No próximo dia 11 de maio, domingo, se comemora o Dia Nacional do Reggae. Isso mesmo, uma data nacional, instituída em 2012, que lembra a data da morte, em 1981, de Bob Marley, o maior expoente desse gênero musical jamaicano. Mas, se a Jamaica teve Bob Marley, Manaus tem Cileno, que há 40 anos canta e toca reggae e, detalhe, com composições autorais. Independente do Dia Nacional do Reggae, há mais de 30 anos, desde 1987, Cileno e os fãs do gênero realizam o Tributo a Bob Marley, que este ano acontecerá no Largo de São Sebastião, a partir das 18h, com acesso livre.
“O Tributo a Bob Marley edição 2025 será diferente de todos os que já fiz. Pela primeira vez vou fazer em parceria com meus ‘afilhados’. Para quem não sabe, sou padrinho da banda Johnny Jack Mesclado e esse ano resolvemos fazer o show juntos, além de trazer alguns convidados. Iremos tocar Bob Marley, óbvio, e reggaes autorais, e haverá distribuição do livro ‘Manaus-Babilônia e o reggae na Periferia Zion’, sobre o reggae, do Simão Pessoa”, avisou.
Uma curiosidade citada por Simão, no livro, é que Cileno foi o primeiro a cantar, tocar e fazer sucesso com o reggae, no Amazonas sendo, por isso, destacado na publicação como o primeiro reggaeman do Amazonas. Mais curioso ainda é que nem o próprio cantor havia percebido isso.
“Quando gravei ‘Feira hippie’, em 1984, não sabia que aquele era o primeiro reggae gravado no Amazonas. Para mim foi uma grande surpresa quando surgiu essa afirmação de que eu fui o precursor do reggae no Amazonas. Isso me enche de orgulho e felicidade. Trata-se de um ‘baita’ reconhecimento para mim”, destacou.
Mais de 100 músicas
Em 40 anos de carreira, dois vinis e 14 CDs gravados, Cileno nunca deixou de estar em evidência no cenário musical de Manaus sendo, por isso, respeitado e prestigiado no meio artístico baré.
“Me considero um privilegiado, pois sempre fui um artista independente e caboclo, que nunca deixou de gravar o que quis. Para chegar a uma discografia deste tamanho, foi preciso muito amor pelo que fiz, e faço, e ter coragem para bancar os custos e acreditar no retorno”, revelou.
Outra qualidade de Cileno é não tocar apenas músicas de Bob Marley e de outros cantores do gênero, mas sim as composições dele próprio.
“Tenho mais de cem músicas autorais, com poucas parcerias e parceiros. Nesse ponto sou meio individualista, confesso. Hoje, com a evolução tecnológica, perdi um pouco o tesão para compor. O grande barato é compor e ir com os músicos para o estúdio, levar o disco para as rádios, depois vender nos shows, ou seja, o corpo a corpo. Isso tem uma magia indescritível. Só quem vive, sabe”, contou.
“Apesar de ‘Feira hippie’ ter sido um grande sucesso, e não faltar nas minhas apresentações, a música mais pedida nos meus shows é ‘Lusis’ (Estrela), penso que por ser romântica”, disse.
Nesses 40 anos de atuação, Cileno passou ao largo de vários gêneros musicais. No começo dos anos de 1990 a lambada, o sertanejo; na segunda metade daquela década, o pagode e as toadas de boi. Nos anos seguintes vieram as baboseiras, sertanejo universitário e funk. E ele se manteve no reggae.
“O público do reggae é um público fiel e antenado, sabe que o reggae não é somente uma música dançante, mas também um ritmo com letras para refletir. Esse é o grande barato. Os modismos passam, mas o reggae sempre terá o seu lugar no mundo como música revolucionária”, ensinou.

Homenagem na capa
Para o show do dia 11, os fãs de Cileno conhecem muito bem seu repertório, mas ele promete novidades.
“Tem uma música que está se tornando meu xodó. Chama-se ‘Geração Z’. É uma canção que compus depois de muita cobrança dos admiradores e fãs, que queriam uma atualização da música ‘WWW. I love you’. E ela chegou. Tenho certeza que o público vai amar”, afirmou.
Além do Tributo a Bob Marley, em junho Cileno faz um show no Bar do Armando, no Dia dos Namorados.
“E sempre circulo pelos barzinhos da cidade. Quem quiser ouvir minhas músicas é só entrar nas plataformas digitais: Spotify, Deezer, e no meu canal no YouTube ‘Cileno 40’. Estão todas lá”, falou.
“Tocar reggae será sempre um prazer para mim porque vem da alma. Não toco por modismo, nunca pensei em fazer fortuna com a música, mas passar mensagens que venham do coração, talvez por isso eu continue sendo respeitado pelos artistas regueiros e pelo público do reggae”, concluiu.
No livro ‘Manaus-Babilônia e o reggae na Periferia Zion’, apesar de Simão Pessoa contar a história do reggae no Brasil e no mundo, Cileno é o destaque na capa, bela homenagem que poucos recebem em vida.
“Acompanho a carreira de Cileno desde o começo, na década de 1980. Colocá-lo na capa do livro foi uma forma de destacar seu pioneirismo na cena reggae local”, finalizou o escritor.