Cada vez mais surgem cineastas no Amazonas e ainda que não contem com aparato tecnológico dos equipamentos de uma produtora de cinema profissional, com o avanço da qualidade de imagens de câmeras fotográficas, e até de celulares, esse pessoal está filmando, e muito, os mais diversos tipos de histórias. Correm atrás, agora, da visibilidade.
Dois destes realizadores, Tony Lee Jr. e Duque Ribeiro Jr. uniram forças e empresas e estão finalizando o longa-metragem ‘Ramires entre vampiros’.
Tony Lee tem a experiência de quem começou filmando ainda com as câmeras VHS, na década de 1990. Em 1999 ele iniciou realizando curtas de um minuto.
“Sempre gostei de cinema, e queria fazer cinema, desde a infância”, lembrou.
Em 2001 Tony passou da analógica VHS para a câmera digital, modernidade trazida para Manaus por Z Leão, pioneiro do cinema contemporâneo baré.
Para se aperfeiçoar, o rapaz participou de vários cursos e oficinas e se especializou nos chamados filmes trash.
“Por causa disso sempre fui criticado pelo pessoal que também fazia cinema. Eles diziam que filmar terror não era futuro, mas era o que eu gostava de fazer, e não dei atenção a eles”, contou.
Pelos títulos de alguns de seus filmes, dá para se ter idéia do que Tony filma: ‘Vampiros dos esgotos’, de 1999; ‘Carnificina’, de 2011; ‘Carne viva’, de 2013; ‘Vandrak, o devorador de almas’, 2018; e ‘Banhos de sangue’, de 2019, apenas para citar alguns. ‘Ramires entre vampiros’ segue a mesma linha. O personagem é um vampiro que vive na Cidade do Porto.
Em breve nos cinemas
O filme é um longa-metragem totalmente independente, desenvolvido pelas produtoras Tony Filmes e Duque Ribeiro Produções. Trata-se do primeiro trabalho realizado em parceria entre as duas produtoras, apesar de os dois produtores já terem atuado juntos em diversos filmes de outros cineastas amazonenses.
‘Ramires entre vampiros’ conta a história de um jovem rapaz, treinado pelo seu pai adotivo para enfrentar vampiros na Cidade do Porto (uma Manaus fictícia), com a ajuda de uma ordem conhecida como Ordem Dorg contratada pelo governo e prefeitura do lugar para fazer esse serviço de extermínio. É uma trilogia. A primeira parte da história, ‘Ramires, o caçador de vampiros’, ainda será filmada.
A produção conta com o apoio de uma conjunção de atores amazonenses como Douglas D’Castro, Orleilson Saraiva, Débora Tavares, Daniel Barone, Roza Xavier e grande elenco. O promoter Lucius Gonçalves faz uma participação especial no filme. Ramires é interpretado pelo ator iniciante Thiago Pinto.
As gravações do longa ocorrem sempre nos finais de semana, quando todos os envolvidos no trabalho estão de folga dos seus empregos durante a semana.
“O término de toda a gravação ocorreu no final de abril e a estreia do filme está prevista para julho. Estamos negociando com algumas salas de cinema da cidade para a realização de exibições especiais, mas o filme será disponibilizado em plataformas digitais de streaming, pois queremos atingir o Brasil e o mundo”, adiantou.
De tudo um pouco
Duque está há apenas dois anos no mundo cinematográfico, mas já fez de tudo nas produções locais. Na saga de ‘Ramires’ ele é produtor audiovisual, diretor artístico e de figurinos, maquiador, criador de efeitos visuais e ator. Da mesma forma que Tony, cursa a faculdade de Filmmaker, na Uninorte.
“Comecei há exatos dois anos, em março de 2019, com o Tony, em ‘Ramires’. Fui aprendendo a fazer cinema pela internet, através de tutoriais, e depois executando as mesmas tarefas, na prática, com o pessoal local onde fiz maquiagens artísticas e confeccionei figurinos. Logo, eu já estava como assistente de produção e em seguida co-produtor, e até ator, quando interpretei o papel do bruxo Nazgul”, falou.
Com Duque, não há problema de falta de profissionais. Ele faz de tudo. Já trabalhou em ‘Dom’, de Dina Silva e Thiago Alencar, como maquiador artístico, criador de efeitos visuais, ator e produtor; ‘Sorria pra mim’, de Juan Lopes, criando efeitos visuais; ‘O som do teu coração’, de Tony Lee, como diretor artístico, figurinista e produtor; ‘Graves e agudos em construção’, de Walter Fernandes Jr, como diretor artístico e figurinista; ‘Quando eu tinha uma vida aqui’, de Tony Lee, como diretor artístico, figurinista e produtor.
Atualmente Duque trabalha em três longa metragens que pretende executar em 2022.
Agora os dois produtores pretendem criar a Striking Indústria Cinematográfica, com o objetivo de ajudar cineastas iniciantes e formar novos atores.
O que caracteriza os cineastas da floresta é a mesma vontade de fazer cinema. Quando não conseguem patrocínio através de editais, eles bancam as despesas do próprio bolso. O que importa é fazer valer a sétima arte.
Foto/Destaque: Divulgação