração média de 2h05 e decolagem de Manaus às 13h05 (hora local) e no sentido contrário às 17h05 (hora local). Aos domingos, permanecerá com a decolagem da capital amazonense às 11h55 (hora local) e de Belém às 15h45 (hora local). O voo é operado no Airbus A321, capaz de transportar até 216 passageiros. A rota Manaus-Guarulhos será ampliada de três para quatro voos diários. O voo tem duração média de 3h55 e é operado em aeronaves Airbus A320, com capacidade para até 176 passageiros, ou Airbus A321.
Mais de 18,4 mil turistas oriundos da capital do Rio de Janeiro desembarcaram no Estado, em 2022. São Paulo (125,9 mil) e Belém (43,6 mil), por outro lado, são os maiores emissores de turistas para o Amazonas. Nos próximos dias, a companhia iniciará as vendas de passagens para os novos voos. Já estão à venda em latam.com e demais canais de venda, as passagens para mais voos na rota Manaus-São Paulo/Guarulhos.
De acordo com o presidente da AmazonasTur, Ian Ribeiro, as rotas aéreas foram ampliadas de modo estratégico. “Trabalhamos para trazer mais turistas para o Amazonas e fazer com que os amazonenses possam conhecer novos destinos. O Rio de Janeiro é a porta de entrada para muitos turistas, sobretudo da Europa para o nosso país. Com este voo do Rio de Janeiro para Manaus, haverá uma facilidade muito maior, captando assim mais turistas que vão deixar muito mais renda aqui no nosso estado”, explicou.
“Voos lotados”
O presidente da ABIH e vice-presidente do Sindhoteis-AM, Roberto Bulbol, considera que o aumento de opções de voos para Manaus é “muito importante” para os segmentos hoteleiro e de turismo, dado o virtual isolamento do Amazonas. “Tratam-se de voos que trazem multidões. Mas, essa frequência vai ter de se tornar diária. Tenho certeza que o governo do Estado, a AmazonasTur e todo o trade vão se unir para que isso aconteça. Já tivemos esses voos antigamente, mas isso parou por causa da pandemia. Agora, temos de manter, pois os impactos serão imediatos”, comemorou.
O dirigente ressalva, no entanto, que ainda há muito o que se fazer na aviação regional para alavancar a atividade. “Temos problemas seríssimos ainda com nossos vizinhos. Porto Velho [RO] e Rio Branco [AC] tiveram os voos para Manaus cancelados. Para chegar aqui, eles precisam fazer escala em Brasília, em uma viagem de sete horas. Boa vista (RR) é outro problema. É um mercado que perdemos”, lamentou. Bulbol acrescenta que as passagens ainda estão caras e que o interior do Amazonas ainda conta com poucos voos comerciais para Manaus, operados basicamente pela Azul, e “sempre lotados”.
“Logística macro”
Os incentivos estaduais também possibilitaram a ampliação das rotas cargueiras da Latam Cargo. As rotas Guarulhos-Manaus (oito voos semanais), Manaus-Guarulhos (sete voos semanais) e Viracopos-Manaus (um voo semanal) sairão de 13 para 16 frequências semanais. No mercado internacional, as frequências semanais da rota Miami-Manaus, dedicada à importação de cargas, serão duplicadas de duas para quatro.
Texto veiculado pela Latam informa que a companhia responde atualmente por 36% do mercado de cargas aéreas de Manaus. Neste ano, já foram mais de 20 mil toneladas de cargas movimentadas pela Latam no Amazonas.
O presidente da Fieam, Antonio Silva, disse à reportagem do Jornal do Commercio que a notícia “foi recebida de forma extremamente positiva pelo setor”. Destacou também que a redução da base de cálculo do ICMS incidente nas operações internas com querosene de aviação é uma política de governo que “vem dando certo”.
“A infraestrutura, é, possivelmente, nosso ponto que maior carece de atenção. Trata-se de uma alternativa mais célere e que possibilita melhor organização logística para as indústrias que atuam na região. Embora mais dispendiosa que outros modais, é uma opção que garante reposição rápida e segura para as indústrias. Tenho convicção de que auxiliará sobremaneira na estrutura logística macro do PIM”, finalizou.
