O varejo da capital amazonense projeta alta de 3,10% para as vendas do Dia dos Pais deste ano. A receita bruta aguardada é de R$ 98,9 milhões, para um ticket médio de R$ 110. Os dados estão na pesquisa da CDL-Manaus (Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus). O percentual de crescimento aguardado praticamente empata com o alcançado em 2023 (+3,1%) pela mesma data comemorativa, a quarta mais importante do setor.
Em sintonia com as vendas mornas deste ano, no entanto, o percentual está pouco abaixo da inflação oficial pelo IPCA medido nos 12 meses encerrados em junho (+3,16%). A proporção de consumidores de Manaus dispostos a comprar presentes para o Dia dos Pais é significativa e chega a 91%. Mas, ficou dois pontos percentuais aquém do ano passado (93%). Em meio a repiques inflacionários e a pausa no ciclo de cortes da Selic, o consumidor ainda prioriza produtos de menor valor agregado.
Vestuário, calçados e perfumaria respondem por 51% das escolhas e 68% esperam limitar os dispêndios a R$ 200. Por esse mesmo motivo, o consumidor manifesta intenção de fugir do crédito e prioriza o preço na hora de comprar. Mas, também prefere os shoppings e considera que a qualidade dos produtos também deve ser levada em conta. Entre os entrevistados pela CDL-Manaus que já manifestaram interesse em comprar no Dia dos Pais, a faixa de gastos predominante é a que vai de R$ 101 a R$ 200, que detém quase metade das intenções de compra (48%).
Na sequência, estão aqueles que pretendem dispender até R$ 100 (20%), entre R$ 201 e R$ 500 (18%), de R$ 501 a R$ 999 (9%) e de R$ 1.000 em diante (2%). Em torno de 3% ainda não pararam para pensar sobre esse quesito. As principais justificativas apontadas para não comprar são o falecimento do pai (40%), ou “distância, doenças, etc” (40%). Mas, 20% alegam falta de dinheiro.
Pagamentos e locais
A lista de compras deste ano é encabeçada por vestuário (23%), calçados (15%) e almoço/ jantar (14%) e perfumaria (13%). Produtos de maior valor agregado, como relógio e joias (7%), celulares (6%), ferramentas (5%) comparecem nas posições seguintes, assim como vinhos cervejas (5%), carteiras e similares (4%), artigos esportivos (3%) e livros (1%), embora 4% ainda se digam indecisos. Desta vez, a CDL não forneceu a lista de desejos dos homenageados.
A sondagem mostra também que os homenageados não são apenas pais (57%), mas também esposos (22%), mães (7%), filhos (7%), avôs (3%), tios (2%) e padrastos (2%). Em linha ainda com a manutenção das taxas de juros bancários em patamares proibitivos, oscilações inflacionárias e dificuldades de manter o endividamento familiar, o consumidor de Manaus diz que vai priorizar meios de pagamento à vista, como Pix (33%), cartão de débito (17%) e dinheiro (15%). Quem opta por prazos de pagamentos mais folgados ainda mira principalmente no cartão de crédito parcelado (28%), mas também no crédito à vista (3%), ou mesmo pelo crediário da loja (3%) e “parcelado no cartão da loja” (1%).
Assim como ocorrido nas pesquisas mais recentes para as demais datas comemorativas, a maioria (33%) confirma predileção por shoppings centers como locais de compra –embora o percentual seja menor do que no ano passado (45%). O comércio do Centro de Manaus continua caindo no ranking e, desta vez, é a escolha de 25%. Já a parcela de consumidores disposta a comprar no comércio presencial das lojas de bairro (20%) ficou praticamente empatado com a intenção de compra pela internet/mídias sociais (18%).
Apenas 4% dizem que vão comprar nos supermercados. Preço (22%) e promoções (15%) estão entre os fatores preferenciais apontados para a escolha do produto, mas o consumidor destaca também a qualidade dos produtos (15%), assim como variedades (13%) e atendimento (11%) como critérios importantes de compra. Completam a lista os fatores de comodidade (8%), localização (7%), facilidade de pagamento (6%), e estacionamento (3%).
“Venda na veia”
Para o presidente da CDL- -Manaus, Ralph Assayag, o adiantamento da primeira parcela do 13º salário dos servidores da Prefeitura de Manaus e do Governo do Estado, que está injetando R$ 382,85 milhões na economia amazonense, deve alavancar as vendas do Dia dos Pais. “Sem dúvida, isso vai ajudar muito o movimento do início de agosto. Esse é o segundo semestre, que a gente geralmente acredita que começa a ter um bom resultado. Provavelmente, entre 30% e 35% dos consumidores vão pagar dívidas, já que a taxa de inadimplência subiu entre junho e julho. Mas, assim voltam a ter crédito e o comércio melhora. O resultado vai ser venda na veia”, frisou.
Em entrevista recente à reportagem do Jornal do Commercio, o ex-presidente da ACA (Associação Comercial do Amazonas), e atual integrante do Conselho Superior da entidade, Ataliba David Antonio Filho, reforçou que o Dia dos Pais é importante para o varejo, mas o consumidor mantém a cautela com os gastos adquirida nos tempos da pandemia. No entendimento do comerciante, o diferencial da data também contribuiria para números mais acanhados. “Prevalece o varejo a vista e de valores para pequeno consumo. Isso, mais uma vez, atesta a predominância do perfil do consumidor comedido, que se resguarda do endividamento e da inadimplência. Há de se destacar também o diferencial das datas.
No Dia das Mães e no Dia dos Namorados, os segmentos mais demandados são os de perfumaria, eletrodomésticos e até lingerie. No caso do Dia dos Pais, seriam ferramentaria e artigos esportivos, por exemplo”, arrematou.
