24 de novembro de 2024

Domingo é Dia do Tacacá, faça chuva ou sol

Evaldo Ferreira: @evaldo.am

Fotos: Evaldo Ferreira

No dia 18, domingo, é comemorado o Dia do Tacacá, uma das iguarias mais tipicamente amazônica, saboreada e apreciada de norte a sul e de leste a oeste da região. Em Belém existe até uma associação de tacacazeiras, a Astacom (Associação das Tacacazeiras e Comidas Típicas) e neste domingo a capital paraense recebe a terceira edição do Festival das Tacacazeiras de Belém. Sopa indígena, o tacacá é milenar. Registros escritos seculares de europeus que se embrenhavam pelos rios da região, descrevem esse alimento consumido nas tribos indígenas. O certo é que o tucupi, misturado com a goma da mandioca, mais jambu, cebola e cebolinha verde picadas, e camarão fazem sucesso até hoje entre o povo do Norte.

Rô Macambira é figura conhecida em Maués, afinal sua mãe, Helena, foi uma tacacazeira famosa na terra do guaraná, mantendo uma banca, na frente da casa, por décadas. Assim como Rô aprendeu a preparar a iguaria com a mãe Helena, esta por sua vez também aprendeu a fazer tacacá com sua mãe, Maria de Souza, e sabe-se lá desde quando esse aprendizado vem sendo repassado de mãe para filha.

“Eu achava muito bonito ver minha mãe preparando o tacacá. Você percebe que a pessoa está fazendo aquilo com todo carinho e amor. Por isso seu tacacá era tão apreciado. Ela criou todos os filhos, vendendo iguarias na sua banca”, recordou.

Na banca de dona Helena também não faltavam o bolo de macaxeira, o croquete, o churrasco e o lambari, que não é um peixe, mas um tipo de pão, segundo Rô, só encontrado em Maués.

“Em cada esquina da cidade você encontra um ponto de venda de lambari, uma mistura de ovo, castanha e erva doce numa massa de goma de tapioca e polvilho”, informou.

De Maués para ManausHá dez anos, Rô, o marido Amino Vasconcelos, técnico de som, e os três filhos, vieram para Manaus.

“Um dia o pessoal do Clube da Assua (Associação dos Servidores da Ufam) perguntou se eu queria montar um box durante os eventos que eles organizavam lá. Montei e, lógico, todos gostaram do tacacá. Quando cursei a faculdade de turismo, os colegas e os amigos iam lá em casa, e eu oferecia tacacá, e só recebia elogios. Também tive um box na Feira de Produtos Regionais da Nilton Lins. Mais boas vendas. Foi quando tive a ideia de ter um espaço que permanecesse sempre aberto”, contou.

Esse local foi a praça da Cavalaria, no Dom Pedro I, próximo à casa de Rô. Em 2017, junto com o marido, ela montou um espaço de arte e gastronomia na praça, o ‘Tacacá da Rô com arte’, onde o marido montava o som e trazia amigos artistas da música para se apresentarem, e ela organizava as barracas com os mais variados tipos de comida.

“Fez muito sucesso. Todas as sextas-feiras a praça era uma festa só, mas aí veio a inveja de algumas pessoas do bairro e, em 2018, achamos melhor sair de lá. Hoje a praça fica ‘morta’ nas sextas-feiras, em compensação, eu, o Amino e meus filhos passamos a trabalhar aqui em casa. O ‘Tacacá da Rô com arte’ foi trazido pra cá. Infelizmente apareceu a pandemia e tivemos que fechar nossa casa para quem vinha aqui ouvir música e tomar tacacá, mas devo dizer que essa situação só ajudou os meus negócios, pois o delivery teve um impulso como nunca tinha tido antes”, revelou.

Rô e Amino ainda estão decidindo se reabrem o espaço do ‘Tacacá da Rô’, porque o delivery continua aquecido desde 2020 e 2021.

Um bom tucupi

“Um dos segredos para se fazer um bom tacacá é o tucupi. Se não for bom, o tacacá segue o mesmo caminho. Outro segredo é saber prepará-lo, mas isso é uma coisa que só o tempo ensina”, afirmou.

O espaço do ‘Tacacá da Rô’ é excelente para quem deseja saborear essa sopa amazônica conversando com amigos. Bancos de madeira estilizados e uma pequena bancada onde a tacacazeira coloca a panela com o tacacá e os ingredientes dentro de cuias: a cebola e a cebolinha verde, os camarões e, à parte, a pimenta, para quem gosta. Para completar, som ambiente. Existe até um espaço para selfies: uma cuia imensa, ‘até o tucupi’, de tacacá, com dois camarões gigantes, obra do artista parintinense Wandir Santos.  

“Quando abrimos, em 2018, tínhamos música ao vivo. Eu tocava, meus filhos tocavam e eu trazia amigos músicos. Com o espaço fechado, nesses dois anos, estamos avaliando se reabriremos como antes”, falou Amino.

“Porém, o que nunca deixamos faltar é o tacacá. As pessoas podem solicitar, que mandamos entregar. Já os outros produtos, que também faço, precisam ser encomendados: os lambaris, os pães caseiros e os bolos no sabor que o cliente desejar”, explicou.

“Sigo o que aprendi com minha mãe. Fazer tudo com amor. Por isso o tacacá dela sempre fez sucesso. E o meu também”, riu.

O ‘Tacacá da Rô’ está localizado na rua Tomé de Souza, 137 – Dom Pedro I. O telefone para pedidos é: 9 8240-0059. Para saber mais sobre os produtos produzidos pela Rô basta acessar seu Face e Instagram.

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Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio

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