26 de novembro de 2024

Custo da construção civil acelera no fim de ano no Amazonas

O custo da construção civil do Amazonas acelerou no encerramento de 2022. O preço do metro quadrado saltou de R$ 1.660,85 para R$ 1.678,77, o que correspondeu a uma elevação de 1,08%. O índice de reajuste estadual veio reforçado em relação ao registro anterior (+0,63%) e foi o segundo mais alto em todo o país, deixando para trás a média nacional (+0,08%) e o IPCA do período (+0,62%). Os dados são da pesquisa mensal do Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil) e foram divulgados nesta terça (10), pelo IBGE.

Assim como no mês anterior, a alta se concentrou unicamente no custo dos materiais, que pontuou 2,11% de acréscimo, em resultado muito próximo ao de novembro (+2,09%). Com isso, os dispêndios médios das construtoras amazonenses para esse fim aumentaram de R$ 1031,43 para R$ 1.053,22. Em contraste, o custo da mão de obra (R$ 625,55) recuou 0,62% diante do valor contabilizado no mês precedente (R$ 629,42). Em novembro, o passivo médio das construtoras amazonenses com os trabalhadores já havia caído 1,67%. 

Diferente do ocorrido com a média nacional, a taxa regional do Sinapi superou novamente a inflação oficial, conforme o mesmo IBGE. Pressionado pelos reajustes de alimentação, saúde e vestuário, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo subiu 0,62%, em alta mais forte do que a de novembro (+0,41%), reforçando o repique inflacionário iniciado em outubro. Ainda assim, a inflação oficial acumulada no ano (+5,79%) voltou a perder para as variações estadual (+15,17%) e nacional (+10,90%) do custo da construção civil. 

Com o índice de reajuste do custo do metro quadrado novamente acima da média brasileira (+0,08%), o Amazonas (+1,08%) subiu quarto para o segundo lugar do ranking nacional. Só perdeu para o Piauí (+2,64%), ficando logo à frente do Amapá (+1,01%). Na outra ponta, Bahia (-0,85%), Minas Gerais (-0,48%) e Espírito Santo (-0,27%) ficaram no rodapé de uma lista com oito deflações. No acumulado do ano, o Estado (+15,17%) permaneceu na quarta colocação, em um rol liderado pelo Mato Grosso (+20,52%) e encerrado pela Bahia (+6,79%).

Perto da média

O custo por metro quadrado no Amazonas (R$ 1.678,77) já se aproxima do valor da média nacional (R$ 1.679,25). Com os aumentos mensais consecutivos, o Estado já passou da 15ª para a 12ª posição, embora ainda seja apenas o sexto maior da região Norte. Os maiores valores estão em Santa Catarina (R$ 1.906,77), Rio de Janeiro (R$ 1.838,04) e Acre (R$ 1.800,14). No outro extremo, os dispêndios médios mais baixos se situaram em Sergipe (R$ 1.475,66), Alagoas (R$ 1.505,81) e Rio Grande do Norte (R$ 1.542,57).

O preço médio dos insumos para a construção no Amazonas (R$ 1.053,22) levou o Estado a galgar da 11ª para a sétima posição do ranking, superando mais uma vez a média nacional (R$ 1.001,20). Acre (R$ 1.178,25), Mato Grosso (R$ 1.112,28) e Tocantins (R$ 1.098,43) seguiram no topo, enquanto Alagoas (R$ 924,76), Sergipe (R$ 938,78) e Espírito Santo (R$ 943,22) confirmaram as últimas colocações. Com o recuo no custo da mão de obra do Amazonas (R$ 625,55) perdeu novamente para o dado brasileiro (R$ 678,05) e desceu do 13º para o 14º lugar, em uma lista com o valor mais elevado em Santa Catarina (R$ 863,48), e preço mais em conta em Sergipe (R$ 536,88).

“Momento atípico”

Em entrevista anterior à reportagem do Jornal do Commercio, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, ressaltou que índice de custo da construção civil do Amazonas foi reajustado em todos os meses de 2022 e alertou que a média móvel trimestral de novembro já indicava tendência de que os valores continuassem em alta no mês seguinte.

Em texto postado na Agência de Notícias IBGE, o gerente da Sinapi, Augusto Oliveira, observou que, a despeito das desacelerações seguidas no Sinapi nacional, a variação no custo médio do metro quadrado para as construtoras brasileiras ficou atrás do registro de 2021 (+18,65%) mas superou a marca de 2020 (+10,16%). “Portanto, mesmo com quedas recorrentes desde julho, o acumulado no ano ainda tem influência das altas captadas no momento atípico de pandemia”, frisou.

Segundo o pesquisador, as variações na parcela dos materiais, nos últimos meses de 2022, apresentaram taxas mais próximas às captadas em anos anteriores à crise sanitária, em contraste com os dados mais fortes dos dois anos anteriores. “Já para a parcela da mão de obra, em 2022, acordos coletivos passaram a repor os salários das categorias profissionais do segmento da construção civil, que tiveram poucos ganhos nos anos da pandemia. Além disso, o aumento da inflação, base para a reposição dos salários nos dissídios, acabou influenciando nos valores acordados”, analisou.

“Taxa de seca”

O presidente do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Amazonas), Frank Souza, que havia estimado que o Sinapi entraria em equilíbrio também no Amazonas, reiterou que o mercado já “não tem mais clima” para aumentos de preços de insumos. No entendimento do dirigente, outros fatores devem ser levados em conta para explicar a alta, como o fim do bônus deflacionário dos combustíveis, os bloqueios em rodovias federais surgidos após o segundo turno das eleições e, principalmente, o aumento do custo dos fretes em virtude da vazante atípica de 2022.

De acordo com o dirigente, a seca dos rios gerou problemas ainda maiores do que o embarreiramento de estradas para a formação dos custos dos insumos, dado que o transporte de cada contêiner que traz materiais a Manaus passou a contar com cobrança de ágio de até R$ 9.500. Frank Souza informa que era frequente o preço do serviço superar o da mercadoria em até duas vezes, contribuindo para um metro quadrado mais caro na mesma medida. 

“Essa taxa de seca cobrada pelos navios no transporte de materiais, por contêiner encareceu muito os preços dos produtos. Especialmente nos materiais para acabamento. Quando você cota, dá uma diferença boa. Outro material que ficou muito caro é o cimento. O dólar em alta também ajudou a aumentar os preços. Quanto à mão de obra, não há grandes sobressaltos. Quanto às perspectivas, ainda há incertezas. Temos perspectivas de uma taxa de juros mais baixa, para maior giro na economia e produtos mais baratos”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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