O jornalista paraense Frederico José de Santa Anna Nery (1848/1901) continua fazendo escola mesmo depois de tanto tempo. Apaixonado pelo Brasil e pela Amazônia, mas vivendo em Paris, ele fazia questão de divulgar as coisas boas que aconteciam e que existiam aqui. Antes de ir para Paris, Santa Anna Nery viveu em Manaus. Em 1889, já na capital francesa, o jornalista lançou seu livro mais conhecido, ‘Le pays des amazones’ (O país das amazonas), financiado pelo Governo do Estado interessado em divulgar o Amazonas no exterior.
Passados 133 anos, eis que um novo livro escrito por gente da terra, que conhece muito bem sobre o que está escrevendo, é lançado novamente em Paris. ‘Fables de L’Amazonie’, das escritoras Creuza e Adriana Barbosa, mãe e filha. A primeira edição, em português, do livro, ‘Fábulas e apólogos da Amazônia’, ocorreu em 2014 e seu lançamento, agora, em francês, vem como uma homenagem à Creuza Barbosa, falecida em 2017.
Formada em Língua Portuguesa e bacharelada em Direito, Creuza publicou livros como: ‘Coleção do trabalho infantil – de criança para gente grande’ e ‘Fragmentos do cotidiano I – trabalho infantil’, entre outros.
Em 2015, Creuza Barbosa foi agraciada com a Medalha de Ouro ‘Garcitylzo do Lago e Silva’, que destacou trabalhos relevantes na área de Educação, no Amazonas, realizados por ela quando foi diretora do Benjamin Constant e promoveu interessantes mudanças educativo-culturais. Como auditora-fiscal do Trabalho, Creuza foi pioneira no combate ao trabalho infantil, no Brasil, sendo referência no assunto e respeitada dentro e fora do país.
Carrousel du Louvre
A professora Adriana, como poeta, tem a participação em duas antologias, ‘Imortalidade amazônica’ e ‘Faces e fases’, mas foi com o almanaque ‘Fauna e flora brasileira’ que surgiu a oportunidade de ter o livro ‘Fábulas e apólogos da Amazônia’ editado em francês.
“Eu fui convidada a participar do almanaque e, em seguida, recebi o edital da Literarte, associação internacional de escritores e artistas com sede em Petrópolis, no Rio de Janeiro, cujo objetivo principal é associar, unir, promover e divulgar, a nível nacional e internacional, escritores e artistas plásticos, residentes ou não no Brasil”, contou.
“O edital foi lançado pela Artcom Expo International, associação com sede na Noruega, que se propõe a promover intercâmbio de artes plásticas e literatura entre Europa e América Latina, organizando eventos em prestigiosas galerias e lançamentos de livros”, completou.
Adriana, então, resolveu participar do edital inscrevendo ‘Fábulas e apólogos da Amazônia’. A premiação seria a edição do livro em francês, além de ampla divulgação do trabalho internacionalmente.
“Inscrevi o livro em abril e quando foi em maio, os coordenadores da Artcom Expo International me informaram que, entre tantos outros participantes de vários países e do Brasil, ele havia sido o escolhido. Depois me comunicaram que o lançamento, em grande estilo, ocorreria em 22 de outubro, no Carrousel do Louvre”, falou.
O Carrousel du Louvre é uma galeria comercial localizada no subsolo do Museu do Louvre, em Paris. Tem esse nome por conta da praça do Carrossel, situada na frente da famosa pirâmide principal (existem cinco pirâmides de vidro no Museu). O Carrousel do Louvre tornou-se um centro de convenções e exposições da Cidade Luz recebendo, anualmente, cerca de oito milhões de visitantes.
Artista do Ano
“Na cerimônia de lançamento do livro ainda recebi um diploma e o troféu Prix de l’artiste de L’année (Prêmio Artista do Ano), Categoria Literatura. No momento em que recebia o troféu, lembrei de minha mãe. Estava com o coração voltado para dona Creuzinha. Aquilo foi mais uma homenagem para ela, que me colocou nesse mundo literário”, destacou Adriana.
‘Fábulas e apólogos da Amazônia’ está em sua terceira edição. É um livro com 20 contos, 18 autorais e dois recriados, direcionado para crianças e adolescentes.
“É amazônico, com teor regional bem forte tendo a natureza como ponto de partida para se refletir sobre a vida. O foco é a nossa fauna e flora, a floresta, os rios. Como eu e minha mãe, ela foi e eu sou, professoras, tivemos o cuidado de escrevê-lo numa linguagem bem simples facilitando ao máximo o entendimento de seu conteúdo entre as crianças e adolescentes”, explicou.
O livro foi ilustrado por Alcemar Falcão com tradução de Ingrid de Souza Bispo.
Adriana voltou de Paris trazendo vários exemplares da edição francesa para realizar um lançamento, em Manaus, em data e local ainda a serem definidos, mas quem desejar ter a edição em português, pode solicitar através do 9 9305-2511 ou @adriana da Amazônia.
Por Evaldo Ferreira: @evaldo.am
Fotos: Divulgação