Em meio ao retorno das atividade de diversos setores da economia, nunca foi tão importante adotar novos hábitos para conviver com a nova realidade do covid-19. Distanciamento social, escalonamento, rodízio de colaboradores e testagem obrigatória em casos suspeitos, agora fazem parte da realidade de muitos colaboradores das empresas. Com o objetivo de auxiliar nesse novo cenário, infectologista dá dicas de protocolos sanitários que as companhias devem adotar para evitar novos contágios.
Muitas empresas adotaram medidas de trabalho para evitar a propagação do vírus no ambiente corporativo. Grandes companhias do PIM (Polo Industrial de Manaus), seguem todas as medidas necessárias no retorno de suas atividades. A Moto Honda da Amazônia retomou de forma gradual suas atividades produtivas. As linhas de produção foram reativadas gradualmente, com ritmo reduzido, para adaptação aos novos protocolos de saúde e segurança. Foram 27 protocolos seguidos que detalharam cerca de 200 medidas em toda a jornada do colaborador desde o momento em que sai de sua residência, no ônibus fretado, até o retorno.
Além disso, foram estabelecidas avaliações de saúde com medição de temperatura no acesso à fábrica; horários diferenciados e intercalados para evitar aglomerações; reorganização de espaços, limitação do número de pessoas e adoção de critérios de distanciamento mínimo em locais como ônibus fretados, linhas de produção, refeitórios e salas de reunião; novos critérios de higienização, limpeza e sanitização bem como a adoção de máscaras.
Seguindo o mesmo ritmo de cuidado em seu ambiente fabril, a Yamaha Motor da Amazônia retomou suas atividades adotando todas as medidas recomendadas pelas autoridades. Máscaras higienizadas e medição de temperatura para 100 % dos funcionários, terceiros e visitantes, aumento de número de rotas limitando em 50% a sua ocupação; limitação da capacidade do restaurante com redução em 50% do número de pessoas no mesmo local, duplicação da higienização das rotas, restaurantes, ambientes de trabalho e fábrica. saúde e familiares.
Segundo o último boletim epidemiológico divulgado pela FVS-AM (Fundação de e Vigilância em Saúde do Amazonas), na última quarta-feira (8), o Amazonas registrou a marca de 80.082 casos confirmados da doença, já o número de mortes chegou a 2.967. De acordo com a médica infectologista, Naiane Ribeiro Lomes, especialista e consultora da It’sSeg, terceira maior corretora independente de seguros do país especializada em gestão de benefícios em ambientes corporativos, enquanto a pandemia durar, a rotina de trabalho dos colaboradores nunca mais será a mesma.
“Algumas companhias estão estudando a volta gradual de suas atividades. Para que esse retorno seja seguro, estamos sugerindo aos representantes dessas empresas que sigam um protocolo sanitário rigoroso e consciente. Os gestores terão de fazer uma revisão aprofundada dos processos, e isto inclui a forma como os funcionários se relacionam e se comportam internamente. Atitudes que até pouco tempo eram consideradas inofensivas, como um abraço ou compartilhamento de materiais, não fazem parte dessa nova realidade”, disse.
Com objetivo de auxiliar as empresas no retorno de suas atividades a It’sSeg listou alguns cuidados importantes:
1 – Testagem dos funcionários
Fazer o teste epidemiológico para todos os colaboradores não é a prática recomendada pela especialista. “Não sugerimos às empresas que façam a testagem com todos os funcionários. Essa atitude não garante que a companhia cumpriu o seu papel identificando quem está saudável ou infectado. Recomendamos que ela teste apenas os suspeitos sintomáticos ou aqueles que tiveram contato com pessoas de casos confirmados. Fazer testagem em massa é ineficaz porque só gera altas despesas às empresas e seus resultados não são definitivos”, revela Naiane.
2 – Organização do espaço
A volta ao trabalho vai surpreender muita gente. As empresas terão de fazer diversas adaptações no ambiente corporativo para que o retorno da equipe seja feito com total segurança. “As cadeiras deverão respeitar um espaço mínimo de distanciamento de um metro e meio. As estações de trabalho deverão ser higienizadas com mais frequência e separadas por protetores de segurança, caso seja necessário, principalmente nos casos em que o distanciamento seguro não consiga ser aplicado. Os colaboradores ficarão responsáveis pela higienização constante dos materiais de uso pessoal e profissional. Outro aspecto importante é da realização de reuniões presenciais. Elas estão proibidas nesse momento para evitar aglomerações e possibilidade de contágio. O ideal é manter as reuniões virtuais”, detalha a infectologista da It’sSeg. “É recomendável que o colaborador leve sua refeição e a faça no próprio ambiente de trabalho. Essa prática evita circulação e contato com outras pessoas em restaurantes, por exemplo, aumentando a exposição e risco de contágio”, orienta.
3 – Quem pode voltar
Não é recomendada a volta ao trabalho de toda a equipe. O ideal é que esse retorno seja programado e feito de forma estruturada para que a empresa não seja prejudicada futuramente. “Estamos sugerindo às companhias que dividam suas equipes em grupos e que voltem à corporação em sistema de rodízio. Desta forma, fica mais fácil controlar uma eventual contaminação na empresa, testando e afastando apenas um time reduzido. Se voltam todos de um departamento e há um caso confirmado, todo mundo terá de ser afastado e essa área fica totalmente paralisada”, relata Naiane. “É aconselhável que a empresa adote alguns parâmetros para essa volta, como retorno inicial dos funcionários que não tem filhos em idade escolar, aqueles não pertencentes ao grupo de risco ou os que estejam seguros para uma nova rotina de trabalho”, completa.
4 – Cuidados para ida e retorno ao trabalho
O uso das máscaras e utilização do álcool em gel são apenas dois componentes dessa nova realidade. Há ainda outros protocolos e medidas de segurança que deverão ser adotados no deslocamento do funcionário ao trabalho. “Se o colaborador utiliza o transporte público, a atenção deve ser redobrada. É recomendável distanciamento de um metro de outras pessoas, higienização regular das mãos e utilização da máscara, que deve ser trocada a cada três horas”, comenta a especialista da It’sSeg.