12 de setembro de 2024

Bolsa e dólar sobem com boa expectativa de inflação e de juros

Dólar sobe 2,5% e real firma-se como pior moeda do mundo em 2020

A Bolsa brasileira voltou a subir nesta segunda-feira (3) e fechou em alta de 1,34%, a 119.672 pontos, apoiada pela melhora nas expectativas de inflação e de cortes para a Selic (taxa básica de juros), divulgadas no boletim Focus, do Banco Central (BC).

O dólar também registrou alta após ter fechado o semestre com sua maior desvalorização desde 2016. A moeda americana terminou o dia com ganho de 0,37%, cotada a R$ 4,806, também impactada pela projeção de redução da Selic e em dia de baixo volume financeiro por conta da véspera de feriado da Independência nos Estados Unidos.

Nesta segunda, o boletim Focus mostrou que o mercado reduziu sua projeção para inflação brasileira neste ano para 4,98%, ante 5,06% no levantamento anterior. Além disso, os analistas consultados pelo BC agora veem a Selic em 12,00% no fim de 2023, de 12,25% projetados anteriormente.

Para Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do banco norte-americano, as mudanças nas projeções se somam a uma combinação de eventos recentes que deve dar ao BC conforto para começar um ciclo de alívio monetário gradual na próxima reunião do Copom, em agosto.

Após a divulgação do Focus, os juros futuros, que já estão nos menores níveis do ano, registravam nova queda. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 saíram de 12,84% para 12,78%, enquanto os de 2025 caíam de 10,77% para 10,64%.

A queda mais significativa foi a dos juros para 2026, que foram de 10,11% para 9,96%, ficando abaixo dos 10% pela primeira vez no ano.

As expectativas de quedas nos juros têm apoiado empresas da Bolsa brasileira, que registrou seu melhor trimestre desde 2020 no fim do mês passado. Se confirmada, a queda nos juros pode impulsionar ainda mais o Ibovespa, e as previsões para o índice nos próximos 12 meses vão de 125 mil a 140 mil pontos.

O sócio da Valor Investimentos Gabriel Meira afirma que a Bolsa está descontada, ou seja, ainda tem potencial de crescimento, e cita a atração de recursos estrangeiros como um fator que pode impulsionar o Ibovespa.

“A expectativa de começo de corte de taxa de juros vai destravar mais do fluxo estrangeiro para o Brasil. Estamos bem otimistas, e esperamos a Bolsa entre 120 e 125 mil pontos até o final do ano”, diz Meira.

Já estrategistas da XP Investimentos projeta que o índice deve terminar o ano em 130 mil pontos, também afirmando que ainda há espaço para fluxo de capital estrangeiro mais forte. Além disso, os especialistas apontam que os fluxos de investidores institucionais ainda não voltaram e que as pessoas físicas ainda estão com pouca alocação em Bolsa, mas uma mudança de sentimento para positivo já é projetada.

A XP destaca, porém, alguns riscos para o cenário econômico brasileiro no semestre, como a possibilidade de recessão no exterior, que podem pesar nos preços das commodities, e o potencial retorno de riscos fiscais com a reforma tributária, em especial na segunda parte do projeto, que será sobre impostos em renda.

Nesse cenário, o Ibovespa registrou forte alta nesta segunda, impulsionada pela subida de 3,22% das ações da Vale após a mineradora ter obtido aprovação de sua licença de operação na barragem Torto pelo estado de Minas Gerais. A ação da empresa foi a mais negociada da sessão desta segunda.

A maior alta do dia foi da Locaweb (3,96%), que passa por correção após ter acumulado forte queda na semana passada. Os papéis da companhia também entraram na carteira de recomendações semanal da BB Investimentos, o que ofereceu impulso adicional.

As siderúrgicas Gerdau e Usiminas registraram forte alta, com ganhos de 3,80% e 2,68%, respectivamente. O setor foi apoiado por um pedido do governo Tangshan, maior centro siderúrgico da China, para as empresas locais reduzirem a produção de aço como parte de esforços para melhorar a qualidade do ar.

A Petrobras também teve alta, com suas ações preferenciais subindo 1,86% após forte queda na sexta (30).

Mais ligadas à economia doméstica e sensíveis às projeções de juros, as “small caps” apoiaram a subida do Ibovespa, com o índice que reúne essas companhias registrando alta de 0,69%.

Nos Estados Unidos, os índices acionários tiveram leve alta em dia de atividade reduzida pelo feriado da Independência americana, que ocorre na terça (4). Nesta segunda, as operações do mercado financeiro foram encerradas às 13h.

No câmbio, o dólar teve alta ante o real apoiado justamente pela perspectiva de redução nos juros. A moeda brasileira tende a se beneficiar de juros mais altos, que aumentam o retorno da renda fixa no país e, com isso, atraem recursos.

Boa parte do mercado acredita, porém, que, ainda que o Banco Central comece o processo de cortes da Selic no futuro próximo, os juros reais seguirão favoráveis à atração de investimentos, ainda mais num ambiente de queda da inflação. Além disso, uma redução dos juros tende a elevar o otimismo em relação ao crescimento econômico num prazo mais longo.

Assim, a expectativa é que a moeda americana continue perdendo força ante o real.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.

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