19 de setembro de 2024

Amazonas registra novo avanço nos rebanhos de grande porte

O Amazonas registrou novo avanço nos rebanhos de grande porte, em 2022, apesar dos impactos da pandemia, da escalada dos preços dos insumos e das mudanças climáticas. A alta para os bubalinos foi de 3,5%, elevando o total para 113.557 cabeças, mantendo o Estado como o quarto maior produtor do Brasil e o primeiro na região Norte. O salto foi ainda maior para efetivo estadual de equinos (+7,72% e 31.614), em contraste com a virtual estabilidade da média nacional (+0,94%). Majoritário na pecuária amazonense, o plantel bovino cresceu 4,15% e chegou a 1,56 milhão de cabeças.

O mesmo não pode ser dito dos rebanhos de médio porte. Suínos (-4,07% e 78.097) e ovinos (-3,79% e 37.385) amargaram quedas, em contraste com o país (+4,33% e +4,72%, respectivamente). A exceção veio dos caprinos (+6,54% e 16.339), que tiveram desempenho superior ao brasileiro (+3,94%). Já a produção de leite quase não saiu do lugar (+0,94%) e estancou em 44,18 milhões de litros, mas manteve o Estado como o quarto maior produtor nortista, em ano de retração para o país. É o que revelam os dados locais da PPM (Pesquisa da Pecuária Municipal), do IBGE.

No Brasil, o valor de produção dos principais produtos pecuários chegou a R$ 116,3 bilhões, com alta de 17,5% sobre 2021. A produção de leite reduziu sua participação, mas ainda concentrou 68,8% dessa soma. Com alta de 4,3%, o rebanho bovino brasileiro (234,4 milhões) cresceu pelo quarto ano consecutivo e renovou o recorde da série histórica, iniciada em 1974. Mato Grosso (34,2 milhões) manteve a liderança, com 14,6% do plantel nacional, sendo seguido pelo Pará (10,6%) –que ultrapassou Goiás (10,4%). 

Bovinos e bubalinos

O Norte (66,6 milhões) ocupa a segunda posição do ranking de rebanho bovino, com 25,9% de participação e atrás apenas do Centro-Oeste (32,9% e 77,2 milhões). O destaque é o Pará (24,79 milhões), que emplacou novamente São Félix do Xingu (2,5 milhões) no topo do ranking municipal. Embora tenha crescido acima da média nacional, o Amazonas caiu do quinto para o sexto lugar e ficou à frente apenas do Amapá (53.691). Seu plantel está concentrado no Sul do Estado –Lábrea (329.800), Boca do Acre (237.500), Apuí (190.000) e Manicoré (134.500), todos com altas anuais.

Com 1.088.593 cabeças de bubalinos, a região Norte liderou o quantitativo de cabeças de bubalinos, segmento da pecuária onde o Amazonas é destaque. Ficou atrás somente do Pará (644.672) e Amapá (312.355), na mesma colocação alcançada em 2021. A produção vem principalmente de Autazes (45.572), Itacoatiara (17.884) e Careiro da Várzea (11.227). 

O maior efetivo de equinos foi registrado novamente na região Nordeste (1.343.865), sendo que o Norte (1.051.485) ocupa a terceira posição. Embora tenha saído da estagnação, o rebanho equino do Amazonas (31.614) ficou na penúltima colocação entre as unidades federativas nortistas, tendo seu maior plantel em Boca do Acre (6,766).

Números piores vieram do gado de médio porte, principalmente no caso dos suínos (78.097), cuja queda levou o rebanho amazonense à última posição regional –cujo ranking também foi encabeçado pelo Pará (699.341). Os efetivos de ovinos também amargaram queda e posicionaram o Amazonas (37.385) como apenas o quinto maior do Norte. O Estado se saiu melhor no rebanho de caprinos (16.339), que é o segundo maior da região, perdendo apenas para o do Pará (66.191).

Produção leiteira

No ano passado, o Amazonas ordenhou 90.915 vacas, gerando uma produção de leiteira de 44,18 milhões, 0,94% a mais do que em 2021. Em termos de valor de produção, houve um crescimento mais robusto, na ordem de 27,29%, elevando a cifra para R$ 96,29 milhões. A diferença se deve ao aumento de preço médio pago ao produtor por litro, que ficou 19,7% mais caro, no mesmo período. A oferta amazonense de leite veio principalmente de Autazes (13 milhões de litros e R$ 31,2 milhões), Careiro da Várzea (9 milhões de litros e R$ 16,2 milhões) e Apuí (4,96 milhões e R$ 9,2 milhões).

Essa diferença de preço, aliada à alta dos custos de produção e a redução das margens dos produtores rurais contribuiu para uma redução de 1,6% na produção leiteira do Brasil (34,6 bilhões de litros). O país é o 6º maior produtor mundial de leite e tem o terceiro maior efetivo de vacas ordenhadas, mas esse número vem apresentando redução, desde 2010. 

O maior produtor estadual foi Minas Gerais (9,4 bilhões de litros). Entre os municípios, a liderança ficou em Castro (PR), com 426,6 mil litros. A região Norte (1,76 milhões litros) foi apenas a quinta maior do país e seu melhor número veio de Rondônia (655.790 litros).

Saída pelas exportações

Em texto postado no site da Agência de Notícias IBGE, a analista da pesquisa, Mariana Oliveira, assinala que a produção brasileira de bovinos vem aumentando, desde 2019, devido aos “bons preços” da arroba e do bezerro vivo. “Houve um processo de retenção de fêmeas para reprodução, devido aos preços mais atrativos. Ainda temos em 2022, uma consequência desse comportamento iniciado no final de 2019. Mas a expectativa é de que a alta dos preços tenha se encerrado em 2022, quando observamos, também, aumento no abate de fêmeas”, analisou.

De acordo com a pesquisadora, com a demanda interna enfraquecida pela perda de compra da população, em razão de uma inflação que ainda escalava, as vendas externas de carne bovina in natura foram a alternativa encontrada pelos produtores pecuários para escoar boa parte da produção do período. Em relação a 2021 houve avanço de 27,6% em volume, e de 48,2%, em faturamento. “As exportações atingiram um recorde e a China consolidou-se como importante mercado para as carnes, seja ela de frangos, suínos ou bovinos”, apontou.

“Livre de aftosa”

Em entrevistas recentes à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente da Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas), Muni Lourenço, assinala que a pecuária leiteira do Amazonas vem se beneficiando da ampliação de investimentos, o que contribuiu para incremento de produtividade e melhoramento genético do rebanho. E acrescenta que a produção seguiu o contexto nacional, impactado pela importação de leite com preços subsidiados. 

“Os dados confirmam também um aquecimento da pecuária bovina de corte, principalmente em razão da área do Sul do Estado já estar com uma classificação livre de aftosa sem vacinação, o que valoriza a cadeia produtiva. Para os próximos meses, esse desempenho deve vir abaixo do primeiro, em virtude da queda significativa do valor da arroba do boi. A isso, soma-se o período de forte estiagem, que compromete a oferta de pastagem”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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