Durante a pandemia provocada pelo coronavírus, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 700 mil pessoas ficaram desempregadas somente nas duas primeiras semanas de junho. Mas crises geram oportunidades. Ainda de acordo com o IBGE, entre 7 de março e 4 de julho, o Portal do Empreendedor registrou 551.153 novos microempreendedores no país, 16.788 a mais do que no mesmo período de 2019. Estes microempreendedores, por sua vez, para marcar a sua marca, precisaram dos serviços dos designers que, através da criação de uma identidade visual buscaram transformar estas microempresas em, no futuro, grandes empresas. Não por acaso o Design é um segmento em constante crescimento. Há boas oportunidades de trabalho em diferentes tipos de empresas ou mesmo como freelancer.
Em Manaus, durante a quarentena e o isolamento social, os alunos do curso de Design da Faculdade Martha Falcão, idealizaram, e produziram gratuitamente, manuais de identidade visual para artesãos.
“A identidade visual é composta não só por elementos como letras, cores e símbolos, mas também por uma série de direcionamentos que permitem criar uma personalidade coesa para uma empresa. A ideia é chegar a um manual que possa padronizar toda a sua comunicação”, explicou a professora Sara Batista, quem viabilizou colocar os alunos em contato com possíveis clientes.
Um bom design de identidade visual é aquele que traz não só soluções estéticas e agradáveis ao público-alvo, mas também propõe escolhas práticas e alinhadas com as possibilidades e desejos de crescimento de uma empresa. O visual bonito e interessante tem o poder de atrair a atenção dos consumidores, que se identificam com essa personalidade e lembrar da empresa com mais facilidade.
Briefing e Brainstorm
A pesquisa ‘Transformação Digital nas MPE’, divulgada pelo Sebrae antes da pandemia, apontou que a proporção de empresas com páginas na internet mais do que dobrou nos últimos três anos e mais de 70% dos micro e pequenos empresários utilizam o WhatsApp para se comunicar com os clientes. No contexto em que praticamente todos os produtos e serviços passaram a depender dos meios digitais para sobreviver, a marca do negócio tornou-se essencial para se destacar em meio aos concorrentes.
“Como os alunos não teriam como procurar os clientes por conta da quarentena, eu falei com os professores e amigos pedindo indicação de pequenos negócios que ainda não tivessem identidade visual. Falei com os contatos, expliquei como se daria o projeto e aqueles que aceitaram participar tiveram os nomes sorteados para as equipes da turma. Daí em diante, os próprios alunos mantiveram contato com artesãos”, revelou Sara.
Existem etapas e técnicas muito conhecidas, que facilitaram o desenvolvimento dos projetos de cada artesão, como é o caso do briefing, que estabelece os parâmetros de estilo e posicionamento que a empresa busca transmitir; e o brainstorm, quando diversas possibilidades de ideias são investigadas.
“Entretanto, o fator mais importante ainda é pensar e investigar a fundo o público-alvo, descobrindo seus gostos, preferências e expectativas”, ensinou.
O principal volume de trabalho de um designer se concentra na tipografia, ou escolha das letras, na definição das cores e no desenho do símbolo, a logomarca da empresa. Depois que tudo isso é definido e aprovado, são realizadas diversas aplicações, como fachadas, uniformes, cartões de visita, outdoors, papelaria, sacolas, sinalização e redes sociais, entre outros.
“Mas o designer também pode atuar em diversas outras áreas, como diagramação de livros e revistas, animação, desenvolvimento de sites e aplicativos. É comum também esse profissional até auxiliar na escolha de aromas de ambiente e assinaturas sonoras”, informou.
Nakau e Bemol
“Dizemos que o que torna a marca de fato marcante é a qualidade da ideia e a massificação. A qualidade da ideia deve levar a uma solução visual que não é comum e expresse com clareza o posicionamento da empresa. Já a massificação trata de tornar essa solução visual conhecida, espalhando-a no maior número possível de meios de comunicação e aplicações”, disse.
Ao final do trabalho, os alunos entregaram o manual de identidade visual para os clientes em um documento detalhado explicando os conceitos adotados e estilos que inspiraram o design da logo, com as diretrizes para uso.
“Tivemos algumas propostas aprovadas e duas não aprovadas, o que foi bem interessante para os alunos terem essa experiência mais real”, lembrou.
Aproveitando sua experiência na arte de criar identidades visuais, Sara Batista aproveitou para revelar quais empresas locais possuem belos e atraentes designs em suas marcas.
“Em Manaus nós temos muitos casos de identidades visuais legais, que servem até de base de estudo nas nossas aulas, mas eu destacaria os chocolates Nakau, por unir o tradicional e a modernidade nos projetos; e o trabalho contínuo, e sempre atualizado, da Bemol”, destacou.