A oito dias da segunda visita da presidente Dilma Rousseff ao Estado do Amazonas depois de eleita, vários deputados estaduais resolveram atacar a presidente na Assembleia Legislativa. Foi o que aconteceu na sessão de ontem, 17, quando Marcelo Ramos (PSB), Wanderley Dallas (PMDB), Marco Antônio Chico Preto (PP) e Sidney Leite (DEM) acusaram Dilma de discriminar a Zona Franca de Manaus. Marcelo criticou a presidente pelo veto a uma emenda à LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) da União, de autoria da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), proibindo o governo federal de contingenciar verbas da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus). Segundo o parlamentar, “o mais grave é que o senador Eduardo Braga (PMDB), que coordena a bancada, disse que vai votar a favor do veto”.
Marcelo qualificou a atitude presidencial de “mais uma decisão do governo federal contra os interesses do povo do Amazonas e do PIM (Polo Industrial de Manaus), e também criticou a bancada amazonense no Congresso Nacional. “Subserviência tem limite, mas parece que a nossa bancada não sabe disso, e o pior é que vai votar contra a própria emenda apresentada”, desabafou, lamentando que o senador Braga venha aconselhando a bancada federal a votar a favor do veto de Dilma.
O deputado socialista destacou que nos últimos 12 anos já foram contingenciados recursos da ordem de R$ 1,2 bilhão da Suframa e a previsão para este ano é que sejam contingenciados mais R$ 450 milhões, que poderiam ser aplicados em projetos de desenvolvimento para a região, em apoio à criação de um novo modelo econômico baseado na bioindústria e na biotecnologia. “Infelizmente, os recursos da autarquia, arrecadados por intermédio do pagamento de taxas das empresas do PIM, não ficarão aqui no Estado”, afirmou.
Fazendo um balanço dos prejuízos do Estado do Amazonas sob o governo Dilma Rousseff, Ramos apontou que a MP 534 baixou a alíquota do PIS/Cofins e IPI para beneficiar a indústria de tablets no Sudeste do país, notadamente em Jundiaí (São Paulo). “A presidente Dilma e ministros como Aloizio Mercadante e Fernando Pimentel, ao anunciarem as novas medidas da política industrial nacional adotada pelo Palácio do Planalto, deixaram claro que não cabe em seus planos um polo industrial em Manaus”, fustigou.
Estado esquecido
Wanderley Dallas (PMDB) foi outro parlamentar que não poupou críticas à presidente Dilma Rousseff (PT) no Legislativo Estadual. Para ele, a presidente “esqueceu o Amazonas, apesar de ter recebido perto de 88% dos votos válidos nas eleições de 2010”. De acordo com ele, no pleito eleitoral passado “a então candidata Dilma veio ao Amazonas e prometeu que a Zona Franca de Manaus seria intocável e que todos os problemas que envolvessem o Estado seriam prontamente resolvidos, mas nada disso aconteceu, o Amazonas foi esquecido, a despeito dos esforços do governador Omar Aziz na tentativa de evitar que o modelo econômico responsável pelo desenvolvimento do Amazonas seja destruído”.
Marco Antônio Chico Preto (PP) também não poupou Dilma Rousseff, ressaltando que a presidente “tem que cumprir o que prometeu ao Amazonas. Não o fazendo, nos deixa à vontade para defendermos nossa gente da ameaça da crise que pode ocorrer caso nossos pleitos não sejam aprovados”, disse ele. Sidney Leite (DEM) foi outro a atacar a presidente por ter virado as costas para o Amazonas. “Nosso Estado está mesmo esquecido”, disse, acusando o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) de “nunca ter participado de uma reunião do CAS (Conselho de Administração da Suframa)”. Ele acusou, ainda, ministro da Saúde, Alexandre Padilha, de nunca ter vindo ao Amazonas, “que é o Estado que detém a maior população indígena do país”.