16 de setembro de 2024

Falta de matéria prima que tem impactado as linhas de produção

Apesar da alta no faturamento do PIM (Polo Industrial de Manaus) ter registrado até novembro de 2021, quase 145,59 bilhões, os empregos no setor produtivo não alcançaram números favoráveis. O balanço do Sindmetal-AM (Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas), aponta que de janeiro do ano passado a janeiro de 2022, quase 9 mil trabalhadores entre efetivos e temporários foram desligados. O quantitativo significa  um aumento de 32% em relação ao período que compreende o primeiro mês de 2020 até janeiro de 2021, quando o Sindicato registrou 6,8 mil desligamentos.

O presidente do Sindicato, Valdemir Santana informou que os desligamentos continuam, muito mais motivados pela falta de matéria prima que tem impactado as linhas de produção do Polo. “Tem muitas empresas com falta de insumos para produção que dispensou o trabalhador, mas tem outras que procuram o Sindicato para fazer acordo de suspensão de contrato para não demitirem e outras mantendo e qualificando os trabalhadores”. 

A escalada de demissões no PIM vem mantendo esse status ao longo da pandemia. No primeiro semestre do ano passado, por exemplo, um dos fatores mais significativos no aumento dos índices foi a rotatividade dos colaboradores nos postos de trabalho em decorrência de contratação no formato temporário.

Conforme Santana, a legislação permite que a empresa contrate mão de obra temporária por nove meses. No entanto, algumas empresas mantêm os funcionários até dez meses e o dispensam. “Contabilizamos um prejuízo estimado em R$22 mil por trabalhador ao final de cada contrato temporário. São valores que seriam direitos trabalhistas e que não são pagos aos trabalhadores”, afirmou.

Mas toda essa facilidade para contratação temporária, não impediu um desfalque na modalidade, atingindo cerca de 2,6 mil contratos em 2021. 

No ano passado, o Sindicato projetava que o retorno das admissões ocorresse  em volume maior. Mas para que o cenário fosse favorável havia a necessidade de que os empregadores efetivassem os trabalhadores temporários para assim ter a validação da CLT em seus contratos, no entanto fechou o ano com saldo negativo. 

Ele acrescenta que esses são os dados contabilizados, porém,  algumas empresas se aproveitaram da pandemia para efetuar os desligamentos sem o aval do Sindicato, descumprindo a Convenção Coletiva de Trabalho.

Além disso, para tentar conter o aumento nas demissões que vinham ocorrendo desde o primeiro semestre de 2021, muitas  empresas aderiram ao programa do governo federal de suspensão de contrato, onde, o trabalhador continuou empregado, trabalhando com carga horária reduzida ou  de forma intercalada na empresa. “O Sindmetal firmou acordos com as empresas para resguardar os direitos dos trabalhadores nesse período, pensando em primeiro lugar na saúde do trabalhador”, lembrou Valdemir.  

EmpresasConforme o presidente do Sindmetal Valdemir Santana, o polo eletroeletrônico que mais faturou foi o que mais demitiu. A empresa Philco foi a campeã em demissões com quase mil desligamentos em novembro e dezembro,  seguida da Samsung Eletronica da Amazonia Ltda e Moto Honda, LG e a Whirlpool Corporation no Brasil. “Todas elas  demitidas sem justificativas. Fora os trabalhadores temporários que não tem direito a nada”.

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio

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