13 de setembro de 2024

Custo da Construção no Amazonas em março mostra menor variação para cima

O custo da construção civil do Amazonas voltou a subir em março, mas o índice de reajuste foi o menor em 13 meses. O preço do metro quadrado saltou de R$ 1.721,54 para R$ 1.726,21 em relação e subiu 0,27% na variação mensal. A taxa veio bem mais baixa do que a contabilizada em fevereiro de 2023 (+1,46%) e abril de 2022 (+1,93%), além de perder para o IPCA do período (+0,71%). Mas, voltou a superar a média nacional (+0,20%). É o que revelam os dados são da pesquisa mensal do Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), do IBGE.

Assim como nos meses anteriores, a alta se concentrou unicamente no custo dos materiais, que pontuou 0,42% de acréscimo, índice ainda inferior ao de fevereiro (+2,31%). Os dispêndios passaram de R$ 1.098,17 para R$ 1.102,84. Em contraste, o custo da mão de obra (R$ 623,37) voltou a estacionar – em sintonia com as oscilações na geração de empregos com carteira assinada do setor, conforme os dados pontados nos últimos meses pelo ‘Novo Caged’.

Assim como ocorrido com a média nacional, a taxa regional do indicador perdeu para a inflação oficial, conforme o mesmo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pressionado pelos reajustes de combustíveis, planos de saúde e energia residencial, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo subiu 0,71 % em março, em alta mais comedida do que a de fevereiro (+0,84%). Mas, a inflação oficial acumulada no trimestre (+2,09%) e em 12 meses (+4,65%) ainda perde por margem significativa para as respectivas variações estaduais (+2,82% e +14,47%) do custo da construção civil e nem tanto para o dado brasileiro do Sinapi (+0,59% e +9,06%).

Acima da média

Mesmo com a taxa de alta mensal novamente acima da média brasileira, o Amazonas caiu do segundo para o oitavo lugar do ranking nacional. Bahia (+1,68%), Paraná (+0,79%) e Paraíba (+0,69%) dividiram o pódio. Na outra ponta estão Pernambuco (-0,32%), Rio de Janeiro (-0,22%) e Pará (-0,17%), em meio a dez deflações e duas estagnações. No acumulado do ano, o Estado segue em primeiro lugar, assim como Pernambuco (-0,98%) continua em último. Em 12 meses, caiu da segunda para a terceira colocação, em um rol liderado pelo Rondônia (+15,97%) e encerrado pela Bahia (+5,55%).

Com os aumentos mensais consecutivos, o custo por metro quadrado no Amazonas (R$ 1.726,21) manteve a vantagem sobre a média brasileira (R$ 1.689,13). Mas permaneceu na 11ª posição do ranking brasileiro e é apenas o quinto maior da região Norte. Os maiores valores estão em Santa Catarina (R$ 1.906,27), Rio de Janeiro (R$ 1.836,58) e Acre (R$ 1.814,78). No outro extremo, os dispêndios médios mais baixos se situaram em Sergipe (R$ 1.488,23), Alagoas (R$ 1.518,63) e Pernambuco (R$ 1.535,79).

O preço médio dos insumos (R$ 1.102,84) segurou o Estado na quinta posição do ranking, e mais uma vez acima da média nacional (R$ 1.002,60). Acre (R$ 1.185,45), Tocantins (R$ 1.112,72) e Rondônia (R$ 1.109,66) ficaram no topo, enquanto Alagoas (R$ 928), Sergipe (R$ 930,33) e Espírito Santo (R$ 938,96) ficaram na base. Com a nova estabilização no custo da mão de obra, o Amazonas (R$ 623,37) perdeu novamente para o dado brasileiro (R$ 683,80) e desceu do 17º para o 18º lugar. Santa Catarina (R$ 863,48) e Sergipe (R$ 547,90) ficaram nos extremos.

Cenários diferentes

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, reforçou à reportagem do Jornal do Commercio que o custo da construção amazonense “subiu muito pouco” em março e reduziu o processo de “aumentos constantes” dos últimos meses – o indicador encerrou 2022 com incremento superior a 15%. O pesquisador informa que, nesse cenário, o custo do metro quadrado de uma casa popular, de “padrão normal”, dois quartos, e 40 metros quadrados, não sairia por menos de R$ 2.006,85 em março. E assinala que a tendência ainda é de aumento de preços.

“Mesmo com a pequena variação, o Estado teve a oitava maior alta do país no mês de março, indicando que o reajuste embora pequeno, foi significativo. Março já acumula quase 3% de aumento, o que representa quase 1% de aumento médio em cada mês. Esse dado ajuda no planejamento do custo de uma obra. A média móvel trimestral ainda está em alta, indicando que o índice ainda pode continuar em amentando nos próximos. Porém, a retração das vendas pode inibir aumento nos preços”, ponderou. 

Em texto postado na Agência de Notícias IBGE, o gerente da Sinapi, Augusto Oliveira, destacou que a sondagem detectou novamente um cenário diferente para a média nacional, que apresentou quedas “significativas e abrangentes” nos valores dos insumos do segmento de aço, desde outubro de 2022. “Estamos verificando uma estabilidade que vem ocorrendo desde o ano passado. A parcela dos materiais tem sido menos impactada por eventos externos como a pandemia. Alguns Estados apresentaram queda nos custos, outros já apresentaram este cenário em meses anteriores.

“Mercado favorável”

O presidente do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Amazonas), Frank Souza, considerou que a variação do custo para atividade foi “pequena”, em um cenário em que o preço dos materiais tem puxado a evolução dos preços. De acordo com o dirigente os insumos já respondem por 62% do preço do metro quadrado amazonense, enquanto a mão de obra representa apenas 38% desse passivo contábil. “A pesquisa confirma que o mercado está favorável para quem quer comprar imóveis, pois o preço do metro quadrado não tem acompanhado a inflação”, ressaltou.

Frank Souza destaca, por outro lado, que o preço do cimento subiu 7%, em média, no período assinalado, e que o aço ficou em torno de 10% mais caro. E acrescenta que, ainda assim, o impacto veio reduzido. Mas, avalia que o esfriamento da economia também tende a influenciar nos preços. “Temos algumas commodities subindo, talvez em virtude da instabilidade da economia global, com impactos em insumos importantes, como aço e cimento. Mas, se tiver de falar de tendencia, eu diria que teremos uma queda nos valores dos materiais. O mercado está recessivo, e com baixas vendas de produtos para a construção”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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