A situação de terror que reina nos mercados causado pela crise no setor imobiliários dos Estados Unidos, fez ontem o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) derreter até 9% no período da manhã e o dólar disparar acima de R$ 2. Mesmo assim, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central deverá reduzir os juros, hoje em 11,5% ao ano, em 0,25 ponto porcentual na reunião de setembro. O real deverá também se valorizar em relação ao dólar até o fim do ano, em decorrência dos fundamentos da economia brasileira. Essas são as expectativas de alguns economistas entrevistados pela Agência Estado.
Diferentemente das crises de 1998 e 2002, quando o Copom interrompeu o ciclo de cortes da Selic e passou a elevá-la em outubro daquele ano (de 18% para 21%), atingindo 26,50% em fevereiro de 2003, o estrategista-chefe do BNP Paribas no Brasil Alexandre Lintz, acredita que a redução da Selic será mantida, mas terá uma desaceleração. “O BC deve agir agora da mesma forma com que atuou durante a turbulência de maio do ano passado”, comparou.
Na ocasião, apesar da volatilidade, os diretores do BC mantiveram o ritmo de corte da Selic em 0,50 ponto porcentual no dia 31, com a taxa cedendo de 15,75% para 15,25% ao ano. “Mas quem achar que o BC vai puxar os juros por causa desta crise, vai quebrar a cara”, afirmou.
Sua aposta agora é em queda de 0,25 ponto porcentual. Isso mas em função de fatores domésticos que pela turbulência internacional. Para ele, os diretores do BC prezam muito a capacidade do mercado de prever seus próximos passos. “E o mercado futuro já coloca hoje uma probabilidade de estabilidade de cortes no futuro”, disse.
O economista da equipe de América Latina do Morgan Stanley, Marcelo Carvalho, também aposta que o Copom reduza o ritmo de corte para 0,25 ponto porcentual. “Veremos a continuação da volatilidade externa no curto prazo, mas a tendência é favorável”.
Na opinião do estrategista do BNP Paribas, os fundamentos macroeconômicos seguem mais positivos hoje do que na ocasião das crises anteriores. Ele citou como exemplos a forte estrutura cambial atual, o superávit em conta corrente e a melhora do perfil da dívida. “Hoje o setor público tem US$ 121 bilhões, incluindo as contas do Tesouro, do BC, dos ativos e subtraindo-se os passivos”, considerou. Isso, de acordo com ele, significa que o País teve um ganho financeiro aproximado de R$ 20 bilhões – ou US$ 11 bilhões – nos últimos dias em função da valorização cambial de 10%. “Isso representa 1% do PIB e deve levar a relação dívida/PIB para baixo”, argumentou. “Estas coisas não eram assim no passado e agora é a hora de colher os frutos de tudo o que foi feito até então”, continuou. O risco maior para o Brasil, atualmente, é o de a economia mundial passar por um processo de desaceleração e de aumento de inflação. “Mas este cenário, por enquanto, me parece extremamente impossível”, considerou, acrescentando que países da Ásia e da América Latina vêm ganhando o espaço de carro-chefe da economia, que até então era apenas dos Estados Unidos.
Redação
Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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