24 de outubro de 2024

Empresários aguardam efeito nas vendas

Com o anúncio das mudanças no sistema de pagamento de cartão de crédito feito pelo governo Temer, empresários amazonenses aguardam que as medidas possam movimentar a economia e melhorar a eficiência da indústria de cartão de crédito, além de beneficiar comerciantes e consumidores.

Hoje, lojistas levam até 30 dias para receber o pagamento de uma compra feita na modalidade e a equipe econômica espera reduzir esse período gradualmente para dois dias, como é em outros países. De acordo com o Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles a diminuição do prazo, depende apenas da resolução do CMN (Conselho Monetário Nacional) para ser definida.

Outras medidas anunciadas são a cobrança de preço diferente do mesmo produto de acordo com a forma de pagamento do consumidor e as máquinas de cobrança de cartão das lojas, que terão que ser compatíveis com todas as bandeiras. Atualmente cerca de 80% da atividade comercial é paga com cartão de crédito.

Na avaliação do vice-presidente da Fecomércio (Federação do Comércio do Amazonas), Aderson Frota, as medidas anunciadas são excelentes e tem o papel de inibir as altas taxas de juros praticadas, o que torna as mercadorias mais caras. ” Hoje o cartão de crédito cobra em média 4,5% de taxas de administração e se o lojista não quiser esperar 30 dias e antecipar esse valor, ele vai pagar até 3,5% para a empresa.

Se juntar isso tudo, no total ele vai dar 8,5%, um custo elevadíssimo para operar no cartão de crédito, fora a taxa de aluguel. Nessa operação está envolvida a bandeira, a operadora e o banco que operam no processo de recebimento, tornando a mercadoria mais cara e pesando no bolso do consumidor. Ou seja, o governo quer reduzir o custo não só do lojista, mas para o próprio portador que paga anuidade”, explicou.

Referente a cobrança de preço diferente do mesmo produto de acordo com a forma de pagamento, o vice-presidente acredita que a medida estimulará a competição entre os diversos meios de pagamento e reduzirá os juros do cartão de crédito. “Quando o consumidor parcela uma compra os juros estarão embutidos nela e lamentavelmente pagará por esse custo. A única vantagem do cartão de crédito é a facilidade de comprar e não ficar com muito numerário na carteira. Hoje se observar a atividade comercial varia de 80% a 90% que são pagas com cartão de crédito e com a cobrança de preços diferenciados, movimentaria mais dinheiro em espécie no mercado”, analisa Frota. Segundo ele, o governo é sensível a esses custos e acredita que pequenas medidas vão levar grandes vantagens ao consumidor.
Já para o presidente da Assembleia Geral e Conselho Superior da ACA (Associação Comercial do Amazonas), Ismael Bicharra, as mudanças não ficaram esclarecidas e questiona como será feito o processo de pagamento antecipado aos lojistas. “Esses dos dias como que poderia ser? É importante que para o Brasil as regras sejam bem claras e específicas”, disse. De acordo com Bicharra, com relação aos pagamentos diferenciados, será uma estímulo à economia e as próprias empresas farão preços melhores.

“Não é uma injustiça, porque as taxas são de 3,6% a 6%, consideradas muito altas dependendo do tipo e força do estabelecimento. Se eu vou comprar e posso pagar em dinheiro é mais vantajoso por eliminar as taxas do cartão de crédito se caso fosse parcelar. É negociar em cima do dinheiro e bom para o empresário que recebe na hora, além de movimentar a economia com espécie e as próprias empresas praticarão preços cada vez melhores para o consumidor. Mas só não pode misturar as informações, tem que criar uma única regra”, comentou o empresário. Segundo ele, nos Estados Unidos por meio de administração, o cartão é vantagem para o estabelecimento e para o portador.

O vice-presidente da CDLM (Câmera de Dirigentes Lojistas de Manaus), Ezra Ben Zion Manoa, em relação as mudanças no sistema de pagamento de cartão de crédito, reforça que já existe parcelamento sem juros de valor fixo e também questiona como será feito o processo de pagamento antecipado aos lojistas. “Como vão adiantar o valor integral sem haver descontos? Para trazer parcelas de 30 dias para apenas 2 dias, alguém vai pagar essa conta”, sentencia. Para ele, é importante diferenciar o pagamento na hora da compra. “Eu acho muito difícil praticar vários tipos de preços e dessa maneira tem que ter o diferencial de à vista, débito e crédito. Assim, ou é parcelado ou à vista”, finaliza vice-presidente da CDLM.

Mudanças permanecem

Nesta quarta-feira (21), o ministro da Fazenda Henrique Meirelles, afirmou que, a diminuição do prazo depende apenas da resolução do CMN (Conselho Monetário Nacional) para ser definida. De acordo com ele, se não houver queda dos juros do cartão de crédito até janeiro de 2017, o CMN reduzirá o prazo de pagamento dos bancos e operadoras de cartão aos lojistas.
Ainda segundo o ministro, o governo espera que os bancos baixem os juros de forma voluntária nos próximos 30 dias, mas caso a redução não ocorra, a equipe econômica mudará o prazo no primeiro mês do ano. Meirelles comentou que o governo está tomando uma série de medidas, não apenas relativas aos cartões de crédito, para que os bancos reduzam os juros. “Estamos aperfeiçoando estrutura de funcionamento do cartão de crédito. Estamos tomando uma série de medidas que permitam os bancos a baixar os juros e a reduzir o custo do sistema financeiro”.

Segundo executivos de bancos, a redução no prazo de pagamento das compras no cartão para os lojistas teria o potencial de elevar os juros cobrados no rotativo, direção contrária da esperada pelo governo. E os emissores de cartões reclamam que isso elevaria o custo da operação porque os clientes levam até 40 dias para pagar as compras, sem juros. Por isso, teriam um custo maior com captação de dinheiro para emprestar.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.

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