22 de dezembro de 2024

Covid-19 na ‘veneza peruana’ ameaça região do Alto Solimões

A região do Alto Solimões, na tríplice fronteira do Amazonas, está sob alerta de disseminação da Covid-19. Conhecida como a ‘veneza peruana’, a cidade de Islândia registra um surto do novo coronavírus.

Já são mais de 82 casos de contágio em Islândia, ameaçando a população das cidades vizinhas de Benjamin Constant e Tabatinga (no lado brasileiro) e de Letícia, na Colômbia. A cidade peruana, construída praticamente sobre flutuantes, é um dos polos de abrangência de Iquitos, localizada na Amazônia peruana.

Islândia é capital do distrito de Yavarí, pertencente à amazônica região peruana de Loreto. Lá, não há gôndolas venezianas, mas ter um barco de madeira ou canoa na porta de casa é indispensável para fazer um passeio pelos arredores no meio da selva.

A cidade não tem hospital, o que complica a assistência aos pacientes de Covid-19 e de outras doenças, segundo o prefeito Juan Cayetano. Mas autoridades de saúde da capital Lima já estão se mobilizando para socorrer a ‘veneza peruana’ nesse momento de grave crise de contágios.

Ontem, a FVS-RCP (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto) divulgou um comunicado alertando sobre a propagação da doença na região. Os quatro municípios fronteiriços estão distantes mais de 1.100 quilômetros de Manaus. E lá, o intercâmbio comercial, social e cultural é intenso, pondo em perigo as populações das cidades.

Islândia também é próxima de Atalaia do Norte, na região do rio Javari, onde a Covid também pode se disseminar. A FVS-RCP já informou os casos de contágio aos Cievs (Centros de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde) estadual e nacional para controlar o surto de coronavírus na fronteira.

Na área, circula a variante Lambda (também conhecida como C. 37 ou variante Andina), identificada no Peru. Segundo a FVS, as ações de enfrentamento à Covid-19 são desenvolvidas em parceria com a Opas-Brasil (Organização Pan-Americana de Saúde), o Instituto Leônidas & Maria Deane-Fundação Oswaldo Cruz, SES-AM (Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas) e secretarias municipais de Saúde de Tabatinga, Atalaia do Norte e Benjamin Constant.

Plano

Representantes das instituições definiram o plano de ação para tratar de suportes aos municípios. As estratégias foram definidas durante uma reunião na sede da FVS-RCP, na manhã dessa quinta-feira (29).

“Está sendo estruturada uma ação conjunta para auxiliar esses três municípios. O objetivo é evitar a propagação do vírus e a introdução de novas variantes como a Lambda, classificada pela OMS como de grande potencial para causar transmissão comunitária”, informou o diretor-presidente da FVS-RCP, Cristiano Fernandes.

Segundo Fernandes, a vacinação contra a Covid-19 é a primeira linha de ação para bloquear a disseminação do surto no território brasileiro. “São necessários também a testagem para diagnóstico precoce e o rastreamento dos casos confirmados da doença”, acrescentou o diretor.

O virologista Felipe Naveca, pesquisador da Fiocruz Amazônia, disse que a instituição está ofertando todo o suporte em logística de laboratório e de pesquisa dentro da vigilância genômica para identificar linhagens  do novo coronavírus.

“Temos trabalhado em conjunto com a FVS desde o início da pandemia, ajudando no que for possível. Nessa ação específica, nós conseguimos também apoio de financiadores que tornaram disponíveis equipamentos de proteção individual que vão ser necessários para testar o maior número de pessoas e identificar as linhagens que estão circulando na região”, afirmou Naveca.

Foto/Destaque: Divulgação

Marcelo Peres

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