A polarização continua mais acirrada no segundo turno. Ontem, Bolsonaro pediu que seus apoiadores mantenham o foco na campanha. Ele se dirigiu aos seus eleitores pelas redes sociais.
“Mantenham o foco! Um dos principais e mais difíceis objetivos foi alcançado. Nós já temos o que é necessário para libertar o Brasil do autoritarismo, da chantagem e da injustiça que tanto nos indigna. A mudança mais profunda do País já começou! Não é o povo que deve temer”, disse o presidente.
Ainda na madrugada, Bolsonaro publicou que os adversários só haviam se preparado para uma corrida de 100 metros, enquanto ele, estava pronto para uma maratona: “Vamos lutar com confiança e com força cada vez maior, certos de que vamos prevalecer pela pátria, pela família, pela vida, pela liberdade e pela vontade de Deus!”.
O presidente declarou que sabia do tamanho da sua responsabilidade e dos desafios que vai enfrentar nas próximas semanas, mas demonstrou otimismo em sair vitorioso.
“Sabemos aonde queremos chegar e como chegaremos lá. Pela graça de Deus, nunca perdi uma eleição e sei que não será agora, quando a liberdade do Brasil inteiro depende de nós, que iremos perder.”
Bolsonaro também comemorou o aumento em sua votação neste primeiro turno, bem superior ao que havia obtido nas eleições de 2018. “Contra tudo e contra todos, tivemos no 1° turno de 2022 uma votação mais expressiva do que aquela que tivemos em 2018. Foram quase 2 milhões de votos a mais! Também elegemos as maiores bancadas da Câmara e do Senado, o que era a nossa maior prioridade neste primeiro momento.”
Na tarde de ontem, Lula se reuniu com a coordenação de campanha da Coligação Brasil da Esperança, em São Paulo, para traçar as estratégias de campanha para o segundo turno das eleições presidenciais, que ocorrem no dia 30.
Lula disse que o segundo turno será um momento de maior debate entre as candidaturas em disputa. “A gente, na verdade, vai aproveitar o segundo turno para fazer o debate que não foi possível fazer no primeiro turno. Até porque no debate da televisão era muita gente e era muito difícil fazer o debate”, disse.
O candidato enfatizou que agora é o momento de buscar o apoio de todas as forças políticas possíveis. “A partir de amanhã (hoje), nós já estamos em campanha. Ainda temos que fechar alguns acordos, temos que conversar com todas as pessoas nesse país que não votaram conosco no primeiro turno. Agora, a escolha não é ideológica. Nós vamos conversar com todas as forças políticas que tenham voto, representatividade, significância política no País”, disse.
Lula demonstrou otimismo com a vitória final nas urnas. “Nesse instante, nós temos consciência que 60% do povo brasileiro rejeitou esse governo. Pela primeira vez, alguém que tem o cargo de presidente perde no primeiro turno. E vai perder mais feio no segundo turno porque nossa distância vai aumentar muito”, disse.
Nota abre Perfil
Agora, é reorganizar alianças
O jogo do tabuleiro eleitoral se reorganiza para o segundo turno nos Estados em que o desfecho das eleições virá no próximo dia 30. No Amazonas, a disputa está acirrada. Candidato à reeleição, Wilson Lima (UB) obteve mais do dobro dos votos de Eduardo Braga (MDB), que desbancou Amazonino Mendes (Cidadania) ao virar o número de votantes durante a apuração de domingo (2). Lima venceu em pelo menos oito municípios onde o seu adversário teria (em tese) o apoio declarado de prefeitos.
O desfecho continua sendo uma incógnita, mas com a análise dos números obtidos durante o primeiro turno, tudo indica que o atual governador deve ser reeleito para mais quatro anos de mandato. Braga, porém, tem um coringa nas mãos – Lula, hoje o seu maior cabo eleitoral, que funciona como contrapeso frente a David Almeida (Avante), grande aliado de Lima. Nesse cenário, estima-se que sairá vitorioso o que costurar as melhores estratégias. O campo está aberto. A partida começou. E terminará na véspera do fim do mês.
Presidência
Bolsonaro e Lula já estão em campo. A disputa no primeiro turno foi apertadíssima, mas o petista chegou a ameaçar em alguns momentos durante a apuração, batendo na trave do seu principal adversário. Os dois correm atrás de alianças. O líder da esquerda venceu no Nordeste, um dos seus maiores redutos eleitorais. Bolsonaro foi bem no Sul e Sudeste. Praticamente, o jogo está equilibrado. O chefe do Planalto canta bravatas. Diz que jamais perdeu eleição. Mas só as urnas vão apontar, realmente, o vencedor.
Votação
Lula conquistou a maior parte dos votos dos amazonenses no primeiro turno. Obteve 49,5%, contra 42,80% de Bolsonaro. O ex-presidente venceu em Barreirinha, a leste de Manaus, com 89,19% dos votantes (14.691). O atual presidente levou mirrados 7,33% (1.207). Mas o chefe do Planalto foi o mais votado proporcionalmente em Apuí, sul do Amazonas, com 58,94% (4.600). O líder petista alcançou uma margem de 36,97% (2.885). Compreensível. Naquele município impera o agronegócio, curral de Bolsonaro.
Apoio
O PDT deve anunciar ‘apoio crítico’ à candidatura de Lula no segundo turno. No entanto, a participação de Ciro Gomes, presidenciável pedetista, ainda é incerta. Embora a cúpula do partido já tenha optado pelo apoio ao ex-presidente, ainda é improvável que o pedetista atue de forma ativa na campanha do PT. Porém, não é impossível que o ex-ministro se posicione de forma contundente em prol do presidenciável, Ciro precisa ter o ego massageado pelo seu antigo aliado.
Composição
No Amazonas, a Assembleia Legislativa teve mais de 41% de sua composição renovada. O deputado Roberto Cidade (UB) foi o mais votado. E surpreendeu os que duvidavam de seu cacife. E talvez tenha se beneficiado eleitoralmente do episódio em que foi agredido pelo prefeito de Borba durante a campanha de Wilson Lima no primeiro turno das eleições, hoje adversário de Braga na segunda fase da disputa. A deputada Joana Darc, também do mesmo partido, mostrou força com a causa animal.
Composição 2
A deputada Alessandra Campelo (PSC) impressionou ao ser reeleita com uma votação histórica – foram quase 46 mil votos. Já é o seu terceiro mandato na Assembleia Legislativa do Amazonas, onde tem investido, principalmente, em projetos focados na causa social. A parlamentara foi o principal braço político do governador Wilson Lima na criação dos programas Prato Cheio e Auxílio Estadual. Como antigamente, o assistencialismo mantém o seu protagonismo como boa estratégia política.
Campeão
O vereador Amom Mandel (Cidadania), o mesmo partido do velho cacique Amazonino Mendes, que naufragou no primeiro turno, mal iniciou a vida parlamentar e já é um campeão de votos. Foram pelo menos 285 mil votantes que o turbinaram para a Câmara Federal. É o mais novo político do Amazonas a alcançar uma densidade eleitoral tão arrasadora, suplantando, inclusive, grandes lideranças conhecidas pelo eleitorado. Mandel trabalha forte nas redes sociais. Aí está o diferencial.
Derrota
Bolsonaro apostava na eleição do Coronel Alfredo Menezes (PL), seu principal aliado no Amazonas, para retaliar Omar Aziz (PSD) que derrotou o militar reformado na disputa pela única vaga para o Senado pelo Amazonas nas eleições deste ano. O senador Tinha uma vantagem – exerce o cargo, tendo maior visibilidade junto ao eleitorado amazonense. Omar tem sido uma pedra no sapato do presidente, que tem buscado atingi-lo desde a CPI da Pandemia. Os dois protagonizaram muitas tretas.
Queda
Ontem, o resultado das eleições no primeiro turno teve impacto no mercado financeiro. O dólar comercial fechou em queda de 4,1% e cotado a R$ 5,174. Com isso, a moeda norte-americana obteve a sua maior baixa porcentual diária desde 8 de junho de 2018, quando tombou 5,6%, segundo a agência Reuters. A desvalorização frente ao real ocorre após um desempenho melhor do que o esperado do presidente Bolsonaro. A agenda econômica do próximo governo tem interesse por um Senado conservador.
FRASES
“A vitória foi da democracia”.
Amom Mandel (Cidadania), vereador, campeão de votos em Manaus.
“Nunca perdi eleição”.
Jair Bolsonaro (PL), presidente, em recado para os petistas que apoiam Lula.