Em um setor ainda dominado pelo público masculino, presença do capital intelectual feminino na área de TI (Tecnologia da Informação) ganha destaque dentro das empresas. A capacidade de tomar iniciativas, agir com resiliência, investir no autodesenvolvimento e focar nos resultados, foram um dos pontos destacado no perfil feminino, segundo uma pesquisa elaborada pela Zenger/Folkman (Consultoria de Desenvolvimento de Liderança). Na análise do estudo realizado neste ano, a pesquisa concluiu que as mulheres foram eficientes em 85% dos critérios.
O resultado da pesquisa dá sinais de que a competência técnica feminina tem crescido cada vez mais dentro do mercado de TI, e segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a tendência é que o aumento deste capital intelectual acompanhe o crescimento do segmento no país. No Brasil, 20% dos profissionais que atuam no mercado de TI são mulheres.
Formada em Ciência da Computação com mestrado em engenharia de produção, a diretora de tecnologia da FPF Tech (Fundação Paulo feitoza), Andréia Freitas Vieira, explica, que a área é um grande leque de oportunidades e constantes desafios. A busca pelo conhecimento e amostra da competência na profissão foram as importantes armas que provaram sua capacidade técnica de forma a igualar-se ao público masculino.
Ela explica, que apesar da mudança cultural dentro do segmento – onde a presença feminina tem se destacado – o caminho percorrido ao longo dos seus 16 anos de experiências foi repleto de constantes desafios e consolidação no mercado. Apesar disso, ela ressalta que as oportunidades para este público tem surgido dentro das empresas, onde muitas mulheres buscam atuar em segmentos específicos da profissão.
“Acredito que esse cenário melhorou bastante. Tem existido uma consciência geral de que o gênero de uma pessoa não define sua capacidade. Na FPF Tech, que é minha realidade hoje, não percebo preconceito ou falta de oportunidades para as mulheres da área, pelo contrário, a empresa provê as mesmas oportunidades para qualquer colaborador. Mas, percebo que no geral, muitas mulheres optam por trabalhar em áreas específicas”, disse.
Conforme informações da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), 15% dos alunos dos cursos de ciências da computação e engenharia são mulheres e cerca de 20% do setor de TI tem presença feminina.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de computação, apenas 15% das matrículas nos cursos de Ciência da Computação e de Engenharia são feitas por mulheres, e apenas 17% são programadoras no Brasil.
Há 14 anos no mercado de trabalho, a desenvolvedora de software Gabrielle Lima, explica que o campo de atuação na área de TI são vastas e oferece inúmeras oportunidades para quem deseja atuar, independente do gênero. Ela destaca, que um dos motivos de ter uma presença menos atuante é o fato da área atrair pouco o público feminino.
"O principal desafio é que ainda é uma área masculina, faltam mais mulheres interessadas e que gostem. Por ser uma área de exatas você ver muito mais homens do que mulheres, não porque eles são melhores, mas porque o interesse deles é maior.. Eu estudei com mulheres na faculdade com uma capacidade muito boa que estão se destacando no mercado. O que eu percebo é que nessa área ou a mulher ama ou odeia", disse.
Gabrielle explica, que as diversas áreas que a tecnologia da informação oferece, dá oportunidade às mulheres de escolherem onde atuar. O cenário é propício para desenvolver novas habilidades e mostrar grande potencial técnico para crescer na profissão. Na Fundação Paulo Feitoza, empresa onde ela atua, o ambiente de trabalho tem tido cada vez mais a presença do capital intelectual feminino destacando-se em um mercado de grande potencial de atual.
“Hoje a área de TI tem mais campos de atuações e nota-se que existem mais mulheres investindo em testes de software, pelo fato de ser uma área minuciosas as mulheres se interessam mais. Tem também a área de analista onde ela vai ao cliente obter informações no segmento de negócios e hoje as oportunidades melhoraram bastante. Na FPF Tech é visível muitas mulheres em cargo de coordenação e diretoria. Nunca vi resistência masculina, pelo menos nunca passei por isso”, disse.
Desafio
Em uma pesquisa realizada neste ano, pela consultoria Yoctoo, empresa especializada em recrutamento de profissionais de TI, apesar de um grau de instrução mais elevado do que os homens do setor, 82,8% das mulheres entrevistadas já sofreu preconceito em seu ambiente de trabalho. Nas universidades e cursos de tecnologia, 61,8% passaram pela situação.
Na visão de Zeina Feitosa Oliveira, graduada em ciência da Computação e há 9 anos no mercado, de forma geral dentro da profissão, ganhar o respeito, a confiança e credibilidade dos clientes ou colegas de trabalho ainda é um grande desafio. “Infelizmente muitos ainda possuem um mindset antigo de que a área de exata não é compatível com a mulher ou que as mulheres não têm capacidade de aprendizado e negociação, contudo, vale ressaltar que o aprendizado não está diretamente associado ao gênero de uma pessoa”, disse.
Apesar desse desafio, Zeina destaca, que muitas empresas de tecnologia tem mudado essa postura e passaram a compreender a importância do capital intelectual humano independente do gênero. “Nesse mercado de TI ainda há uma grande disparidade entre os gêneros, mas estamos evoluindo graças a mudança de mentalidade dos gestores das empresas e da alta demanda de serviços para profissionais da área de TI, que atualmente está escasso, então o mercado em si se sente ‘obrigado’ a absorver a mão de obra feminina qualificada. O cenário está mudando. Na FPF Tech onde eu trabalho por exemplo, temos uma mulher assumindo a diretoria de tecnologia”, disse.