Dia 8 é o Dia do Fotógrafo Brasileiro. Em 8 de janeiro de 1840 chegou ao Brasil a primeira câmera fotográfica, uma Daguerreótipo, apresentada ao mundo cinco meses antes, em Paris. A máquina foi apresentada ao imperador D. Pedro II, que se apaixonou pelo ‘brinquedo’ e se tornou o primeiro fotógrafo brasileiro. Nesses 180 anos as câmeras fotográficas só evoluíram e há poucos, de posse de um celular, bilhões de pessoas no mundo se tornaram fotógrafas.
“Mas sempre haverá a diferença de quem apenas clica um botão e o profissional. Permaneceremos profissionais quer seja fazendo uso de um lambe-lambe, uma Hasselblad e/ou de um celular. Desde o nascimento da fotografia, o receio pelo novo traz à tona perguntas como: ‘Seria o fim da pintura e do pintor retratista?’. ‘Com o advento do aparato digital, veríamos o fim da fotografia?’; e mais, sem a revelação fotográfica e a difusão sem precedentes das imagens digitais, ‘já não haveria fotografia e muito menos o fotógrafo?’. Essa pós-fotografia, a da era da reprodutibilidade digital, segue produzindo com a intermediação de um olhar (o fotógrafo) e de um aparelho (a câmera)”, falou a fotógrafa Sara Rangel.
Sara se especializou em fotografar alimentos, aquelas fotos que dão água na boca só em olhar a imagem.
“Havia muitos desses registros afetivos e documentais em meu baú de imagens. Escolher pelo alimento foi a conjunção de oportunidade e trabalho. Hoje dedico boa parte de meu tempo com a fotografia publicitária para a indústria de alimentos e o mercado varejista de alimentos. Fotografo o agricultor, a terra, o fruto, o beneficiamento deste produto, o processo de produção, a equipe de cozinha, o empratamento, o restaurante, as pessoas neste restaurante. Uma hora posso estar no interior, fotografando o campo, a colheita; outra, estar fotografando um drink em um cantinho do bistrô”, revelou.
Mercado promissor
De acordo com Sara, a busca pela fotografia perfeita sempre existirá. A perfeição de uma foto, segundo ela, se consegue com um pouco de técnica, um tanto de percepção, de olhar, de sentir.
“Apesar de boa parte da técnica ter sido ‘mastigada’ pelos aplicativos de produção de imagem em filtros e linhas guias, nenhuma inteligência artificial, ainda, consegue determinar os sentidos que se formam entre o tempo e a memória que um assunto gera desde a escolha do fotógrafo por aquele ângulo único ou assunto, até a visualização daquela imagem por um espectador”, explicou. “Quando uma fotografia te coloca neste espaço de reumanizar algo perdido em nossa humanidade, ela é perfeita”, resumiu.
Atualmente Sara se dedica a outra vertente da fotografia, ainda nova, em Manaus: a produção de fotografias como peças de decoração, vertente da fine art.
O mercado da fotografia fine art é promissor e tem garantido, além da exclusividade da peça ou de tiragens limitadas a poucos exemplares, um processo fotográfico extremamente criterioso que nasce do registro, ou mesmo da concepção e estudo por determinado tema, à impressão da fotografia em papéis e tintas especiais com baixa acidez, por exemplo. Para garantir a qualidade da obra final, o fotógrafo fine art é autor da concepção à materialização da imagem impressa, sobre os mais diversos temas.
“Manaus possui um mercado promissor para a fotografia fine art. A Galeria de Artes do Icbeu, organizada por Ruth Mary e presidida por Luis Fabian Barbosa, tem um belíssimo acervo de fotografias em sua exposição permanente e ainda promove temporadas temáticas. A Fastframe, da arquiteta Adriana Verão, é uma empresa comprometida com curadoria junto a fotógrafos, jovens ou experientes, que queiram dialogar sobre imagens, decoração e emolduramento. Pioneira no fechamento de arquivos e impressão fine art, a Fazz Art também exerce um importante papel no mercado amazonense”, informou.
Fine art numa crescente
E qualquer motivo pode ser explorado numa foto fine art, seguindo a vontade do contratante, com o fotógrafo dando sugestões. As temáticas vão das texturas, nuances de cores de um banzeiro, pôr do sol, até às curvas de uma construção abandonada na cidade, árvores frondosas, espelho d’água em rio calmo, mar aberto, barcos, redes ou mesmo flores em macro, tudo pode ser apropriado por designers de interiores, arquitetos e admiradores das fotografias em espaços de convivência ou passagem, como hall de entrada, salas de estar e de jantar, corredores, quartos e suas cabeceiras, e até banheiros.
“Os fotógrafos precisam dispor de um acervo de imagens para a curadoria do cliente. Muitas dessas imagens foram ‘desenhadas’ em viagens e interesses que permeiam nossa vida de fotógrafos-artistas, porém, se houver o desejo de se produzir algo que ainda está no plano das ideias do cliente e/ou do fotógrafo, é possível que o resultado seja ainda mais interessante por materializar algo que conjuga o olhar e a sensibilidade do fotógrafo com aquela imagem idealizada pelo cliente ou curador”, ensinou.
“Já temos trabalhos com um reconhecimento muito bom no mercado de fine art local como os de Gisele Alfaia, Zamith, Bruno Zanardo, entre outros. Estamos em uma crescente. Cada vez mais arquitetos e apreciadores buscam por fotógrafos e seus catálogos fine art”, finalizou.