24 de novembro de 2024

Contratações aumentam no interior do Amazonas

Interior do Amazonas contribuiu com saldo positivo de empregos formais, mas houve desaceleração
Contratações aumentam no interior do Amazonas

Pelo quinto mês seguido, o interior do Amazonas contribuiu com saldo positivo de empregos formais, mas houve desaceleração. Na passagem de julho para agosto, o número de municípios amazonenses onde as admissões superaram os desligamentos foi de 22, de um total de 61. A geração de vagas formais alcançou menor amplitude do que no mês anterior, quando o número de localidades nessa situação chegava a 24. É o que mostram os dados mais recentes do “novo” Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

Ao mesmo tempo em que Manaus criava 6.770 postos de trabalho celetistas, algumas das cidades amazonenses conseguiram avançar nas contratações, a despeito dos números comparativamente mais elevados da pandemia da covid-19 no interior do Estado. Em números globais, as localidades registraram 929 contratações e 680 demissões. O total de postos de trabalho criados em julho foi de 249, ficando bem aquém do contabilizado um mês antes (+427), embora tenha superado os dados de junho (68) e maio (42).

Embora pouco mais de um terço dos municípios do interior tenha conseguido avançar nas contratações, a estagnação foi a marca de outras nove, enquanto praticamente a metade (29) amargou performance negativa e eliminou vagas –contra 18 e 20 no mês anterior, respetivamente. A situação ainda é menos confortável no acumulado, que ainda aponta para uma extinção de 149 empregos formais, dado o predomínio dos desligamentos (6.740) sobre as admissões (6.591). 

Contratações concentradas

O impulso veio novamente concentrado. Só dez municípios conseguiram saldo positivo de dois dígitos e os demais avançaram apenas um par de vagas, em média. Em números absolutos, Iranduba teve o melhor desempenho, com saldo de 93 empregos, decorrentes de 175 contratações e 82 demissões, gerando aumento de 4,72% e estoque local de 2.058 vagas celetistas. Na sequência, vieram de Parintins (+48), Guajará (+28), Itacoatiara, Presidente Figueiredo (ambos com +27) e Maués (+23). Em contraste, os cortes foram menos severos, com Tefé (-14) e Coari (-11) nas primeiras posições.

O maior incremento proporcional também veio de Iranduba (+50%), que foi seguido de longe por Codajás (+25%) e Itapiranga (+22,73%), e ainda mais distante por Silves (+8,70%) – com saldos positivos de 18, 15 e 2 empregos formais, respectivamente. Na outra ponta, Itamarati (-18,52% e -5 vagas), Japurá (-11,11% e -3) e Santa Izabel do Rio Negro (-10,81% e -4) registraram as piores variações percentuais do mês. 

No acumulado do ano, os melhores resultados vieram de Presidente Figueiredo (+206 ocupações e +7,51%), Humaitá (158 e +7,88%) e Novo Airão (+56 e +21,79%), repetindo o pódio do mês anterior. Em sentido inverso, Manacapuru (-294 e -8,90%), Coari (-88 e -3,20%), São Gabriel da Cachoeira (-83 e -19,86%) e Itacoatiara (-65 e -1,45%) lideraram a lista de destruição de empregos no interior amazonense, nos oito meses iniciais de 2020. 

Excluída a capital (374.495), os seis maiores municípios em termos de estoque de empregos com carteira assinada respondem por praticamente metade de todo o volume apresentado no interior do Estado (34.912): Itacoatiara (4.412 ocupações), Manacapuru (3.010), Presidente Figueiredo (2.950), Coari (2.663), Parintins (2.656) e Humaitá (2.171). Vale notar que, entre eles, apenas um gerou variação negativa, enquanto os demais geraram vagas celetistas. 

Agropecuária e auxílio

O “Novo Caged” não cruza os dados de empregos dos municípios com as atividades econômicas do Estado. Atividades mais comuns no interior, como comércio (+1.031 postos de trabalho), agropecuária (+16) e construção (+695) apresentaram expansão. Pela primeira vez, desde o começo da pandemia, o setor de serviços (+2.492) passou ao terreno positivo, sendo puxado para cima exatamente pelas atividades administrativas e serviços complementares (+1.713), mais comuns proporcionalmente no interior amazonense. O único dado negativo veio da indústria extrativa (-5).

Especialistas apontam que localidades do interior do Amazonas com populações pequenas e alta taxa de informalidade tendem a ser favorecidas pelo impacto de ações dos governos para gerar empregos, especialmente obras públicas. Em municípios maiores e mais próximos de Manaus, como Presidente Figueiredo e Iranduba, atividades locais típicas das localidades a exemplo de loteamentos imobiliários e olarias, no primeiro caso, e os setores rural, turístico e de indústria extrativa, no segundo.  

Durante a reunião mais recente do Codam (Conselho de Desenvolvimento do Amazonas), ocorrida nesta terça (27), o titular da Sedecti (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jório Veiga, comemorou as perspectivas de abertura de 217 novos empregos, por meio de três novos projetos agroindustriais, em Presidente Figueiredo (beneficiamento de pescado), Humaitá (cadeia da carne) e Manacapuru (derivados do leite), ressaltando o impacto econômico especialmente deste último. 

Em depoimentos à reportagem do Jornal do Commercio, o secretário estadual salientou que a agropecuária desponta como um dos vetores na geração de empregos no interior, em especial no Sul do Estado. Atividades portuárias e mesmo o setor de saúde – por força da pandemia – também teriam ajudado. Outro impulso positivo viria da injeção mensal de recursos do auxílio emergencial, benefício que ajudou a inflar contratações e a arrecadação não apenas nos municípios do Amazonas, como em todo o Brasil – especialmente nas regiões Norte e Nordeste. 

“O setor primário tem sido um bom incentivador da economia em vários municípios. Creio que boa parte dessas vagas venha de recuperação de postos, que foram desocupados por ocasião durante a pandemia, e agora estão sendo retomados. Nossa expectativa é positiva. Vemos que, em muitos setores, já há movimento acima do ano passado. A economia tem dado bons sinais. Creio que, em alguns meses teremos recuperado o nível de emprego de antes da atual crise”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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