Apesar do terceiro mês consecutivo de deflação, consumidores em Manaus ainda não observaram redução significativa no valor dos produtos que compõem a cesta básica. A percepção coincide com levantamento realizado sobre o custo da cesta na capital. Dados mais recentes da (CDC/Aleam) Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Amazonas apontam aumento de preço em vários itens, o que fez a cesta alcançar o valor de R$ 333,82 em agosto.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com a variação de -0,29% do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em setembro considerando a inflação oficial do País, temos a terceira queda consecutiva no nível geral de preços.
Um outro estudo por meio da Cesta de Consumo Horus & FGV Ibre, sobre o valor médio da cesta de consumo básica de alimentos de setembro/22, indicou retração no item em Manaus (R$ 679,85), em relação ao mês anterior.
Segundo a Abras (Associação Brasileira de Supermercados) o Consumo nos Lares Brasileiros subiu 7,23% em agosto de 2022, frente ao mesmo mês de 2021. A entidade também informa que houve queda de 9,89% nos preços dos alimentos no terceiro trimestre (de julho a setembro) deste ano. Com isso, o AbrasMercado – indicador que mede a variação de preços nos supermercados – registra a segunda deflação consecutiva, puxada por produtos básicos, como leite, óleo de soja, feijão e açúcar.
Embora as sondagens apontem um outro horizonte, consumidores ouvidos pelo Jornal do Commercio, relatam que está cada vez mais complicado comprar todos os itens da lista de supermercados, além de priorizarem os produtos que vão para dentro do carrinho. “O frango que estava mais em conta ficou mais caro. Era uma das escolhas que ainda era viável comprar”, contou a autônoma Valdeiza Nunes. Segundo ela, a bandeja de peito de frango chega a mais de R$ 19, sendo que o valor médio girava em torno de R$ 14,90.
Para quem gosta de consumir frutas, pão, legumes e massas, pagou mais caro. Os itens estão entre as maiores altas de preços médios da cesta de consumo básica nas capitais em setembro/22, segundo a Cesta de Consumo Horus & FGV Ibre. Dessa lista os legumes dispararam com custo 9,5% maior.
O preço das massas e do pão tem sido impactado continuamente, em virtude do aumento internacional do trigo, decorrente da guerra entre Ucrânia e Rússia, que são grandes exportadores do produto.
Além do leite, outros produtos que registraram queda de preço em quase todas as capitais foram o óleo de soja, feijão, açúcar e carne suína, devido, basicamente, à maior oferta desses produtos no mercado e à menor demanda no varejo.
Quando se considera a cesta de consumo ampliada, que inclui bebidas e produtos de higiene e limpeza, além de alimentos, houve aumento em Manaus com variação de 4,7%.
Opinião
Apesar de algumas deflações, o economista Eduardo Souza frisou que o movimento não teve o mesmo impacto que o processo de inflação, ou seja, a valorização do real com essas pequenas deflações. “O que torna nossa moeda com um preço menor diminuindo o poder de compra. A capacidade que as famílias tinham com o salário mínimo com a renda anterior não é mais a mesma. O que reflete na diminuição do que comprava antes”.
De acordo com o economista, os preços dos produtos vão estar indexados não só com o aspecto da inflação ou deflação mas também com o nível dos preços dos insumos, demanda e sazonalidade econômica. “Uma diversidade de fatores vai implicar no preço dos produtos. Por mais que nós tenhamos vivenciado períodos de deflação, outros fatores fazem com que alguns preços se mantenham inalterados”, pontuou.
Outros números
De acordo com o levantamento da CDC/Aleam, a farinha de mandioca (+26,01%), achocolatado (+20,12%), frango (+19,63%), sal de cozinha (+15,91%) e a margarina (+8,48%).
“O aumento desses itens foram impulsionados por conta dos custos de produção, assim como os insumos agrícolas, fertilizantes, defensivos e pela instabilidade do mercado internacional, que tem refletido de forma acentuada no preço dos produtos no mercado brasileiro”, disse o presidente da CDC/Aleam, deputado estadual João Luiz (Republicanos).
Menor valor
Ainda conforme a pesquisa da CDC/Aleam, o menor valor da Cesta Básica Amazonense foi apurado em janeiro de 2022, quando alcançou o valor de R$ 277,33. No mês de julho, o levantamento da cesta básica chegou a R$ 332,78.
Por Andreia Leite
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