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Consumo com melhor cenário

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori   Instagram: @jcommercio

A confiança dos comerciantes de Manaus saiu da estabilidade para decolar em junho. Os números locais do Icec (Índice de Confiança do Empresário do Comércio) da CNC apontam alta de 6,4% ante maio. Em meio às vendas do Dia dos Namorados, os lojistas melhoraram a avaliação sobre o momento presente. Apesar da ameaça da nova iminência de uma seca severa, os lojistas demonstram otimismo com a aproximação do segundo semestre, inclusive com mais expectativas de contratar. O otimismo é maior nas empresas com até 50 funcionários e que trabalham com venda de bens semiduráveis.

Manaus aparece com 119,2 pontos no levantamento, sendo que valores acima de 100 pontos indicam satisfação. O indicador de confiança do setor também se encontra 10,27% acima do patamar do mesmo mês do ano passado (108,1 pontos). Em ambos os casos, a cidade foi na contramão da cadente média brasileira (106,1 pontos), que segue em patamar abaixo do dado local. Segundo a Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo, a confiança dos lojistas de todo o país esfriou em ambas as comparações (-0,5% e -0,3%, respectivamente)

A progressão do Icec ocorre em meio ao quarto mês de reforço da ICF (Intenção de Consumo das Famílias), levantada pela mesma CNC. A expansão foi sustentada por melhora na percepção sobre renda, emprego, acesso a crédito e propensão de comprar bens duráveis. A Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), que é medida pela mesma entidade, aponta repique no percentual de consumidores com contas a pagar (81,7% ou 541.935 delas), além de um terceiro mês consecutivo de redução na faixa dos negativados (48,6% ou 322.836). 

Empregos e investimentos

Oito dos nove subcomponentes do indicador avançaram em Manaus, mas três ainda se encontram no nível de desconfiança. As melhoras mais acentuadas vieram do conjunto dos subindicadores relativos às condições atuais do comércio (+11,6% e 89,3 pontos), das empresas comerciais (+10,9% e 115,8 pontos) e da economia brasileira (+8,4% e 78,3 pontos). O mesmo se deu nos componentes que tratam no nível de investimento das empresas (+11,9% e 108,7 pontos) e contratação de funcionários (+7,6% e 129,1 pontos).

Assim como no mês anterior, os subíndices relativos às expectativas das empresas comerciais (+5,1% e 165,1 pontos), do comércio (+4,3% e 156,5 pontos) e da economia brasileira (+4,1% e 148,9 pontos) subiram menos. E, em sintonia com o dilema de antecipar ou não as compras em um cenário de uma possível nova vazante recorde, a satisfação com os estoques (-3,3% e 81,3 pontos) foi o único dado negativo do mês.

O sentimento predominante entre os varejistas locais já é o de que as condições atuais da economia “pioraram um pouco” (32,2%) ou “pioraram muito” (29,6%). A fatias dos entrevistados que apontam que a conjuntura “melhorou um pouco” (28,4%) ou “melhorou muito” (9,8%) progrediram, mas continuam minoritárias. Em média, as visões dos empresários a respeito do comércio e das próprias empresas são de melhora mais amenas em ambos os casos (35,5% e 39,5%, na ordem). 

A pesquisa ainda mostra um panorama relativamente melhor para as expectativas de um futuro sempre adiado. A maior parte dos comerciantes de Manaus aumentou suas apostas de que a economia brasileira vai “melhorar muito” (51%), sendo seguida pelos que dizem que vai “melhorar um pouco” (27,4%). Os grupos que esperam “muita” (10,1%) ou “pouca” (11,5%) piora voltaram a perder adeptos. As projeções que pesam mais para o setor e os estabelecimentos também ainda são de progressos mais significativos (51,8% e 56,9%, na ordem) nos próximos meses. 

A parte majoritária dos lojistas locais ainda aponta que seus quadros devem “aumentar um pouco” (53,6%). Em paralelo, a parcela dos que dizem que pode “reduzir um pouco” (21,7%) recuou. A visão predominante para investimentos já é a de que ele será “um pouco maior” (38,7%). Em termos de estoques, 58,3% dos comerciantes considera que o nível está “adequado”, enquanto 29,7% informam que estão acima do ideal – em função de vendas fracas – e 11% apontam que estão abaixo do desejável.

“Movimentos cautelosos”

Em entrevistas recentes à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente em exercício da Fecomercio-AM, Aderson Frota, disse que as empresas estão antecipando compras, na medida do possível, para evitar quebras de estoque por conta de uma nova vazante histórica. Ele destacou também que, apesar do mercado de trabalho aquecido, as vendas do varejo ainda são inibidas pela pressão dos juros sobre a renda disponível do consumidor. “O endividamento caiu um pouquinho e, aos poucos, a população está recuperando poder de compra. É claro que ainda temos uma crise que breca as famílias, e isso só vai ser resolvido quando tivermos estabilidade econômica. Vivemos crises que remontam a pandemia e ainda temos as estiagens”, ponderou. 

Em comunicado à imprensa, o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, assinala que o momento é de expectativa dos empresários para as decisões macroeconômicas dos próximos meses. “Com o freio na queda da taxa Selic, imposto pelo Banco Central, e a incerteza em relação à inflação, o varejo deve adotar movimentos cautelosos no futuro próximo”, alertou. O dirigente lembra que a queda do volume do comércio varejista ampliado desperta ainda mais atenção para o momento atual.

O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, disse que o indicador de intenção de investimentos também teve destaque positivo em âmbito nacional, a despeito do “mercado de crédito desafiador”. “Diferentemente do que ocorre em relação aos consumidores, o saldo do crédito oferecido para pessoas jurídicas vem diminuindo e a inadimplência das empresas permanece em torno de 3,3%”, explicou. Segundo o especialista, os varejistas estão recorrendo menos a esses recursos por conta da redução de oferta, e não porque precisam amenizar os custos com dívidas, já que a parcela de empresários com dívidas atrasadas não diminuiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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