Em torno de 92,5% dos habitantes do Amazonas com 18 anos ou mais (2,46 milhões) comiam peixe pelo menos uma vez por semana, ao longo do ano passado. O hábito alimentar era menos difundido na capital amazonense, onde a faixa de consumo de pescados foi de 89,3% (1,39 milhão), no mesmo período. Estado e capital, contudo, seguem com os percentuais mais elevados nesse quesito, em todo o país.
Grande parte dos amazonenses, por outro lado, não possui hábito de comer frutas e hortaliças, feijão. Apenas 12,2% (325 mil) dos habitantes do Estado, e 11% (170 mil pessoas) dos moradores da capital tiveram o consumo recomendado dos alimentos, no ano passado. O refrigerante, entretanto, segue popular, em nível local. Os dados estão na PNS (Pesquisa Nacional de Saúde) de 2019, realizada pelo IBGE, em parceria com o Ministério da Saúde.
No texto de divulgação do levantamento, o IBGE-AM observa que os peixes são alimentos ricos em proteínas, vitaminas e minerais e possuem menor conteúdo de gordura quando comparados às carnes vermelhas e aves, sendo excelentes substitutos para as mesmas. Em todo o país, o percentual da população que consumia pescados pelo menos uma vez por semana, em 2019, foi menor do que no Amazonas e em Pará: 46,6%.
O Estado (92,5%) foi a unidade federativa brasileira com maior proporção de pessoas com o hábito de comer peixe, sendo seguido de longe por Amapá (79,7%), Maranhão (77,2%) e Pará (75,8%). Na outra ponta, os menores números estão no Rio Grande do Sul (26,8%), Mato Grosso do Sul (28,5%) e Minas Gerais (29,1%). Em relação às capitais, Manaus (89,3%) foi seguida de perto por São Luís (86,3%), Belém (85%) e Macapá (77,5%). As menores proporções fiaram em Campo Grande (30,4%), Belo Horizonte (37,0%) e Goiânia (37,8%).
Frutas e hortaliças
O texto do IBGE-AM informa que o consumo recomendado de frutas e hortaliças é de 25 vezes por semana, mas foi seguido por apenas 13% dos brasileiros com 18 anos ou mais, no ano passado. No Amazonas, a proporção conseguiu ser ainda menor (12,2% e 325 mil pessoas), situando o Estado em oitavo lugar, em um ranking encabeçado por Distrito Federal (23,8%), Mato Grosso (18,3%) e Espírito Santo (15,7%), enquanto Acre (6,7%), Ceará (8,0%) e Piauí (8%) ficaram no rodapé.
Em relação às capitais, Manaus (11% e 170 mil pessoas) ocupa uma posição ainda pior entre as capitais brasileiras, não passando da 18ª colocação no ranking. O costume de comer hortaliças e frutas é mais difundido em Belo Horizonte (25,3%), Brasília (23,8%) e São Paulo (18,8%). Em contraste, Rio Branco (8,2%), Fortaleza (8,6%) e Boa Vista (9,6%) amargaram as últimas posições.
O IBGE observa também que, tanto no Estado, quanto na capital, o costume de comer hortaliças e frutas é mais comum entre as pessoas que trabalham. No Amazonas, 12,6% (204 mil pessoas) dos trabalhadores ocupados consomem a quantidade recomendada, ao passo que a fatia de amazonenses desocupados que cultivam o mesmo hábito não passa de 5,8% (8.000). Em Manaus, os respectivos percentuais foram mais baixos ainda: 11% (109 mil) e 4,5% (5.000).
Feijão e refrigerante
Situação semelhante se dá no caso do feijão, onde o consumo regular é medido em cinco ou mais dias da semana, segundo o IBGE. No Amazonas, o consumo regular foi referido por 23,7% das pessoas com idade igual ou superior a 18 anos (631 mil), ficando novamente aquém da média brasileira (68,3%) e na última posição, atrás de Amapá (35,1%) e Santa Catarina (42,6%). Em contrapartida, Minas Gerais (83,1%), Rondônia (81,7%) e Paraíba (80,3%) foram as unidades federativas onde o alimento era mais popular.
Manaus (29,5% e 457 mil pessoas), por sua vez, repetiu o feito do Amazonas, ocupando o último lugar do ranking das capitais brasileiras, com Florianópolis (34,5%) e São Luís (36,4%) logo adiante. As capitais com as maiores proporções de consumo de feijão, por outro lado, foram Goiânia (72,8%), Cuiabá (72,6%) e Brasília (72,2%).
Já o refrigerante conta com mais popularidade no Amazonas e em Manaus, ocupando posição intermediária em ambos os casos. O estudo tomou como medida que o consumo regular implica em cinco dias por semana, no mínimo. Esse era o hábito de 9,2% dos brasileiros com 18 anos ou mais, no ano passado, sendo seguido por 9,7% (251 mil) dos amazonenses e 10,9% (169 mil) dos manauenses.
No ranking dos Estados, o Amazonas ficou em nono lugar, com Goiás (15%), São Paulo (13,3%) e Rio de Janeiro (12,1%) liderando no consumo proporcional de refrigerantes, em detrimento de Piauí (3,3%), Maranhão (3,7%) e Bahia (4,5%). Entre as capitais, Manaus ficou ainda mais atrás, ocupando a 12ª colocação. O hábito é mais difundido em Recife (14,6%), Porto Alegre (14,4%) e Campo Grande (14,0%), mas é bem menos popular em São Luís (4,4%), Teresina (5,9%) e Natal (6,3%).
Cultura e oferta
O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, salientou que o “bom hábito” de se comer peixes pelo menos uma vez por semana é um hábito alimentar local que as pesquisas anteriores já haviam aferido, de outra forma. O consumo de pescado, conforme o pesquisador, tem várias influências, mas a cultura e a oferta do produto são os principais.
“Por outro lado, surpreende o percentual de consumo de frutas e hortaliças, muito pelo fato dele ser o maior das regiões Norte e Nordeste. No entanto, o baixo consumo de feijão preocupa, uma vez que esse alimento é básico na cozinha brasileira e, ao mesmo tempo, extremamente útil na alimentação das crianças”, finalizou.