19 de setembro de 2024

Viagens mais caras desafiam turismo

A disparada no aumento do internacional do petróleo, também vai refletir no bolso do consumidor que vai pagar mais caro pelas passagens aéreas. Latam, Gol e Azul, principais empresas,  já anunciaram a subida do preço que deve ocorrer nas próximas semanas. Diante do anúncio, da alta do querosene derivado do petróleo, operadores de agências de viagens temem queda na demanda. Algumas já registram adiamento para o segundo semestre nas programações dos destinos.

“Com certeza muita gente vai replanejar as suas viagens, porque o custo de hotelaria também vai sofrer essa pressão.A alta vertiginosa no valor do produto afeta várias cadeias e segmentos. Quando se tem uma alta de preço o consumo cai. Eu acredito que isso deve representar uma queda significativa de no mínimo 10% a 15% no movimento das viagens domésticas”, avaliou o empresário do segmento Orsine Júnior. 

De acordo com o empresário, as agências já têm se preocupado bastante em relação à demanda porque o segmento vem de um quadro de dois anos de pandemia, fora a retração do mercado pela alta do dólar que estava recuando e deve voltar a subir. “E agora vem esse aumento absurdo dos combustíveis. Nós temos todos esses fatores para atrapalhar o turismo. Em contrapartida, não se vê por parte dos governos um plano de reestruturação do setor ou um plano emergencial que nos dê fôlego para sobreviver, pelo menos freando para que a gente possa passar essa tempestade”. 

Procurada pelo Jornal do Commercio, a Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo) ainda está avaliando o cenário para que possa ter um posicionamento assertivo para entender até que ponto os roteiros já foram impactados. Conforme a assessoria, a entidade precisa de um período para saber se vai impactar e se sim, em quanto.

Enquanto isso, as empresas já sentem os reflexos. A agente de viagem da CVC Mara Lira, afirmou que já tem clientes que já estão procurando ou deixando para viajar no segundo semestre porque já ouviram falar sobre o  aumento. “Para o embarque próximo agora as tarifas aumentam muito”. 

Ivan Quadros que atua com passeios regionais e turismo emissivo, prevê que a situação vai só piorar.  “Como comercializamos por plataformas para o agente ainda não foi repassado. Mas vamos aguardar o cenário se desenhar. As agências já estão se preparando para o aumento nos custos que acaba afetando toda logística operacional”. 

Para a Abav-AM (Associação Brasileira de Agências De Viagens do Amazonas) isso só prova que cada dia mais o brasileiro está perdendo o seu poder de compra e sendo sucateado. É um cenário não muito desalentador para o turismo. Como se trata de viagem tida como supérfluo, é a primeira corte que as famílias tiram a planilha quando colocam os gastos na ponta do lápis”, analisou o presidente da entidade Jaime Mendonça

Jaime reiterou que a economia está cada vez mais enterrada porque tudo está mais caro  e o salário não acompanha. E lembrou que num cenário de 10 a 12 anos atrás quando a economia estava aquecida abriu-se empresas que atendiam o público da classe C e D essas empresas se estabeleciam em locais onde tinham um poder aquisitivo baixo. “Hoje o cenário mudou, essas mesmas empresas estão se instalando dentro de shoppings, dentro de bairros  de classe média porque o público da classe C e D não tem mais dinheiro sobrando para viajar.  “Infelizmente é uma situação que não cabe a nós avaliar e sim aceitar”

O que dizem as companhias

Por meio de nota, a Latam informou que permanece atenta à evolução da guerra na Ucrânia, que impacta diretamente no preço do petróleo para realizar ajustes em seus voos e projeções, se necessário. É inegável o impacto nos custos das companhias aéreas, em função da alta do preço do querosene da aviação (QAV) que infelizmente, diante da imposição desse novo cenário de crise sem precedência e previsibilidade, afetará o aumento no preço das passagens.

A Gol se posicionou como associada da Abear que tem acompanhado os conflitos e que pressionam ainda mais  o já elevado preço do QAV, que em 2021 alcançou seu maior patamar, acumulando alta de 76,2%. “

Diante desse cenário, a Abear informa que o consequente encarecimento do QAV nos curto e médio prazos poderá frear a retomada da operação aérea, o atendimento logístico a serviços essenciais e inviabilizar rotas com custos mais altos, incluindo o foco na expansão de mercados regionais, num setor que acumula prejuízo de R$ 37,4 bilhões de 2016 até o terceiro trimestre de 2021, impactando também o transporte de cargas e toda a cadeia produtiva do turismo”, informou a nota. 

Já a Azul lamenta a guerra, considerando o momento em que todas as nações ainda trabalham e lutam para superar uma das maiores crises sanitárias da história, e a mais impactante para o mercado de turismo e para a indústria aeronáutica, a união entre os povos deveria ser a prioridade, e não ameaças à paz e à estabilidade mundial.  

Além das irreparáveis perdas humanas, a guerra também traz consequências devastadoras para todos os setores da economia no mundo. “A continuidade desse cenário poderá adiar uma retomada mais vigorosa da oferta de voos no país, assim como a inclusão de novas cidades e novas rotas e frequências entre aeroportos que já contam com serviço aéreo”, destacou o texto.

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio

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