13 de setembro de 2024

Amazonas lidera produção de ovos de galinha e de codorna na região Norte

O Amazonas se mantém como o maior produtor de ovos da região Norte. Dados extraídos da PPM (Pesquisa da Pecuária Municipal) 2022, do IBGE, informam que o Estado produziu 86,33 milhões de dúzias de ovos de galinha em 2022 e obteve expansão de 8,65% ante 2021 – o segundo ano da pandemia. A oferta de ovos de codorna chegou a 753 mil dúzias e avançou 12,72%. Em ambos os casos, foram os melhores números da série histórica, iniciada em 1974. Somadas, as atividades renderam R$ 563,14 milhões, configurando uma escalada de 33,21% em relação ao exercício anterior.

O Estado também renovou liderança no plantel de galinhas e codornas. No ano passado, a soma de galos, frangos, frangas, pintinhos e pintainhas chegou a 3,78 milhões de cabeças, mas a quantidade ficou 0,53% abaixo do recorde de 2021 (3,80 milhões). A oferta se concentrou principalmente em Manaus, Iranduba, Manacapuru, Itacoatiara e Rio Preto da Eva. A criação de codornas (53.378) também apresentou o segundo maior dado da série histórica, com baixa anual de 0,95%. Em termos de valores, os principais produtores, neste caso, foram Manaus, Iranduba, Benjamin Constant, Tabatinga e Tefé.  

O Amazonas foi acompanhado na média nacional na produção de ovos de galinha, que subiu 1,3% e atingiu o recorde de 4,9 bilhões de dúzias. Em paralelo, o efetivo brasileiro de galinhas chegou a 259,45 milhões de cabeças e cresceu 2,39%. O resultado possibilitou ao país ser o segundo maior produtor mundial de carne de frango e o primeiro na exportação do alimento. Em contrapartida, o segmento de codornas amargou tombos na mesma comparação, tanto na produção de ovos (-15,80% e 229,19 milhões de dúzias), quanto em seu plantel (-8,18% e 14,03 milhões de cabeças).

“O ovo, por muitos anos tratado como vilão, hoje é reconhecido como um produto saudável. O preço mais acessível também influencia em uma demanda crescente, levando a recordes sucessivos na produção coletada na pesquisa. Parte destes ovos também são destinados à incubação e viram frangos de corte, atividade que também esteve em expansão em 2022”, assinalou o IBGE, em texto postado no site da Agência de Notícias IBGE.

Dados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína de Animal) indicam que a demanda por ovos acompanhou a oferta. De acordo com a entidade, o consumo nacional per capita de ovos fechou 2022 com 241 unidades. Houve queda de 6% quando comparado com o recorde de 2021, que pontuou a marca de 257 ovos consumidos por cada brasileiro.

Estados e municípios

A criação de produtos de origem animal do Amazonas avançou 33,21% na passagem de 2021 para 2022, de R$ 422,75 milhões para R$ 563,14. Somadas, as produções de ovos de galinha (82,30% do total ou R$ 463,49 milhões) e de codorna (0,33% ou R$ 1,87 milhão) responderam pela maioria esmagadora desses valores. A lista inclui ainda outros itens de relevância para a pecuária amazonense, como leite (17,10% ou R$ 96,29 milhões) e mel de abelha (0,26% ou R$ 1,49 milhão). 

De acordo com a sondagem, o Sudeste (1,95 bilhões de dúzias) respondeu por 39,9% dessa oferta, sendo seguido pelo Sul (23,1% e 1,13 bilhão de dúzias) e pelo Nordeste (19,6% e 958,1 milhões de dúzias). Entre os Estados, os destaques foram São Paulo (1,16 bilhão de dúzias), Paraná (475,4 milhões de dúzias) e Minas Gerais (422 milhões de dúzias). No ranking da região Norte, o Amazonas foi sucedido por Tocantins (52.720 dúzias) e Pará (39.778 dúzias), em ovos de galinha, e por Rondônia (585 mil dúzias) e Roraima (167 mil dúzias), em ovos de codorna. 

Manaus ainda é o principal produtor de ovos de galinha do Amazonas, com 59,10 milhões de dúzias e 68,46% do total, em uma produção vendida a R$ 295,50 milhões. Na sequência estão Iranduba (R$ 76,43 milhões), Manacapuru (R$ 19,05 milhões), Rio Preto da Eva (R$ 9,75 milhões) e Apuí (R$ 6,68 milhões), em um total de 57 municípios produtores. O único a registrar baixa anual entre os cinco citados foi Manacapuru (-44,64%). A capital (R$ 1,06 milhão) e Iranduba (R$ 238 mil) também lideram a produção estadual de ovos de codorna.

O Sudeste respondeu por 35,1% (91,2 milhões) do plantel de galinhas do Brasil, enquanto o Sul (65,4 milhões) ocupou a segunda colocação. Entre os municípios, os destaques foram São Paulo (SP), com 21,2% do total; seguido por Santa Maria de Jetibá (ES), com 13 milhões; Bastos (SP), com 11 milhões; e Primavera do Leste (MT), com 4,3 milhões. O segundo e o terceiro maiores produtores de galinhas da região Norte foram Tocantins (2.770.363) e Pará (22.596.160). Na criação de codornas, as respectivas posições foram ocupadas por Rondônia (30.265) e Roraima (13.600).

No Amazonas, Manaus também concentra o maior rebanho de galinhas (2,38 milhões de cabeças), em uma lista que inclui Iranduba (490 mil), Manacapuru (166.023), Itacoatiara (65 mil), Rio Preto da Eva (62 mil), em um total de 60 municípios amazonense produtores. Apenas Itacoatiara (-13,33%) e Manacapuru (-48,92%) registraram quedas diante de 2021.

Demanda x escala

Em entrevistas anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, enfatizou que os municípios amazonenses que mais se destacam na avicultura gravitam em torno da capital amazonense. Salientou também que o crescimento quase ininterrupto registrado pela atividade nos últimos anos ainda não conseguiu fazer frente à demanda do Amazonas, que ainda se vê obrigado a importar ovos de Estados vizinhos. 

“Aqui, as galinhas são, em sua maioria, poedeiras. A produção de ovos mantém-se em alta há alguns anos, em função da alta demanda regional, em que os municípios e capitais regionais do entorno são abastecidos. Os investimentos de empresários locais têm apresentado bons resultados. Outros Estados da região preferem plantel para abate e importar ovos de outras praças. Os dados mostram que a pandemia não afetou tão fortemente a produção. Já o mercado elevou o consumo”, ponderou.

O presidente da Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas), Muni Lourenço, assinalou que os números positivos apresentados pelo Estado são fruto da dedicação e do “talento empreendedor” de famílias de produtores que se dedicam há gerações na atividade. “Os dados confirmam que a atividade é um segmento consolidado e em permanente crescimento, principalmente graças ao trabalho e investimentos de granjas amazonenses”, reforçou, acrescentando que os resultados da avicultura de postura se devem igualmente à contribuição de produtores da colônia japonesa de Manaus.

O dirigente diz que espera que o segmento se mantenha fortalecido, mas ressalva que os produtores do Amazonas custos de produção maiores do que os dos concorrentes do Sul e do Centro-Oeste do país – que contam com o benefício adicional de uma escala de produção maior. “As perspectivas da avicultura são positivas, mas alguns fatores demandam atenção constante. É o caso do custo de insumos, como milho e soja para ração, que vem de outros Estados. Há também a questão sanitária, de modo a se evitar entrada de doenças [como a gripe aviária]”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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