4 de outubro de 2024

Após recorde de vazante, rio Negro deve continuar secando por ao menos duas semanas, aponta pesquisadora do SGB

A profundidade do rio Negro atingiu 12,66 metros nesta sexta-feira (04/10) ultrapassando o recorde anterior, registrado em 2023, de 12,70 m, no dia 27 de outubro, portanto, um mês antes.

O rio Negro, em Manaus, que registrou a menor cota dos últimos 122 anos, vai diminuir o ritmo de vazante nos próximos dias mas vai continuar em recessão por por ao menos duas semanas, segundo pesquisadora em geociência do Serviço Geológico do Brasil (SGB) Jussara Curi.

A profundidade do rio Negro atingiu 12,66 metros nesta sexta-feira (04) ultrapassando o recorde anterior, registrado em 2023, de 12,70 m, no dia 27 de outubro, portanto, um mês antes.

Jussara Curi disse que para que o rio Negro em Manaus volte a encher é preciso que outros rios como o Solimões, em Tabatinga, retomem o período de cheia. Ele disse que começou a chover em Tabatinga (a 1.117 quilômetros a oeste de Manaus), mas o volume ainda é insuficiente.

A pesquisadora disse que para ocorrer a mudança de cenário é preciso que chova acima de 30 milímetros (mm) nas cabeceiras dos grandes rios, o que deve ocorrer somente a partir da segunda quinzena de outubro. “Em Manaus, a gente tem uma cota hoje superada e ainda não temos uma tendência de subida”, informou.

Jussara atribui as extremas vazantes de 2023 e 2024 aos efeitos do fenômeno El Niño, que causa estiagens prolongadas em várias regiões da Terra.

A 8ª edição do boletim Painel El Niño 2023-2024, produzido pela Agência Nacional de Águas (Ana) em parceria com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenda), informou que a maioria dos modelos climáticos apontava para a condição de neutralidade da temperatura da superfície do Oceano Pacífico e, com isso, o El Niño deixou de ser registrado em junho de 2024 pela primeira vez desde junho de 2023.

O El Niño é um fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento da superfície do Oceano Pacífico e alteração nos padrões de circulação atmosférica em todo o planeta, o que também produz efeitos no clima em todas as regiões do País. Ao contrário do El Niño, o La Niña é um fenômeno que consiste no resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico e é responsável tanto por chuvas fortes no Norte e Nordeste do Brasil quanto por secas no Sul.

No período de influência do El Niño, entre junho de 2023 e abril de 2024, o Monitor de Secas mostrou a mudança da situação de seca em todo o País. No Norte, as áreas com seca aumentaram e a gravidade da seca passou de fraca a extrema em algumas regiões, enquanto no Sul as áreas com seca moderada a extrema desapareceram gradualmente. Na região Nordeste ocorreram áreas com seca grave, que retrocederam a partir de março deste ano.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.

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