Entidades apontam investimento de US$ 7 bilhões por ano para salvar a Amazônia

Em: 9 de julho de 2025
Em carta, lideranças afirmam que a floresta perdeu 17% de sua cobertura vegetal original e outros 31% estão degradados.
Entidades ressaltam necessidade de preservação da floresta - (crédito: Lula Sampaio)
Entidades ressaltam necessidade de preservação da floresta - (crédito: Lula Sampaio)

Organizações da sociedade civil, centros de pesquisa e lideranças nacionais e internacionais entregaram à presidência da COP30 um plano de ação para atrair novos investimentos voltados à proteção da Amazônia. O documento, que possui dados alarmantes, revelou que a floresta perdeu 17% de sua cobertura vegetal original e outros 31% estão degradados.

Segundo a projeção, caso mais 5% sejam devastados, o bioma pode entrar em colapso, liberando bilhões de toneladas de carbono na atmosfera e inviabilizando o cumprimento do Acordo de Paris, que busca limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC. Intitulada “Ampliando Grande Financiamento de Soluções Baseadas na Natureza para Proteger a Amazônia: Um Roteiro para a Ação”, a carta pede que o Brasil, como país-sede da COP30, lidere um pacto global pela floresta.

A proposta principal é mobilizar ao menos US$ 7 bilhões por ano, valor considerado necessário para impedir que a região atinja o ponto de não retorno — momento em que a degradação da floresta se torna irreversível, comprometendo o equilíbrio climático do planeta. A carta foi entregue à secretária nacional de Mudança do Clima e Diretoria Executiva da COP30, Ana Toni, que defende a conservação de 331 milhões de hectares, a restauração de 600 mil km² de áreas degradadas e a garantia de repasses diretos a povos indígenas e comunidades locais, considerados os principais guardiões da floresta.

Entre as soluções, estão também a criação de um fundo internacional permanente — o Tropical Forest Forever Facility (TFFF) — e o fortalecimento de programas de rastreabilidade de cadeias produtivas, como o da carne bovina no Pará e a Moratória da Soja. Para o senador Beto Faro (PT-PA), que acompanha de perto os preparativos da conferência, a COP30 é a chance histórica do Brasil liderar uma virada na forma como o mundo enxerga a Amazônia.

“Enquanto isso, quem lucrou com a devastação assiste à crise climática de camarote e ainda nega os efeitos visíveis das alterações no meio ambiente”, observa o parlamentar.

O Banco Mundial estima que os US$ 7 bilhões por ano são essenciais para manter a floresta. Entretanto, na última década, apenas US$ 5,8 bilhões foram mobilizados globalmente com esse fim. O financiamento climático atual ainda é desproporcional: apenas 3% dos recursos vão para soluções baseadas na natureza voltadas à mitigação, e 11% para adaptação — muito aquém do necessário.

Investimento

Além de um plano de financiamento robusto, o documento pede o redirecionamento de subsídios públicos que ainda favorecem atividades predatórias, como a grilagem e o desmatamento em florestas públicas não destinadas — responsáveis por cerca de 30% da perda anual de vegetação nativa no país.

A proposta também exige o fortalecimento das capacidades de governança local, investimentos em tecnologias de monitoramento ambiental, garantias fundiárias e salvaguardas socioambientais, com protagonismo direto dos Povos Indígenas e Comunidades Locais (PICLs).

“O Brasil tem a oportunidade histórica de liderar uma transformação global. É hora de reconhecer o enorme potencial que a natureza tem para proteger o planeta. E, além de mobilizar recursos, precisamos garantir que eles cheguem aos territórios de quem realmente protege a floresta. A COP30 pode ser o marco de uma nova era de cooperação internacional, com a Amazônia no centro e no coração do planeta”, destaca Juliana Simões, da The Nature Conservancy (TNC) Brasil, uma das signatárias da proposta.

O documento traz recomendações como o lançamento de uma Declaração Global pela Amazônia, o apoio a iniciativas como o Programa ARPA, o Fundo Podáali, a Inovação Financeira para Amazônia, Cerrado e Chaco (IFACC), e o fortalecimento da cooperação entre bancos públicos, empresas, movimentos filantrópicos e governos. A expectativa é de que a carta seja incorporada à agenda oficial da Presidência da República da COP30 e ajude a posicionar o evento como um ponto de inflexão no combate à crise climática.

 

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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