25 de novembro de 2024

Estiagem causa flutuação de preços em feiras e supermercados

A estiagem tem causado impacto econômico em vários segmentos. Nas feiras e supermercados de Manaus, por exemplo, afeta o comportamento de preços de diversos produtos impactando de alguma maneira as vendas. Com a dificuldade de navegação pelos rios a variação nos valores dos hortifrutis nos supermercados tende a sofrer aumento de 5% a 15%, é o que informou a Amase (Associação Amazonense de Supermercados).

Em virtude da limitação na navegabilidade em diversos trechos dos rios Negro e Solimões, 

as embarcações estão operando com a capacidade de carga reduzida, além disso, o custo maior no valor do frete deve ter reflexo imediato nos preços.  “Conforme os contêineres vão chegando com os produtos que já tiveram alteração no preço da logística os preços vão subindo nos supermercados. Alguns empresários sempre seguram o mesmo preço, mas por mais que isso aconteça há o impacto que pressiona o repasse ao consumidor. Então, nós vamos começar a sentir esse aumento”, alertou o vice-presidente da Amase, Ralph Assayag.

Segundo Assayag, ainda não há escassez de produtos, contudo, começa a preocupar o possível desabastecimento nos municípios da calha do Solimões. “Se o rio baixar mais, nós não vamos trazer mais cargas por Porto Velho. Estamos fazendo acompanhamento diário observando o comportamento do rio”. 

Nas feiras, a extrema seca já impacta nos valores de itens da cesta básica como a cebola, batata, alho e tomate. A saca com o quilo de todos esses produtos aumentou em torno de 20%. A cebola e a batata hoje custam  R$ 160. O alho R$ 220 e o tomate R$ 160”, informou o proprietário do Atacadão Reis Ltda, Sérgio Reis, que também faz parte da comunidade de feirantes de Manaus. 

De acordo com o empresário, o transporte marítimo ficou mais caro e os navios das empresas  Mercosul e Aliança não estão pegando reserva para produtos refrigerados que incluem as frutas. “Como não é feito em câmara refrigerada, é um dos que mais encareceram. Daí só de carreta frigorífico”, explicou. 

Ele ressaltou que enquanto em outros Estados a logística é rápida, para o Amazonas o prazo mais longo para a chegada das mercadorias vinda de outros Estados também afetam o setor.  

A falta de produção local é o principal motivo pela instabilidade desses produtos nas principais feiras de Manaus. Pelo menos  90% das frutas e verduras vêm de outros Estados.

É o que reforça o feirante Elias Silva, ao citar que o Amazonas pouco produz e parte dos alimentos vendidos nas feiras tem como origem as regiões Sul e Sudeste do país. “Com o volume do rio abaixo do normal o transporte vindo dessas localidades é afetado, porque chega aqui com muito atraso. Essa demora impacta na qualidade do produto, que muitas das vezes fica impróprio para o consumo e o empresário acaba tendo prejuízo”. 

Em entrevista ao Jornal do Commercio no ano passado, sobre a política de preços em época de estiagem, o presidente do Sindicato dos Feirantes de Manaus e da Feira Manaus Moderna, Davi Lima, reiterou que o transporte por meio aéreo também encarece o produto. Com a seca dos rios, por balsa, as cargas demoram para chegar a Manaus”, comentou.

O segmento não soube informar o percentual de aumento em determinados produtos que já está sendo repassado ao consumidor final, mas informou que vai depender da oferta. “A oferta e a procura influenciam o mercado, principalmente de mercadorias que precisam ser comercializadas em razão do prazo para o consumo. É o caso da cebola e da batata que são perecíveis e não tem como precificar um percentual. Tanto pode aumentar mais quanto ter queda nos custos. Depende da ocasião e da disponibilidade do produto no mercado”.

Todos os anos, o processo de vazante no Estado impactam a produção agrícola e a navegabilidade. Dificuldades de irrigação, logística e até a pesca, têm sido os principais desafios.

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio

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