24 de novembro de 2024

Encantos da Zona Oeste de Manaus

A Zona Oeste de Manaus é repleta de encantos, aos olhos de quem vê a cidade pela primeira vez, é facilmente reconhecida como cenário de vários cartões postais. É uma das seis zonas da cidade, sendo a segunda maior em tamanho, possui mais de 12 mil hectares que são divididos em 12 bairros: Compensa, Glória, Lírio do Vale, Nova Esperança, Ponta Negra, Santo Agostinho, Santo Antônio, São Jorge, São Raimundo, Tarumã, Tarumã-Açu e Vila da Prata.

Seu bairro mais populoso é a Compensa, com mais de 75 mil habitantes, seguido pelo bairro Tarumã e São Jorge. O bairro da Compensa também é considerado o quarto bairro com maior número de habitantes na cidade. Já quando se fala em tamanho, o bairro do Tarumã-Açu ocupa a primeira posição da zona Oeste com mais de 4.800 hectares, seguido pelo bairro Tarumã e Compensa, em terceiro lugar. 

A zona Oeste também é responsável por abrigar a Sede do Governo do Estado do Amazonas, Prefeitura Municipal de Manaus e a Câmara Municipal de Manaus. Nela também podemos encontrar vários DIPs (Distritos Integrados de Polícia) e Cicoms (Companhias Interativas Comunitárias). 

Nela também estão localizados vários hospitais de referência, como a Maternidade Doutor Moura Tapajóz, SPA do São Raimundo, SPA Joventina Dias e também o Hospital e Pronto Socorro da Criança da Zona Oeste.

A Ponta Negra é um bairro que pode ser considerado como classe alta na cidade, também é famoso por seus pontos turísticos, especialmente pela Praia e Orla da Ponta Negra, que sem dúvida, é um dos visuais mais bonitos da zona Oeste. 

Já o Tarumã e Tarumã-Açu, são conhecidos por abrigarem flutuantes, marinas, sítios e chácaras, que garantem o lazer dos manauaras nos fins de semana. São Jorge e Vila da Prata são dois bairros conhecidos por conta da área militar, neles podemos encontrar várias vilas exclusivas para a moradia militar, além do Zoológico do CIGS e 1° BIS (Batalhão de Infantaria de Selva). 

O bairro da Compensa é dividido em 3 partes, é popularmente conhecido por ser a área de maior movimentação comercial da zona Oeste. Inicialmente o bairro era chamado de “Vila de Sapé”, por conta da palha que cobria as casas de madeira. 

O Santo Agostinho faz fronteira com o bairro da Compensa e no meio dos dois bairros, podemos ter acesso a Ponte Jornalista Phelippe Daou, que liga a capital a outros municípios do Estado. 

Santo Antônio, Glória e São Raimundo, são os bairros com menor número de habitantes da zona Oeste. Neles podemos encontrar o Centro Estadual de Convivência da Família Magdalena Arce Daou, além do famoso estádio Ismael Benigno, popularmente conhecido como Estádio da Colina. 

Nova Esperança e Lírio do Vale são bairros que possuem uma boa extensão de área verde. Lá podemos encontrar também pelo menos 3 empresas de transporte coletivo, trazendo facilidade para quem depende do serviço.

A zona Oeste uma das zonas da cidade que possui maior variedade comercial, o que de certa forma, acaba trazendo comodidade para o consumidor, que consegue comprar o que deseja sem sair do bairro ou sem precisar se deslocar até outra zona da cidade. Dentro da zona Oeste, existe apenas 1 mercado municipal, que fica localizado no Bairro da Glória, há também 7 feiras municipais que estão distribuídas dos bairros do São Jorge, Compensa II, Glória e Santo Antônio. 

Falta de vontade para viver e vender, não se encontra pela zona Oeste. Mesmo com a pandemia, o comércio local não fechou as portas por completo, em contrapartida, procurou alternativas para continuar vendendo seus produtos e garantindo o sustento de várias famílias. 

Com a reabertura do comércio após os picos da pandemia, os comerciantes que dependem da venda dos produtos para sobreviver, começaram a se sentir mais aliviados. Apesar do retorno no funcionamento, a situação ainda não voltou ao que era antes, especialmente para Sebastião Anselmo, de 62 anos, que há 29 anos vende pipoca na Orla da Ponta Negra. 

“O que mais me marcou nesses anos em que vendo pipoca aqui na Orla, sem dúvidas foi a pandemia. A situação melhorou bastante com a reabertura, mas as pessoas ainda estão com medo de sair de casa, ainda não é como antes. Tenho fé que a situação vai melhorar e tudo vai voltar a ser como era”.

Sebastião Anselmo vende pipoca na Orla da Ponta Negra há 29 anos – Foto: Laíssa Carvalho

Com a reabertura gradual das atividades, os moradores da zona Oeste da cidade relatam que se sentem mais seguros com a volta da normalidade, em especial espaços públicos como a praia e orla da Ponta Negra, academias ao ar livre e centro de convivências. 

ALFABETIZAÇÃO PARA JOVENS E ADULTOS

Projeto de alfabetização para Jovens e Adultos tem mudado a vida dos moradores da Compensa – Foto: Divulgação

Criado em 2007, um projeto de alfabetização para Jovens e Adultos tem mudado a vida dos moradores da Compensa. O projeto nasceu dentro da Associação de Moradores do bairro, que já existe há mais de 50 anos. 

Professor há 4 anos na associação, Carlos César, de 43 anos, relata que o projeto foi criado para incentivar as pessoas que não tiveram oportunidade de estudar quando mais novas, mas que hoje buscam recuperar o tempo perdido. “O que mais me chama a atenção e me motiva, é a vontade deles de estudar. Costumo dizer que existe uma troca durante as aulas, eles trazem experiência e eu a didática”, relata. 

Mãe de 5 filhos e dona de casa, Meiry Monteiro, de 41 anos, diz que por conta da falta de oportunidades durante a infância, precisou deixar os estudos de lado. Ela fez questão de colocar os filhos na escola para que pudessem aprender a ler e a escrever, mas somente aos 30 anos, decidiu se alfabetizar.  

“Eu cheguei há 10 anos na associação sem saber nada, tudo o que sei hoje, aprendi com professores que dão aula aqui. Posso dizer que cheguei aonde queria estar, consegui me alfabetizar e me formar no ensino médio”. 

As aulas são gratuitas e acontecem de segunda a sexta-feira, sempre de 19h às 21h na sede da Associação dos Moradores do bairro da Compensa. 

AULAS DE FUTSAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Futsal da Glória foi criado no ano de 1999 pelos jogadores do time de futebol do bairro – Foto: Laíssa Carvalho

Bolas e futebol são atrativos para qualquer pessoa, não seria diferente com as crianças e adolescentes que moram no bairro da Glória. Por lá, há 22 anos existe uma escolinha de futebol, que leva diversão e responsabilidade para os que sonham participar de campeonatos. 

Mãe de dois filhos, Jaqueline Lima, de 28 anos, relata que o projeto influencia diretamente na vida dos pequenos, que nem pensam em deixar de ir aos treinos. “Depois que começaram a participar, o comportamento deles melhorou em casa e até na escola, eles sabem que se não estudarem, não podem vir treinar. Então o único retorno que eu espero deles, é nos estudos”.

O projeto de futsal da Glória foi criado no ano de 1999 pelos jogadores do time de futebol do bairro, que já existia há 2 anos. Naquela época a procura não era tão grande, hoje a quantidade de alunos se aproxima de 150 crianças e adolescentes, com idades entre 4 e 18 anos de idade. O projeto é totalmente gratuito e acontece às terças, quartas e sábados na quadra coberta do bairro.  

Para um dos coordenadores do projeto, Gel Sousa, de 41 anos, a finalidade da escolinha é apenas uma: poder levar o esporte para crianças e jovens de todos os bairros da zona Oeste. “Aqui no bairro não existem outros projetos assim, é gratificante ver que os alunos gostam de participar, muitos acabam vindo de outros bairros para treinar aqui”, relata.

TENDA DE SAÚDE NO PARQUE DAS TRIBOS

Moradores da Comunidade Parque das Tribos criaram unidade para atender indígenas com suspeitas de covid-19 – Foto: Wanda Ortega

Para tentar driblar a falta de leitos nas unidades de saúde durante a segunda onda de Covid-19 em Manaus, os moradores da Comunidade Parque das Tribos, que fica na zona Oeste da cidade, criaram uma tenda para atender indígenas com suspeitas da doença. 

Para a enfermeira e coordenadora da unidade, Vanda Ortega Witoto, de 33 anos, a pandemia trouxe consigo diversos desafios, mas o principal deles foi a busca por um atendimento de qualidade para os indígenas que vivem no Parque das Tribos. Na comunidade vivem cerca de 3 mil moradores, de pelo menos 35 etnias diferentes. 

“Nos mobilizamos para criar uma tenda dentro da comunidade. Um lugar que pudesse atender nossos parentes para que não precisassem ir até os hospitais da cidade, que estavam lotados. De todos os que receberam atendimento médico aqui, apenas um precisou ser internado em um hospital da cidade, mas acabou não resistindo”.

Por conta do trabalho que faz como enfermeira, atuando na linha de frente durante a pandemia, Vanda foi a primeira pessoa a ser vacinada contra a Covid-19 no Estado do Amazonas. Para ela, apesar do reconhecimento profissional, a busca por uma saúde de qualidade não vai cessar. “Estamos em diálogo com a Secretária Municipal de Saúde para a construção da primeira UBS do Parque das Tribos, para que os indígenas que vivem aqui possam receber um serviço de saúde com qualidade”.

Foto/Destaque: Laíssa Carvalho
Reportagem de Laíssa Carvalho

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.

Veja também

Pesquisar