6 de setembro de 2024

Apesar de sobressaltos, balança comercial registra superávit

Realmente, parece que a economia brasileira caminha positivamente, segundo dados oficiais. O encarecimento do preço de vários itens importados, especialmente fertilizantes e petróleo, fez o superávit da balança comercial encolher em julho. No mês passado, o País exportou US$ 5,444 bilhões a mais do que importou, queda de 22,7% em relação ao registrado no mesmo mês de 2012.

Nos sete primeiros meses do ano, a balança comercial acumula superávit de US$ 39,751 bilhões. Isso representa 10,4% a menos que o registrado de janeiro a julho do ano passado. Apesar do recuo, o saldo é o segundo melhor da história para o período, perdendo apenas para os sete primeiros meses de 2021, quando o superávit tinha fechado em US$ 44,38 bilhões

No mês passado, o Brasil vendeu US$ 29,955 bilhões para o exterior e comprou US$ 24,511 bilhões. Tanto as importações como as exportações bateram recorde em julho, desde o início da série histórica, em 1989. As exportações subiram 20% em relação a julho do ano passado, pelo critério da média diária. As importações, no entanto, aumentaram em ritmo maior: 31,6% na mesma comparação.

O recorde das importações e das exportações, no entanto, deve-se ao aumento dos preços internacionais das mercadorias. No mês passado, o volume de mercadorias exportadas subiu em média apenas 4,7% na comparação com julho do ano passado, enquanto os preços aumentaram 12,2%, favorecidos pela valorização das commodities (bens primários com cotação internacional).

Nas importações, a quantidade comprada subiu 8,7%, mas os preços médios subiram 41,6%. A alta dos preços foi puxada principalmente por adubos, fertilizantes, petróleo, carvão e trigo, itens que ficaram mais caros após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia.

No setor agropecuário, o aumento nos preços internacionais pesou mais nas exportações. O volume de mercadorias embarcadas caiu 2,6% em julho na comparação com o mesmo mês de 2021, enquanto o preço médio subiu 38%. Na indústria de transformação, a quantidade subiu 8,3%, com o preço médio aumentando 18,2%.

Na indústria extrativa, que engloba a exportação de minérios e de petróleo, a quantidade exportada subiu 4,8%, enquanto os preços médios recuaram 13,9% em relação a julho do ano passado. Embora o preço médio do petróleo bruto tenha subido 41,2% nessa comparação, o preço do minério de ferro caiu 43,5%, puxado pelos lockdowns na China, que reduzem a demanda internacional.

Os produtos com maior destaque nas exportações agropecuárias foram milho não moído (+201,7%), café não torrado (+84,4%) e soja (+23,8%). Esse crescimento deve-se principalmente aos preços. O destaque negativo foi o algodão, cujas exportações caíram 50,6% de julho do ano passado a julho deste ano por causa da antecipação de embarques no início do ano.

Na indústria extrativa, os maiores crescimentos foram registrados nas exportações de óleos minerais brutos (+92,8%), petróleo bruto (+77,5%) e minério de níquel (+53,2%). Na indústria de transformação, os maiores crescimentos ocorreram nos combustíveis (+103,1%), açúcares e melaços (+44,6%) e carne bovina refrigerada ou congelada (+27,4%).

Perfil

Prefeito vê ‘governo de burros’

O prefeito David Almeida (Avante) voltou a criticar Bolsonaro pela redução em 35% da alíquota do IPI, extremamente prejudicial às empresas instaladas na ZFM. A nova ofensiva tenta burlar juridicamente a liminar do ministro Alexandre de Morares, do STF, favorável ao Amazonas, isentando o Estado do decreto presidencial. Para o prefeito, o Brasil está sendo comandado por um “governo de burros”, insensível a um modelo de desenvolvimento essencial para a sobrevivência econômica da região.

carnaval
João Viana

Ele criticou também eventuais apoiadores do presidente. “Ele (Bolsonaro) libera a licença ambiental da BR-319 e depois mexe com o IPI. E tem muita gente burra ao lado dele”, protestou, indignado. Ontem, parlamentares da bancada amazonense em Brasília informaram que vão recorrer à justiça para tentar derrubar o novo decreto presidencial. Porém, o governo federal garante que ajustes feitos no projeto anterior mantêm as prerrogativas dos benefícios fiscais na Zona Franca. Algo ainda duvidoso.

Apoio

Almeida disse também que não apoiará Bolsonaro na campanha pela reeleição, apesar de o governado Wilson Lima (UB) ser um aliado do presidente. E ressaltou que tampouco dará apoio a Lula, mesmo com o presidente do Avante, partido ao qual é filiado, fechar com a candidatura do líder petista. “Não voto no Lula e nem vou apoiar Bolsonaro”, afirmou. O prefeito ratificou sua independência política. “Tenho autonomia para decidir para onde eu vou”. É isso que se espera de um gestor público.

Repercussão

O novo decreto que fere mortalmente a ZFM repercute entre os vereadores e deputados estaduais. O assunto irá entrar em pauta na volta do recesso de meio de ano. Ontem, o presidente da Câmara, David Reis (Avante), aliado do prefeito David Almeida, não foi visto na retomada dos trabalhos. Os parlamentares estão definindo ações para reforçar a mobilização da bancada federal contra a nova ofensiva do Planalto que reduziu o IPI. E o Amazonas tem tudo para vencer mais essa batalha.

Censo

Mais de 1 milhão de endereços no Amazonas serão visitados durante o censo demográfico que teve início ontem no Brasil. O primeiro a ser entrevistado foi Bolsonaro. Nos próximos três meses, os recenseadores visitarão 89 milhões de domicílios. E a estimativa é de que sejam contabilizadas 4,1 milhão de pessoas no Estado, 600 mil a mais que em 2010, segundo o IBGE. Os novos dados vão mapear a situação da população brasileira em vários aspectos. Com certeza, muita coisa mudou.

Debilitado?

Adversários não hesitam em questionar a saúde de Amazonino Mendes, que concorrerá ao governo do Amazonas tendo como vice Humberto Michiles. Não faltam memes nas redes sociais para ironizar a ‘cobiça’ do ex-governador em tentar se manter no poder, mesmo sem condições físicas para isso, segundo desafetos. Por várias vezes, o velho cacique saiu na contraofensiva, dizendo que está muito lúcido e sóbrio para promover mudanças essenciais ao Amazonas. É hora de deixar o homem trabalhar.

Palanque

A esquerda já está montando o palanque para receber Lula, que deve visitar Manaus por duas vezes ainda este ano. Aliado de Eduardo Braga (MDB-AM), o PT define estratégias para angariar votos ao ex-presidente em um reduto que, em tese, é mais favorável a Bolsonaro, apesar dos decretos presidenciais contra a ZFM. O líder petista já referendou o seu apoio a Braga, que detém o terceiro lugar na preferência do eleitorado, atrás de Amazonino e Wilson Lima. Muitas expectativas pela frente.

Palanque 2

O PL também não perde tempo. Maior articulador da campanha de Bolsonaro no Amazonas, o coronel Alfredo Menezes já definiu as duas viagens que o presidente fará este ano a Manaus, em plena campanha. Recentemente, ele esteve no gabinete presidencial em Brasília para definir as ações. Mesmo com os decretos desfavoráveis ao Amazonas, o chefe da nação ainda teria muitos votos, levando ligeira superioridade em relação a Lula na preferência do eleitorado amazonense. É esperar para ver.

Urnas

O presidente do TSE, Edson Fachin, mandou ontem mais um recado aos que questionam a lisura do processo eleitoral. Segundo ele, desqualificar a segurança das urnas tem como objetivo tirar dos brasileiros a certeza de que seu voto é válido e sua vontade foi respeitada. Ele fez as declarações sem citar nomes, mas provavelmente elas foram endereçadas a Bolsonaro, na esteira da pendenga sobre supostos ataques às eleições durante encontro com embaixadores. O episódio ainda está rendendo.

Rastreadores

Triste constatação. A violência está descontrolada em Manaus. Hoje, a população recorre mais a serviços de rastreadores para localização de veículos roubados. Além disso, poucos ainda se encorajam a andar nas ruas em certos horários, principalmente à noite, período em que as possibilidades de assaltos aumentam consideravelmente. Ônibus são constantemente assaltados, causando prejuízos a empresas e usuários do transporte público na cidade. Já é um fato. Estamos à mercê e reféns de criminosos.

FRASES

“Ele está tirando emprego da gente”.

David Almeida (Avante), prefeito, sobre decretos de Bolsonaro reduzindo o IPI.

Quem vocifera, não aceita resultado diverso da vitória”.

Edson Fachin, presidente do TSE, questionando ataques à lisura das eleições.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.

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