Farinha cada vez melhor

Em: 6 de março de 2025
Com práticas de manejo sustentável, e sem uso de agrotóxicos, a Rico Farinhas tem 100% de qualidade.

 Foi-se o tempo em que a farinha chegava a Manaus, do interior, em paneiros forrados com folhas, baguda, cheia de talos, e assim ia para o comércio. As coisas mudaram muito, principalmente a partir de ações como o projeto Rico Amazônia.

“O projeto Rico Amazônia é uma iniciativa que busca valorizar a farinha Uarini, tanto do ponto de vista comercial quanto cultural e social. Trabalhamos diretamente com os produtores, garantindo que eles tenham condições dignas de trabalho e que o produto mantenha sua qualidade tradicional”, falou Andrey Ricardo, empreendedor e coordenador do projeto, que é desenvolvido nos municípios de Alvarães, Maraã, Tefé e Uarini.

“Nosso foco é oferecer uma farinha com origem, sem agrotóxicos, produzida dentro dos padrões estabelecidos pela Indicação Geográfica concedida pelo Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). Além disso, queremos expandir a comercialização e desenvolver novos produtos derivados da macaxeira, sempre mantendo um compromisso com a sustentabilidade e a inovação no setor”, completou.

Desde pequeno, Andrey sempre viu a farinha Uarini presente na mesa de sua casa.

“Com o tempo, percebi que esse produto ainda não tinha o reconhecimento e a valorização que merecia no mercado. Durante a pandemia, me vi na necessidade de me reinventar profissionalmente e enxerguei a oportunidade de transformar essa paixão em um negócio. Assim nasceu a Rico Amazônia, em 2020, com a missão de levar a verdadeira farinha Uarini para todo o Brasil, garantindo qualidade, rastreabilidade e um modelo de negócios que beneficiasse diretamente os produtores locais”, explicou.

 

Filé, ovinha e ova

O projeto, amparado pelo Programa Inova Amazônia Módulo Tração, parceria realizada entre a Fapeam (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas), o Sebrae e o Confap (Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa), tem o apoio dos Institutos: Mamirauá, Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Federal do Amazonas, Internacional de Educação do Brasil, e Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade; Universidade do Estado do Amazonas, e Conselho Nacional dos Seringueiros.

“Toda farinha que comercializamos é proveniente da Apafe (Associação dos Moradores e Produtores Agroextrativistas da Floresta Nacional de Tefé e Entorno) e segue o modelo de Fair Trade (comércio justo), que visa melhorar as relações entre produtores e compradores. Essa farinha é produzida pelos agricultores parceiros, e tem garantia de origem e qualidade. É uma relação de benefício mútuo: apoiamos o agricultor e, ao mesmo tempo, oferecemos ao mercado um produto de excelência”, disse.

Apesar dos avanços tecnológicos, as técnicas tradicionais continuam no plantio manual da mandioca em roçados familiares, na colheita após o tempo adequado de maturação e no processamento em casas de farinha, agora higienizadas conforme a IG (Indicação Geográfica). O método tradicional inclui a raspagem da mandioca, a prensagem para retirada do tucupi, peneirar e bolear a massa, a secagem e a torrefação em fornos de barro ou metal, e a seleção das categorias: filé, ovinha e ova.

“Algumas inovações têm sido implementadas, como o uso de máquinas para ralar a mandioca, peneiras mais eficientes e a introdução de fornos otimizados para melhorar a torra da farinha, garantindo um produto mais padronizado e de maior qualidade”, revelou.

 

Outros produtos

Os produtores inseridos no projeto Rico Amazônia utilizam práticas de manejo sustentável, evitando o uso de agrotóxicos e priorizando a rotação de áreas de cultivo para preservar o solo, e é incentivado o reaproveitamento dos subprodutos da macaxeira, como o tucupi e a manipueira, minimizando desperdícios.

“Além da farinha Uarini, estamos trabalhando para expandir nossa linha de produtos derivados, como farinhas temperadas, goma e, possivelmente, outros produtos orgânicos com certificação de Indicação Geográfica. O objetivo é diversificar o portfólio, agregando valor ao produto e oferecendo opções saudáveis ​​e sustentáveis ​​aos consumidores”, informou.

Mesmo com todo apoio, os agricultores ainda enfrentam diversos desafios, como a falta de acesso a equipamentos modernos, infraestrutura precária nas casas de farinha e dificuldades na logística de transporte, devido às grandes distâncias, em relação a Manaus, e ao custo elevado do frete.

“A comercialização é um problema, pois muitos produtores dependem de atravessadores, o que reduz a margem de lucro. Essas dificuldades não são exclusivas das regiões onde atuamos, mas refletem uma realidade comum em toda Amazônia Legal”, finalizou.

Atualmente a Rico Farinha é disponibilizada em embalagens de 400g, em caixas com 16 unidades, vendida no atacado e distribuída para mercados e restaurantes em diversas regiões do Brasil. Pedidos pelo www.ricoamazonia.com.br

Informações: 97 9 9144-1366

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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