17 de novembro de 2024

Exportações da indústria só se recuperam em 2010, avisa Mdic

Ministério projeta elevação de 10% no próximo ano, mas admite que o setor deve chegar ao final de dezembro com queda de até 25% frente a 2008

Se depender da vontade do governo brasileiro, o PIM (Polo Industrial de Manaus) pode fechar 2010 com avanço de até 10% nos embarques de mercadorias para o mercado externo. De acordo com o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), a retomada dos negócios na América Latina motivada pelo reaquecimento da economia global fará a região encerrar um empate técnico em faturamento com o volume registrado em 2008 (US$ 1.19 bilhão), ou seja, algo em torno de US$ 1.08 bilhão nas exportações.
O volume exportado atualmente pelo PIM, conforme os dados mais recentes divulgados pela Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), atingiu US$ 672.800 milhões no período de janeiro a outubro deste ano. Mas, na estimativa do secretário executivo do Mdic, Ivan Ramalho, o setor não vai se recuperar do duro golpe sofrido durante a instabilidade econômica no início do ano e deverá fechar com queda de até 25% em relação a 2008. Os números, divulgados pelo Mdic durante a 5ª Fiam (Feira Internacional da Amazônia) dão conta que essa tendência de crescimento nas exportações da indústria local para 2010 está 2% acima da média nacional, que até a terceira semana de novembro fechou em US$ 134.6 bilhões, praticamente superando o patamar de 2006 e 2007 no período.
Ivan Ramalho disse que a meta principal da política de desenvolvimento produtivo, que era de o Brasil atingir 1,25% de participação nas exportações mundiais em 2010, será alcançada ainda neste ano. O secretário explicou, entretanto, que esse fato é motivado muito mais pela redução das exportações mundiais, que necessariamente pelo aumento das exportações do mercado brasileiro.
Ramalho explicou ainda que a meta de exportação para 2010 foi fixada tendo em vista a perspectiva de crescimento da demanda dos principais mercados brasileiros em cerca de 10%, apesar de a média nacional oscilar entre 8% e 9%. O secretário revelou também que no cálculo da meta foi utilizada como hipótese que o dólar se situaria na faixa de R$ 1,70 a R$ 1,75 com base no que foi divulgado pelo Banco Central. “O Amazonas tem tudo para retomar o crescimento industrial, porque tem acompanhado a contento o bom humor do mercado interno”, amenizou.

Controle do câmbio

Quando questionado sobre possíveis medidas para controle do câmbio, evitando a supervalorização da moeda nacional frente ao dólar, Ramalho respondeu que esse papel não cabe a Secretaria de Comércio Exterior. “Temos que tomar cuidado para que o debate sobre câmbio não desvie a atenção de itens estruturais”, ponderou o secretário, citando a logística e o financiamento como problemas estruturais que estão avançando no Amazonas.

Carga parada

No mesmo sentido de privilegiar o combate aos problemas estruturais, o diretor executivo da Aceam (Associação de Comércio Exterior da Amazônia), Moacyr Bittencourt, comentou que a cada dia que a carga fica parada no porto, há um aumento de custo de 0,5% a 1% do valor dos produtos exportados. O executivo lembrou que mais de dois terços das importações amazonenses são de insumos para o polo industrial. “O tempo de importação aumenta o custo da produção local”, reclamou.
Bittencourt ressaltou a necessidade de uma política de exportação que incentive a atividade de comércio exterior, quando afirmou que “não é o câmbio que vai resolver todos os problemas de exportação”. Apesar de considerar o real sobrevalorizado no momento, o empresário considera que seria mais efetivo ter uma reestruturação da economia que envolvesse, entre outros pontos, infra-estrutura, redução da tributação e maior financiamento. “Se não cuidarmos dos custos internos, não há taxa de câmbio que resolva”, finalizou.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.

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