Ex-presidente da CPI da Saúde que investigou as ações do governo do Amazonas para o enfrentamento à pandemia no Estado, o deputado estadual Delegado Péricles (PSL) disse que já tramita na Assembleia Legislativa uma proposta de sua autoria para a instalação de uma nova comissão de inquérito no Estado.
Segundo o parlamentar, é necessário que pelo menos um terço dos deputados estaduais manifestem apoio à sua iniciativa para a instalação de uma nova CPI da Saúde no Legislativo.
“Até agora, conseguimos apenas quatro assinaturas, mas são necessárias oito para viabilizar o novo colegiado”, anunciou ele, nessa quarta-feira (30), durante entrevista à live ‘JC às 15’, do Jornal do Commercio.
O deputado Delegado Péricles disse que será um dos próximos convocados para depor na CPI da Pandemia no Senado. Sua convocação já foi aprovada, mas até ontem não havia sido definida ainda a data para o seu comparecimento.
Péricles disse estar preparado para suportar a pressão dos senadores na CPI da Pandemia que, segundo ele, faz uma narrativa distorcida dos fatos sobre a maior crise sanitária no País. “Na realidade, vem servindo como palanque a muitos políticos que estão de olho nas próximas eleições”, avalia o parlamentar.
A proposta de uma nova CPI da Saúde para investigar o governo do Amazonas começou a ganhar mais importância e visibilidade após a lavagem de ‘roupa suja’ observada durante o depoimento do deputado estadual Fausto Vieira dos Santos Junior (MDB) no Senado, na terça-feira (29).
Fausto Junior e o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Pandemia, trocaram farpas e acusações que salpicaram até no senador Eduardo Braga (MDB-AM), envolvendo a questão do pagamento de verbas indenizatórias.
Ontem, um dia após o depoimento de Fausto Junior na CPI da Pandemia, o assunto caiu com uma bomba na Assembleia Legislativa. Houve grande repercussão. Deputados elogiaram a performance do colega, mas houve senso comum de que ele foi inseguro, cometeu erro, sobre a questão de a CPI estadual não determinar no relatório final o indiciamento do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), junto com outros 17 suspeitos de envolvimento em fraudes sobre desvios de verbas destinadas para a saúde no Estado. E ainda sobre o superfaturamento na compra de ventiladores, um esquema que movimentou milhões reais durante a crise sanitária no Estado.
O relatório final da investigação da CPI que durou 120 dias foi encaminhado à PF (Polícia Federal), ao Ministério Público e à PGR (Procuradoria Geral da República), disse Péricles. O deputado atribui o equívoco de Fausto Junior à pressão exercida pelos senadores durante o depoimento na CPI da Pandemia.
“A atribuição de uma comissão parlamentar de inquérito é só investigar, reunir os fatos. A responsabilização com posterior punição cabe à PGR e a órgãos oficiais com essa função”, afirmou Péricles, justificando o posicionamento do colega que foi relator da CPI da Saúde estadual.
Ainda segundo o Delegado Péricles, já existe uma denúncia da PGR contra o governador Wilson Lima e os 17 suspeitos de corrupção na aplicação das verbas destinadas para o combate à pandemia no Amazonas. “Todas essas ações estão sendo feitas com base no relatório final apresentado pela comissão estadual”, acrescentou ele.
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