‘Algo muito positivo está acontecendo no Brasil e pessimistas não estão prestando atenção’, diz Robin Brooks, economista-chefe do IIF
Ao ser questionado sobre suas declarações de que “o Brasil está a caminho de se tornar a Suíça da América Latina”, Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF), respondeu de forma descontraída. O economista alemão de 52 anos, que vive em Washington após passar por instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Goldman Sachs, explicou que seu comentário foi motivado pelo otimismo em relação à economia brasileira e às mudanças positivas que têm ocorrido no país.
Brooks enfatizou que o Brasil se tornou uma referência para outros mercados emergentes, especialmente devido ao seu sucesso como superpotência agrícola. No entanto, ele deixou claro que essa transformação vai além de questões políticas e partidárias, sendo uma história muito maior.
O economista destacou que o Brasil alcançou um impressionante superávit comercial nos últimos dez ou quinze anos, o que o coloca em um caminho único entre os países emergentes da América Latina. Essa mudança pode levar o país a se tornar uma nação com superávit em conta corrente, algo incomum para uma economia emergente.
Brooks comparou o Brasil à Suíça devido à estabilidade econômica, ao grande superávit em conta corrente, à moeda forte e ao Banco Central confiável. Ele acredita que essa transformação possibilitará que o Brasil gere mais recursos internamente, o que impulsionará o aumento dos investimentos e consequentemente, o crescimento econômico, a geração de empregos e o aumento da produtividade.
Apesar de seu entusiasmo pelo Brasil, Brooks cometeu um erro ao se referir à moeda brasileira como “Brazilian peso” em vez de real, o que gerou críticas e piadas sobre sua familiaridade com o país.
Além disso, o economista fez previsões em relação ao valor do dólar em relação ao real, afirmando que o preço justo seria de R$ 4,50. Essa estimativa também recebeu críticas, já que o valor se manteve inalterado por anos. No entanto, com o dólar atualmente negociado em torno de R$ 4,80, Brooks acredita que sua projeção está mais próxima de se tornar realidade.
No contexto geopolítico, o economista considera que as tensões entre China e EUA, assim como a guerra entre Rússia e Ucrânia, podem favorecer o Brasil ao atrair investimentos estrangeiros. Ele destaca que investidores estão buscando alternativas à Rússia e Ucrânia, o que pode direcionar recursos para o Brasil.
Outro fator positivo mencionado por Brooks é o aparente fim do choque inflacionário nos Estados Unidos e a decisão do Federal Reserve de interromper temporariamente o ciclo de aumento de juros na economia americana. Esses acontecimentos podem atrair investimentos estrangeiros para o Brasil, resultando em uma valorização da moeda brasileira.
Em relação ao Banco Central e ao governo brasileiro, Brooks elogia a atuação da autoridade monetária no combate à inflação e não toma partido na disputa entre o Banco Central e o governo Lula em relação aos juros. Ele demonstra confiança no governo atual e ressalta a importância da democracia e da transferência pacífica de poder.
Em suma, Brooks mantém sua visão otimista sobre o Brasil, destacando os avanços econômicos do país, mas ressaltando que essa transformação vai além de questões políticas específicas. Ele acredita que o Brasil está em um ambiente favorável e que é improvável que ocorram mudanças drásticas que revertam a atual conjuntura positiva.Fonte: BBC News Brasil