13 de setembro de 2024

Arte e cultura do rio Negro

O turismo deve sempre andar de mãos dadas com a cultura e a arte, por isso, o empresário paulista Ruy Carlos Tone, que há mais de dez anos investe no turismo em Novo Airão, abriu a Jirau Galeria de Arte e Café, em agosto passado. Em 2010 Ruy mandou construir o barco ‘Jacaré Açu’, para realizar passeios turísticos na região; em 2013 lançou sobre as águas do Negro o flutuante Flor do Luar; e, em 2014, inaugurou o hotel ecológico Mirante do Gavião. Desde 2020 ele preside a Fundação Almerinda Malaquias, que produz uma variada linha de objetos de madeira.

Apesar de nova, a Jirau já faz sucesso entre a população da cidade, mas principalmente com os turistas devido a privilegiada localização com vista para o rio Negro, e o arquipélago de Anavilhanas, ao fundo.

“Aqui funcionava um hangar. Ele foi aberto em 2015, mas fechou logo no ano seguinte. Desde então estava sem nada. O Ruy resolveu aproveitar a estrutura para abrir a galeria”, contou a artesã Alessandra da Silva Andrade, de Manaus, mas morando em Novo Airão há sete anos. Alessandra está administrando o espaço.

“Somos um misto de loja, galeria e café. Os clientes vêm para cá e aproveitam para desfrutar desse belo visual do rio, aqui do alto da encosta, enquanto saboreiam um café com doces e salgados”, informou.

Chama a atenção, logo de cara, no centro da Jirau, um autêntico ‘esqueleto’ de uma embarcação. Novo Airão foi um gigantesco pólo naval de embarcações de madeira durante décadas. Até hoje, trabalhando com madeiras certificadas, existem alguns estaleiros no município. O ‘esqueleto’ agora serve de mostruário para as peças da galeria.

Produtos amazônicos

As peças expostas na galeria são produzidas por artesãos e artesãs, moradores da floresta, indígenas e empresas.

Vanda Witoto, líder indígena do povo Witoto, figura de destaque na defesa de povos indígenas, expõe os vestidos que produz; a artesã Flor Silva transforma elementos que seriam descartados em biojoias como adornos, colares, pulseiras, brincos e diversos outros acessórios; já o fotógrafo Cleber Alexandre, de imagens da Amazônia faz surgir obras de arte para decoração de ambientes. O artesão Márcio Almeida, com a marca Goodstrap, elabora manualmente bolsas, acessórios de couro e outros materiais.

Da Reserva Extrativista do Rio Unini chegam castanhas. Criada em 2006, a Resex promove o uso sustentável dos recursos naturais e mantém o modo de vida e a cultura dos moradores da área. Foi a primeira Resex do rio Negro.

Da AARJ (Associação de Artesãos do Rio Jauaperi) vem cestos de cipó, chapéus e peças de madeira. A AARJ foi fundada em 2004 por um grupo de artesãos e artesãs. Seus artesanatos são feitos a partir de troncos de madeira derrubados por madeireiros, ou pela própria natureza.

Os tariana, habitantes do médio e alto rio Uaupés, no alto rio Negro, produzem bolsas de tucum; enquanto os apurinã, moradores do Purus, criam acessórios a partir das sementes do tucumã.

Já as empresas, que expõem seus produtos na galeria são a Simbiose: cosméticos à base de óleos como andiroba, copaíba e pracaxi; o Café Apuí, primeiro café robusta, 100% orgânico, cultivado no modelo agroflorestal, na Amazônia; o chocolate orgânico Warabu, produzido com cacau amazônico; a Fish Maria, com molho de pimenta, pimenta em pó, geleias, farofas, farinha de tapioca, mel de tucupi e tucupi temperado, produtos elaborados com insumos amazônicos.

A Jirau Galeria de Arte e Café abre diariamente (menos terças-feiras), das 11h às 18h. Informações: 9 8424-2087, Instagram: @jiraugaleria

Anavilhanas e Jaú   

Para quem gosta de festa no interior, já pode agendar a 24ª edição do Ecofestival do Peixe-boi, que acontecerá do dia 27 ao dia 29, de sexta-feira a domingo, de outubro, no platô do futuro Centro Cultural de Novo Airão.

O lançamento do Ecofestival aconteceu no recente 8 de setembro quando as agremiações de Jaú (homenagem ao Parque Nacional do Jaú) e Anavilhanas (homenagem à Estação Ecológica de Anavilhanas), emergindo da Lagoa do Peixe-boi, revelaram algumas das cores, coreografias e gêneses ecológicas que irão apresentar nas três noites do evento. O Jaú irá desenvolver o tema ‘Jaú, Taíra Y’i, o legado do rio Negro’; enquanto o tema do Anavilhanas será ‘Anavilhanas, mistério de um Negro corrente’.

As atrações nacionais do Ecofestival serão os cantores Tarcísio do Acordeon, Zé Vaqueiro e Marília Tavares. Na programação ainda ocorrerão as segundas edições da Feira de Agronegócios e Feira de Artesanato Indígena, e o Festival de Verão.

Cada uma das agremiações, além de exaltar as duas maiores reservas ecológicas do município de Novo Airão, representa uma das variedades do peixe-boi: o tucuxi e o vermelho.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio

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