28 de novembro de 2024

Confiança do Empresário do Comércio de Manaus melhora em julho

Reportagem: Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori

A recuperação das vendas do setor continuou embalando o otimismo dos comerciantes de Manaus, em julho. A capital avançou em ritmo acima da média nacional. O entendimento é que os estímulos anticíclicos governamentais ainda ajudam a demanda atravessar as altas da inflação e dos juros, em ano eleitoral. Com isso, a percepção sobre a situação atual da economia brasileira e as intenções de contratar saíram do campo negativo, enquanto os planos de investir seguiram avançando. Em contrapartida, há menos otimismo em relação ao panorama econômico de médio e longo prazos.

É o que revelam os dados locais do Icec (Índice de Confiança do Empresário do Comércio), pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) realizada com 6.000 empresas brasileiras. O indicador registrou 133,8 pontos em Manaus, sendo que valores acima de 100 indicam satisfação. O número superou em 2,99% a marca de junho (129,9 pontos) e foi 11,04% melhor do que o dado de 12 meses atrás (120,5 pontos). Na média brasileira, a alta foi de 1,5% no mês e 14,2% no ano, totalizando 123,1 pontos, no quarto resultado positivo seguido. 

Em âmbito nacional, a visão mais otimista do varejo sobressaiu no grupo de lojistas de artigos de vestuário, tecidos, acessórios e calçados. Segundo a análise da CNC, o comportamento é justificado pela retomada de eventos, viagens, lazer, entretenimento fora de casa e o próprio trabalho presencial. A entidade empresarial acrescenta que o volume de vendas do segmento apresentou o maior crescimento da sondagem mensal do IBGE para o varejo brasileiro no acumulado de janeiro a maio (+23,9%). 

A pesquisa da CNC mostra que a melhora mensal da confiança dos comerciantes da capital amazonense veio quase absoluta neste mês. Além de trocar de sinal, a visão dos comerciantes sobre as condições atuais da economia (+7,5% e 106,1 pontos) passou da insatisfação para a satisfação. O mesmo se deu com o indicador de contratação de funcionários (+8,1% e 121,6 pontos). Outros destaques vieram das condições atuais das empresas (+5,3% e 109,7 pontos) e do nível de investimento das empresas (+3,9% e 99,1 pontos).

O otimismo avançou menos em relação às condições atuais do comércio (+1,6% e 109,7 pontos), à situação atual dos estoques (+1,2% e 88,9 pontos) e às expectativas sobre o comércio (+0,8% e 150,1 pontos) e às empresas comerciais (+1,2% e 150,1 pontos). O ponto negativo veio da inflexão das expectativas em relação à economia brasileira (-0,4% e 149,1 pontos).  

Contratações e investimentos

Caiu o percentual de varejistas locais que consideram que a situação atual da economia brasileira “melhorou um pouco” (37%), que piorou um pouco” (25,8%), e que piorou muito” (21,8%). O oposto ocorreu entre os que dizem que “melhorou muito” (15,3%). A confiança é mais forte entre as empresas com mais de 50 empregados (106,7 pontos) e as que vendem bens duráveis (114,7 pontos). As avaliações majoritárias sobre as condições atuais do setor e da empresa também são de melhora relativa (48,8% e 48,7%, respectivamente), e também sofreram refluxo.

A pontuação média das expectativas dos comerciantes ainda é mais favorável do que a da percepção do momento atual, seguindo acima dos 150 pontos. Ao menos 44,1% dizem que a economia brasileira vai “melhorar um pouco”, ao passo que 42,1% arriscam dizer que vai “melhorar muito” –contra 52,5% e 36,5%, no mês anterior. As avaliações que pesam mais para o setor e para a empresa passaram a ser as de progressos mais significativos (47,3% e 53,5%, respectivamente), em detrimento das melhoras parciais (47% e 42,8%).

A parte majoritária dos comerciantes locais ainda aponta que as contratações devem “aumentar pouco” (60,8%), seguida de longe pelos que avaliam que pode “reduzir pouco” (13,4%). A projeção predominante para investimentos ainda é de melhora relativa (45,7%), embora 25,5% digam que o aporte será “um pouco menor”. Sobre os estoques, 62% consideram que este está “adequado”, mas 20,5% indicam que está acima dessa marca, e outros 16,3%, que está abaixo. 

“Atmosfera de otimismo”

O assessor econômico da Fecomércio-AM, Enio Ferrarini, destaca que, tanto os empresários do comércio de Manaus, quanto os lojistas do restante do país, se mostraram mais favoráveis à realização de novos investimentos e à contratação de novos colaboradores neste mês, em sintonia com os dados de geração empregos e crescimento do PIB. O economista acrescenta que há maior otimismo em relação ao segundo semestre, que também concentra datas comemorativas importantes para o setor, além dos lançamentos de coleções de primavera e verão.

“Enquanto o mundo sofre com pressão inflacionária e queda do PIB, o Brasil vai no caminho inverso. Deflação, crescimento do emprego, estatais triplicando lucros, governo central registrando recorde no superavit primário e recorde na arrecadação federal, retomada nas obras de infraestrutura de transporte e saneamento básico. Enfim, muitos indicadores positivos criam uma atmosfera de otimismo para nossos obstinados e valorosos empreendedores”, afiançou.

Segundo semestre

Em texto da assessoria de imprensa da CNC, a economista responsável pela pesquisa e análise, Izis Ferreira, considera que o movimento de contratações pelo comércio traz expectativas positivas para a segunda metade do ano, uma vez que esta concentra as datas mais relevantes para o setor. “Com a dinâmica esperada para as vendas no varejo, impulsionadas pelo reforço na renda das famílias com novo aumento de 50% no Auxílio Brasil, o comércio já enxerga a necessidade de mais funcionários”, explicou.

A economista ressalva, contudo, que as expectativas apresentaram a primeira queda em três meses. “Embora o segundo semestre do ano concentre as datas comemorativas mais importantes do comércio sob a ótica do movimento nos pontos de venda e da alta do faturamento, as incertezas econômicas provocadas pela corrida eleitoral e a combinação de inflação e juros altos balancearam as perspectivas para o desempenho da economia e do próprio comércio”, ponderou.

No mesmo texto, o presidente da entidade, José Roberto Tadros, salienta que a melhoria na avaliação dos empresários em relação ao momento atual pode ser explicada pela retomada do consumo represado durante a pandemia e pelas medidas anticíclicas de reposição de renda do governo federal. “A despeito da inflação ao consumidor e dos juros mais altos, o desempenho positivo das vendas no varejo têm impactado de maneira favorável a percepção dos empresários sobre as condições de operação do comércio e o desempenho da própria empresa”, encerrou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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