Com menos de sete centímetros e pesando poucas gramas o ‘Ameerega trivittata’, anfíbio da família Dendrobatidae conhecido também como sapo-flecha, se destaca na floresta com suas cores vibrantes: listras amarelas e patas verdes contrastam com o corpo preto.
Mas o que surpreende mesmo é o fato desse pequenino amazônico ‘sequestrar’ o veneno de formigas para conseguir se proteger dos predadores.
“Ele não é capaz de produzir o próprio veneno, por isso sequestra-o de formigas e de outros invertebrados que ele consome. O sapo come a formiga, metaboliza as suas substâncias químicas (geralmente alcalóides), e armazena em glândulas que ficam na pele, se tornando um bicho venenoso”, explica o biólogo Diego Santana que é especialista em anfíbios.
De acordo com Santana, durante o processo metabólico o sapo altera a estrutura do alcaloide, o que deixa ele mais ou menos potente. “Outros sapos da mesma família também fazem o mesmo processo e é por isso que algumas espécies são mais venenosas que outras”.
No caso do Ameerega trivittata, o veneno é considerado “moderado” e serve para espantar predadores, causando mal para pequenos animais. Em humanos, o contato nas mucosas, ou em cortes da pele, com esse sapo pode acarretar em uma irritação. De toda forma, nunca é indicado tocar em animais selvagens, e pouco sabemos sobre os efeitos dos venenos no nosso organismo.
A espécie é exclusiva da floresta amazônica, tem hábitos diurnos e os machos, em geral territorialistas, vocalizam para atrair as fêmeas. O amplexo (abraço reprodutivo) e consequentemente a reprodução ocorre em pequenas poças, ocos de árvores ou castanhas abertas, onde a fêmea deposita os ovos, que são simultaneamente fertilizados pelo macho, e vai embora.
“O macho fica ali tomando conta até os ovos eclodirem. Assim que os ovos eclodem, os girinos escalam para as costas do papai que leva os filhotes para um local com mais água para eles finalizarem o desenvolvimento em segurança”, esclarece Santana.
Sapos-flecha
Sapo-flecha é o nome popular dado para anfíbios da família Dendrobatidae. “É uma família de sapos que ocorrem na América Central e do Sul, muito diversificada na Amazônia, que são bastante coloridos. Apesar da maioria viver na Amazônia, eles ocorrem também em outras ecorregiões como no Cerrado, Chiquitanias e no Chocó”, esclarece Santana.
O pesquisador conta que o motivo do nome é porque algumas etnias indígenas utilizam o veneno desses sapos nas pontas de dardos para caçar. “Apesar deles usarem dardos em zarabatanas, o nome que pegou em português foi sapo-flecha”, finaliza.
As informações são do G1/Terra da Gente.