Dívida é compatível com caixa

Em: 7 de outubro de 2013
Estatal afirma que maior parte do endividamento vence em sete anos

O perfil atual dos vencimentos da dívida da Petrobras é compatível com a geração de caixa futuro da companhia, com a maior parte desse endividamento registrando prazo de vencimento igual ou superior a sete anos, informou hoje a estatal, que ontem teve seu nível de risco da dívida em moeda estrangeira e local rebaixada pela agência de ratings Moody’s.
A Moody’s anunciou na última quinta-feira que revisou as dívidas da estatal brasileira de A3 para Baa1, com perspectiva negativa, mantendo o grau de investimento. Com isso, a companhia brasileira retorna ao patamar que se encontrava em junho de 2011.
A Petrobras argumentou em nota que não elevou o seu programa de investimentos entre 2012 e 2013, mas reconheceu que o plano de US$ 236,5 bilhões é “robusto”. A empresa ainda destacou “o fortalecimento da governança da companhia com maior rigor na aprovação de novos projetos”.
“A Petrobras manteve o mesmo nível de investimento focando na conclusão dos projetos em execução sem alteração de seus escopos”, declarou.

Metas

Ao assumir a presidência da companhia, em 2012, Graça Foster fez o que classificou de “metas realistas” para o plano de negócios, reduzindo em 700 mil barris de petróleo por dia a meta de produção em 2020, para 4,2 milhões de barris/dia.
“Historicamente, a Petrobras não cumpre suas metas de produção. Verificamos que nos oito planos de negócios (anteriores), não temos cumprido nossa meta de produção. Uma de nossas conclusões é que nosso plano esteja sendo trabalhado em metas ousadas, que se mostraram metas não-realistas ano após ano”, criticou Graça ao apresentar o novo plano.
A executiva também implantou programas focados no controle de custos e na execução e entrega dos projetos, que segundo a companhia “irão ajudar a conter aumentos de investimentos e concretizarão o crescimento da produção”.
Pela primeira vez, a empresa também separou planos em implantação (US$ 207,1 bilhões) e em avaliação (US$ 29,6 bilhões), indicando ao mercado que só faria os projetos em avaliação, onde se encaixam as novas refinarias que a empresa está implantando no Nordeste, se fossem financeiramente viáveis.
Na semana passada, Graça informou que lançará entre março e abril as licitações para construção das unidades, que terão parceiros internacionais para dividir os gastos. A Petrobras admite também ser minoritária nas duas refinarias, uma no Maranhão e outra no Ceará, para usar menos o seu caixa, a exemplo do que fez no leilão de petróleo deste ano, onde foi minoritária em vários consórcios.

Dívidas

A revisão da Moody’s reflete a alavancagem financeira e a expectativa de fluxo de caixa negativo da Petrobras nos próximos anos, devido à implementação do programa de investimentos da companhia. Desde 2009, a dívida da companhia aumentou 210%.
Na visão da agência, a expectativa é de um maior nível de alavancagem financeira, com picos em 2013 e 2014, mas tendendo a declinar a partir de 2015, na medida em que a execução do plano de investimentos seja bem-sucedida e as metas de produção atingidas.
A expectativa da Petrobras é de que o aumento de produção gere mais receita para cumprir o plano, ao mesmo tempo que negocia com o governo um novo aumento de combustíveis este ano, para equiparar o preço ao mercado internacional, e também uma nova política de reajustes, para evitar a asfixia do caixa da empresa.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
Pesquisar