26 de outubro de 2024

Centro do ecoturismo na Amazônia

Se você gosta de aventura e natureza amazônica, então não está tão longe disso e talvez nem saiba. A cerca de duas horas de distância, de Manaus, de automóvel, primeiro pela AM-070 (Manaus/Manacapuru) e depois pela AM-352 (98,6 km de extensão), chega-se à cidade de Novo Airão. Da entrada da cidade de Manacapuru até o início da AM-352, no lado direito, são aproximadamente 80 km. Ao final da viagem está Novo Airão, a porta de entrada para um dos municípios que mais recebe turistas no Amazonas. Em 2022, segundo a Amazonastur, mais de 71 mil pessoas visitaram Novo Airão.

“Novo Airão pode ser visitada o ano inteiro: na vazante o turista pode fazer trilhas por terra, pelo arquipélago de Anavilhanas, o segundo maior arquipélago fluvial do planeta com mais de 400 ilhas; e na cheia as trilhas são realizadas em voadeiras”, afirmou Maristela Araújo, gerente operacional do hotel Amazônia Park & Suites.

Na vazante, muitas das ilhas de Anavilhanas ficam cercadas por praias de areias muito brancas, lavadas constantemente pelas águas do Negro. Uma delas, porém, chama bastante a atenção, primeiro porque fica em frente à cidade; e segundo porque é um misto de praia (tanto que recebe o nome de praia do Meio), ilha e banco de areia.

“E ela não demora muito. Surge no final de setembro e permanece até o final de dezembro, mais ou menos. Depois as águas do Negro vão subindo e escondendo essa fantástica ilha que só voltará a aparecer no ano seguinte”, contou a guia turística Lorena Teodoro.

Outros passeios indicados são a ida até as comunidades Tiririca, formada por ribeirinhos; e Macuitá, que reúne várias etnias indígenas.

Turismo comunitário   

“A Macuitá fica a uns dez minutos, de voadeira, daqui da cidade. Lá vivem umas 80 famílias pertencentes a várias etnias e o mais interessante, quem comanda todas essas pessoas é uma mulher, a cacica Alvanira. Na comunidade Tiririca vivem 17 famílias. Fica a uns 30 minutos da cidade. Lá os ribeirinhos pescam, fazem farinha e artesanato vendido numa lojinha. Tem até um restaurante, ‘O Canto do Japiim’, administrado por ribeirinhas de sete famílias”, falou Maristela.

“Alguns animais da floresta visitam pacificamente essas comunidades e até ganharam nome. Na Tiririca tem o gavião Damião, a arara azul Fofão, as araras vermelhas Romeu e Julieta, as canindé Blue e Sophia, o tucano Didi, entre outros”, completou.

Ambas as comunidades estão dentro da RDS do Rio Negro (Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro).

Até agora destacamos os passeios. Quem gosta de aventuras deve se preparar para as visitas a lugares um pouco mais distantes como as grutas do Madadá e o famoso, e abandonado, povoado de Velho Airão.

“Indicamos esses dois passeios para um mesmo dia. Apesar de as grutas ficarem a pouco mais de uma hora da cidade, a ida e a volta de Velho Airão demoram cerca de oito horas, numa voadeira bem veloz” informou Maristela.

As grutas do Madadá estão situadas no Parque Nacional de Anavilhanas. Para se chegar até lá é necessária uma caminhada de uns 25 minutos pela floresta desde a beira do rio. As grutas são formadas por belas rochas de arenito. Algumas dessas rochas têm inscrições rupestres. As águas que seguem pelas corredeiras e igarapés da região possuem variados tons.

Ruínas históricas

Velho Airão atrai pelas suas histórias e lendas. Airão foi o primeiro povoado fundado por portugueses no rio Negro, no final de 1600, inicialmente habitado por padres missionários. Entre 1890 e 1910, com a exploração e o comércio da borracha em alta, começaram a ser construídos os casarões com material importado de Portugal, hoje abandonados. Airão se tornou um entreposto para as embarcações que levavam produtos industrializados e traziam produtos da floresta daquela região. Com o fim do ciclo da borracha e a decadência do lugar, os habitantes do povoado resolveram se mudar para um local mais próximo de Manaus, surgindo assim, em 1955, Novo Airão com Airão passando a ser conhecida como Velho Airão.

“Mas existem outros passeios fascinantes, ainda mais distantes, como as cachoeiras do Parque Nacional do Jaú cuja entrada lá precisa da autorização dos órgãos ambientais. De volta às proximidades da cidade temos a pesca da piranha, a observação de animais noturnos e o nascer do Sol, às 5h da manhã, e o seu pôr, às 18h”, avisou.

“Não foi à toa que Novo Airão se tornou um dos maiores centros de ecoturismo da Amazônia. A cidade possui ótimos hotéis e restaurantes e, pela proximidade com Manaus, é um ótimo refúgio para um descanso de final de semana”, finalizou Maristela.      

Informações: 9 9418-1995.       

Atenção: totalmente duplicada em dezembro de 2022, a AM 070 está em excelente estado, diferente da AM 352, que apresenta muitas curvas, vários buracos, pouca sinalização e nenhum acostamento. 

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Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio

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