19 de setembro de 2024

Consórcios crescem em meio à crise

O sistema de consórcios tem sido a grande alternativa para quem pretende realizar o sonho de ter um bem.  Não à toa, a procura e adesão pela modalidade no Amazonas teve aumento de 4,3% em 2021, em relação a 2020. O segmento de veículos pesados e de imóveis, por exemplo, registraram um crescimento de 25,3% e 20,4%, respectivamente. Figurando entre os mais procurados, as vendas de novas cotas contabilizaram mais de 4,6 mil adesões frente a pouco mais de 3,8 mil em 2020. 

Os dados da Abac (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios), revelam ainda que o número de participantes ativos aumentou em 3,5% no ano passado, ou seja, 102.270 se comparado a 2020.

Em relação às contemplações no Estado,  foram 21.120 em 2021 contra 17.385 em 2020, representando  incremento de 21,5%.

Quem optou pela modalidade, afirma que a tendência vem ganhando força no mercado e motivando quem ainda não conhece o sistema. “Quando escutamos que existia esse tipo de mercado em Manaus, logo tivemos interesse. Até o momento, eu e o meu esposo moramos de aluguel e a nossa prioridade é comprar a nossa casa. O mais curioso é que além dos juros mais baixos, a empresa nos dá toda assistência em relação à procura do imovel ideal com todas as facilidades. Estamos no sistema há pouco mais de um ano. A nossa expectativa é sermos contemplados em 2022”, relatou a consultora de vendas Natália Gomes.  

De acordo com a Abac, o número de participantes ativos no segmento de imóveis no Amazonas aumentou 17,4%. Ao menos 30% foram contemplados em 2021. 

O presidente da Associação, reafirmou sobre o crescimento do setor ao longo da pandemia. “Além de atender os objetivos pessoais, familiares, profissionais e empresariais, o Sistema de Consórcios provou estar, cada vez mais, presente na cultura financeira do consumidor”, esclarece Rossi. “Ao ampliar os conhecimentos sobre educação financeira, o brasileiro tem procurado praticá-los, gerindo as finanças com responsabilidade, sem extravagâncias ou imediatismos, tornando sua vida financeira mais tranquila ao adquirir bens ou serviços de forma planejada e com custos mais baixos”, completa.

Quando disparou a procura por consórcios em várias modalidades no ano passado, o Jornal do Commercio entrevistou empresas que administram esse rol de clientes e protocolos. “A gente atribui a crescente demanda às taxas baixas de juros que, diferente dos bancos tradicionais, são bem atrativas. O nosso cliente não quer pagar um juros alto por meio de financiamento bancário, automaticamente ele  corre para outro tipo de proposta aí entra os consórcios onde a taxa chega a ser dez vezes mais baixa”, detalha o proprietário da empresa, Norte Consórcio, Carlos Adamilton.

Sobre a observação do mercado ele avalia que durante a pandemia as instituições financeiras burocratizaram o crédito, já a modalidade de consórcio não. É um autofinanciamento. “A gente observa um volume muito grande de pessoas que estão se programando para comprar um bem e isso reflete positivamente no diferencial do nosso negócio”.  Para ele, o  consórcio surge como alternativa de vantagem, porque o cliente  consegue se programar e não deixa de ser uma poupança. 

Confirmando um mercado cada vez mais ativo e de destaque, em 2020, o Estado concentrou a venda de ao menos 59.475 cotas de consórcios, facilitando contratos para aquisição de imóveis, veículos (leves e pesados), motocicletas, equipamentos eletroeletrônicos, máquinas agrícolas e serviços. 

Rossi avalia que o Sistema de Consórcios é o mecanismo que melhor se identifica com a essência da educação financeira, especialmente por fomentar o planejamento, conscientizar sobre a importância de controlar as compras por impulso, evitando o imediatismo do consumo e os endividamentos excessivos. Enfim, somente assumir compromissos na aquisição de bens ou na contratação de serviços dentro da capacidade financeira.

“Ao registrar constante crescimento, um período alto de pandemia, o mecanismo tem impactado consumidores com vários tipos de planos para aquisição de bens ou contratação de serviços e provocando mudanças de comportamento”. 

Além disso, ao despertar a importância de suas características, os consórcios procuram apresentar vantagens em, inicialmente, analisar e planejar futuros compromissos, destacando evitar decisões como a do imediatismo de consumo ou a contratação de novos endividamentos, sempre dentro da boa gestão das finanças pessoais.

O Amazonas apresentou alta em todos os quesitos vendas de novas cotas, participantes ativos e contemplações.

Expectativa

Ao projetar os negócios para este ano, o presidente da Abac comentou que “em 2022, ano em que o consórcio completa 60 anos, poderemos, apesar das turbulências de um ano eleitoral, repetir o bom desempenho alcançado em 2021. Enquanto as boas perspectivas apoiam-se no crescente aumento de conhecimento do consumidor sobre educação financeira, a expectativa é que o planejamento seja incorporado na rotina do brasileiro. Importante lembrar que, apesar das projeções para 2022 indicarem recuo nos índices inflacionários, ainda assim teremos patamares relativamente altos de inflação, o que mantém o consumidor mais cauteloso ao adquirir bens e serviços.

Nacional

O setor de consórcios apresentou recorde de vendas em 2021 e registrou quase 3,5 milhões de adesões, representando um crescimento de 14,6% em relação a 2020. Somente no segmento de imóveis foram vendidas mais de 490 mil novas cotas, no ano passado.

Como funciona 

O consórcio é a união de pessoas, físicas ou jurídicas, que formam uma poupança comum, destinada à aquisição de bens móveis, bens imóveis e serviços, por meio de um autofinanciamento. Reunidos em um grupo, os consorciados passam a contribuir, por prazo determinado, com uma parcela destinada à formação de um fundo comum. O papel da Administradora é comercializar as cotas para as pessoas interessadas no plano, realizar assembleias mensais, entregar os bens, fazer a gestão dos pagamentos, realizar a cobrança dos cotistas inadimplentes, entre outros serviços. Para isso, ela é remunerada por meio de uma taxa de administração, visando fazer face aos seus custos operacionais.

Para conseguir o financiamento, é preciso passar por uma análise de crédito conforme o perfil do cliente. A partir daí os bancos disponibilizam o crédito para que a pessoa realize a compra por meio de parcelas e o valor da entrada. O valor do financiamento, taxas e período para quitar a dívida são determinados pelo banco e variam de acordo com a negociação feita com a instituição bancária. Essa modalidade permite que a pessoa adquira o imóvel assim que o contrato é assinado.

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio

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