24 de novembro de 2024

Exportações e importações somaram US$ 4.44 bilhões no trimestre

A corrente de comércio exterior do Amazonas consolidou alta no trimestre. As exportações e importações somaram US$ 4.44 bilhões, constituindo uma escalada de 16,84% sobre o mesmo período do ano passado (US$ 3.80 bilhões). Os números são do Mdic e foram disponibilizados pelo site do Comex Stat. A base de dados aponta também índices de crescimento de dois dígitos para as aquisições de insumos estrangeiros para o PIM – entre outros itens – e para as vendas de manufaturados e produtos primários oriundos do Estado.

Em março, as exportações somaram US$ 98.51 milhões, ficando 35,69% acima de fevereiro (US$ 72.60 milhões) e 16,97% superiores à marca do mesmo mês de 2023 (US$ 84.22 milhões). Em contraste, as importações, que predominam na balança comercial do Estado, encolheram 6,25% na virada mensal, de US$ 1.36 bilhão para US$ 1.28 bilhão. Também recuaram 7,91% no confronto com março do ano passado (US$ 1.39 bilhão). O trimestre rendeu alta de 22,91% para as vendas externas (US$ 268.04 milhões) e incremento de 22,87% nas aquisições do Estado no estrangeiro (US$ 4.17 bilhões).

A análise trimestral, que é usada para captar tendências, indica recuperação para as importações e exportações amazonenses, após os meses mais duros da vazante histórica. Como dito, as compras dos agentes econômicos do Estado no mercado estrangeiro somaram US$ 4.17 bilhões nos três primeiros meses de 2024, 74,48% a mais do que no acumulado de outubro a dezembro do ano passado (US$ 2.39 bilhões). A mesma comparação confirmou expansão de 61,14% nas vendas externas, com US$ 268.04 milhões contra US$ 166.33 milhões, na mesma ordem. 

Os números também sinalizam o arrefecimento dos impactos logísticos da crise logística gerada pela vazante histórica de 2023. Em março, 82,81% do volume de importações do Estado veio pelo modal marítimo, que saltou de US$ 724.14 milhões (2023) para US$ 1.06 bilhão (2024), no confronto com os valores de 12 meses atrás. Um mês atras, esse percentual era de 65,09%. O valor embarcado pelo modal aéreo teve menor participação, mas regrediu pouco na mesma comparação de períodos, US$ 486 milhões (2024) contra US$ 473.19 milhões (2023). 

Insumos e manufaturados

Dominado por insumos para o PIM, o ranking de importações do Amazonas também teve altas nas compras de combustíveis e manufaturados prontos, em março. Foi encabeçado por óleos de petróleo” (US$ 251.17 milhões); circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos (US$ 243.78 milhões); e discos, fitas e outros suportes para gravação (US$ 103.78 milhões). Com itens 584 itens listados, a pauta incluiu ainda polímeros de etileno (US$ 60.19 milhões); partes e acessórios para veículos de duas rodas (US$ 48.98 milhões); celulares (US$ 47.75 milhões); e aparelhos de ar condicionado (US$ 36.13 milhões).

Em março, a China (US$ 410.37 milhões) renovou sua liderança entre os maiores fornecedores para o PIM, apesar da retração de 9,76% na comparação com um ano atrás (US$ 454.78 milhões). Os demais foram Rússia (US$ 185.21 milhões), Vietnã (US$ 110 milhões), Estados Unidos (US$ 109.72 milhões), Coreia do Sul (US$ 87.12 milhões), Taiwan/Formosa (US$ 64.77 milhões), Japão (US$ 30.19 milhões) e Indonésia (US$ 27.62 milhões), entre as 95 nações que venderam produtos ao Estado, no mês passado. 

Do lado das exportações, os Países Baixos/Holanda (US$ 15.02 milhões) tomaram a liderança da Alemanha (US$ 13.07 milhões), entre 70 destinos. As transações com os países europeus foram carreadas por óleos de petróleo (US$ 14.44 milhões) e ouro (US$ 12.97 milhões), respectivamente. Na sequência está a China (US$ 11.82 milhões) – que comprou basicamente ferro-ligas/nióbio (US$ 9.25 bilhões). Argentina (US$ 8.03 milhões), EUA (US$ 7.04 milhões), Bolívia (US$ 6.82 milhões), Colômbia (US$ 5.89 milhões) e Venezuela (US$ 5.21 milhões) adquiriram principalmente manufaturados do PIM.

As preparações alimentícias/concentrados (US$ 17.16 milhões) se mantiveram no topo do ranking dos embarques do Amazonas ao exterior, em um rol de 344 itens. Óleos de petróleo (US$ 16.60 milhões) tomaram a segunda posição das motocicletas (US$ 15.37 milhões), que foram seguidas por ouro (US$ 12.97 milhões) e ferro-ligas/nióbio (US$ 9.25 bilhões). Os próximos manufaturados do PIM aparecem na oitava, 11ª e 17ª colocações em diante – barbeadores (US$ 2.71 milhões), celulares (US$ 1.19 milhão) e isqueiros (US$ 627.843), entre outros.

“Melhora substancial”

O diretor adjunto de Infraestrutura, Transporte e Logística da Fieam, coordenador da Comissão de Logística do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), e professor da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), Augusto Cesar Rocha, diz que os números indicam “melhora substancial” para a balança comercial amazonense. “Contudo, alguns acréscimos de importação podem ser decorrentes de recuperação e aumentos de estoque”, ressalvou, acrescentando que a crise logística “se estabilizou”, a despeito das expectativas de um “novo desafio” no último trimestre. 

Mas, Rocha se mostra otimista para os próximos meses, a despeito da guerra no Oriente Médio, do terremoto na Ásia, ou mesmo a alta do dólar. “Entendo que não há maiores preocupações quanto ao câmbio: normalmente uma variação de até 5% faz parte das previsões de hedge. Sobre o cenário geral da economia, parece-me bem positivo, retoma o otimismo. Os impactos do terremoto e questões geopolíticas ainda não aparecem nos números, se percebermos, será daqui a uns 60 dias. Ainda não tenho clareza sobre a extensão, mas a expectativa é que o efeito seja pequeno”, ponderou.

Em entrevista recente à reportagem do Jornal do Commercio, o gerente executivo do CIN (Centro Internacional de Negócios) da Fieam, Marcelo Lima, ressaltou que os dados de importações estariam “dentro do esperado”. Na análise do especialista, os números indicam retorno à normalidade do fluxo logístico e aumento na quantidade de vendas de componentes do PIM, oriundas da China e demais fornecedores asiáticos. 

“Nas exportações, há uma ascendência muito grande do ouro, em volume que tem surpreendido. É um produto que tem se tornado muito atrativo para o mercado internacional, principalmente a Europa. Com relação, aos manufaturados do PIM, há a pulverização dos concentrados para os demais países da América Latina. Ainda não temos motivos para preocupações. Acredito que o comércio exterior tende a crescer em 2024, por conta da abertura de novos mercados”, arrematou. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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