14 de setembro de 2024

Faturamento tem queda na reta final do ano, segundo a Suframa 

O faturamento do PIM desacelerou na reta final de 2022, embora tenha seguido acima de 2021. As vendas em dólares recuaram 7,17%, entre outubro e novembro, e passaram de US$ 3.14 bilhões para US$ 2.93 bilhões. Mas, o confronto com o dado de 12 meses atrás (US$ 2.69 bilhões) sustentou incremento de 8,92%. Convertido em reais (R$ 15,49 bilhões), houve decréscimo mensal de 6,29% e elevação anual de 2,58%. Em 11 meses, as altas em moeda americana (US$ 31.56 bilhões) nacional (R$ 161,50 bilhões) foram de 13,55% e 7,97%, respectivamente.

Assim como ocorrido nos últimos meses, os subsetores mais fortes do PIM seguem em direções diferentes, no acumulado do ano. Os fabricantes de bens de informática e de duas rodas consolidaram expansão, mas os de eletroeletrônicos permaneceram no campo negativo, embora ensaiem estabilidade. É o que revelam os números mais recentes dos Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus, divulgados pela Suframa, nesta segunda (6). A mesma base de dados informa que a média de empregos no Distrito desacelerou em novembro, embora tenha registrado o segundo maior patamar mensal de 2022.

A despeito da desaceleração, os números da autarquia já se aproximam das projeções da Fieam, que estima um crescimento de 15,06%, em dólares (US$ 34,71 bilhões), e de 10,42%, em reais (R$ 179,83 bilhões), no fechamento de 2022. Vale notar que a base de comparação foi depreciada pelos impactos da segunda onda da covid-19, e pela chegada dos efeitos da vacinação em massa apenas no segundo semestre. Ainda assim, os números correspondem à menos da metade das projeções iniciais da entidade, para o exercício anterior.

Segmentos e produtos

Na análise em dólares, 21 dos 26 subsetores listados pela Suframa fecharam o acumulado de janeiro a novembro no azul, a mesma quantidade contabilizada no levantamento anterior. A maior alta proporcional se deu em minerais não metálicos, que decolou 217,83%, ao somar US$ 58.28 milhões. Foi seguido de longe pelos segmentos de vestuário e calçados (+64,50% e US$ 6.17 milhões) e de duas rodas (+36,70% e US$ 5.75 bilhões). Os tombos mais significativos vieram dos subsetores de couros e similares (-40,28% e US$ 5.82 milhões) e mecânico (-26,26% e US$ 1.72 bilhão).

Majoritários e responsáveis por quase metade do faturamento total do PIM, os polos de bens de informática e de eletroeletrônicos voltaram a ficar em extremos opostos. O primeiro emendou o décimo mês de liderança em termos de participação no Polo, respondendo por uma fatia de 29,88%, com alta de 25,16% no faturamento (US$ 9.43 bilhões). O segundo teve 18,47% de share e viu suas vendas encolherem 0,28% (US$ 5.83 bilhões). Na sequência estão os subsetores de duas rodas (15,04%), de “outros produtos” (11,72%), termoplásticos (8,64%), químicos (8,40%) e metalúrgico (7,85%).

Entre os principais produtos do PIM, os celulares voltaram a ganhar destaque, com 14.704.077 unidades fabricadas e incremento de 10,38%, no comparativo dos 11 meses iniciais de 2022. A lista inclui também motocicletas, motonetas e ciclomotores (+18,72% e 1.350.048), televisores com tela de LCD e OLED (+3,51% e 10.149.894) e monitores com tela de LCD para uso em informática (+100,79% e 2.984.333). No outro extremo, bicicletas (-18,58% e 601.824), relógios (-5,78% e 6.711.949), condicionadores de ar split system (-24,69% e 3.886.614), e equipamentos de fitness (-36,97% e 40.611) amargaram quedas.

Mais empregos

A geração de empregos no PIM desacelerou em novembro, mas se manteve abaixo apenas do recorde anual de outubro. A média obtida no penúltimo mês de 2022 foi de 114.046 vagas, entre trabalhadores efetivos, temporários e terceirizados. Ficou 0,50% aquém da marca do mês anterior (114.619), mas superou em 4,42% o dado do mesmo mês do ano passado (109.761) – período em que a atividade ainda sofria mais impactos da pandemia do que do desarranjo macroeconômico.

A média mensal de mão obra do Polo Industrial de Manaus ao longo dos 11 meses iniciais de 2022 foi de 109.807 postos de trabalho, o que equivale a uma elevação de 3,72% diante do saldo de “ano cheio” de 2021 (105.867). O resultado ainda aparece como o melhor número da série histórica da Suframa, desde 2015 (105.015) – que foi ano de PIB negativo. Os maiores índices de crescimento vieram dos segmentos de “produtos diversos” (+37,50%), relojoeiro (+26,21%) e mineral não metálico (+13,60%). Somente os polos ótico (-22,37%), têxtil (-8,44%), de couros e similares (-7,78%) e mecânico (-6,91%) eliminaram vagas.

Levando em conta só a mão de obra efetiva, o saldo no aglutinado até novembro se manteve no azul pelo quinto mês seguido. Foram criadas 3.905 vagas, dado o predomínio das contratações (31.683) sobre os desligamentos (27.778). Ainda assim, continuou bem abaixo da marca de 2021 (+7.440), embora já tenha superado 2020 (+3.817) – o primeiro ano da pandemia. 

Recorde e incertezas

Em texto divulgado por sua assessoria de imprensa, a superintendente em exercício da Suframa, Ana Maria Souza, reforçou que o faturamento em reais até novembro já representa novo recorde para o PIM. “Ainda estamos consolidando os dados de dezembro, mas estimamos faturamento global acima de R$ 170 bilhões e mais de 110 mil empregos diretos. São resultados que reforçam a importância do parque industrial instalado na Amazônia e potencializam as suas contribuições para a movimentação econômica e o estímulo da qualidade de vida da população regional”, asseverou.

A avaliação é compartilhada por lideranças da indústria incentivada de Manaus. O presidente da Fieam, e vice-presidente executivo da CNI, Antonio Silva, reiterou que o desempenho o PIM ainda sofre reflexos da falta de insumos em nível global. “Esse fator tem prejudicado as análises, razão pela qual ocorrem essas flutuações entre os meses. A elevada taxa de juros também é um fator preponderante para refrear a atividade. De toda a forma, é importante destacar que, no saldo global, os indicadores são positivos. Nossa expectativa para o encerramento de 2022 é de estabilidade com baixas residuais e brandas. O cômputo do ano, entretanto, deverá apresentar saldo positivo”, ponderou.

Em entrevista coletiva concedida no mês passado, o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian destacou que os números de 2022 representam uma retomada, após a “anomalia” do primeiro bimestre de 2021. “Após três anos de pandemia, estamos aumentando a produção para atender ao crescimento da demanda do mercado, que retoma gradativamente aos volumes anteriores. Por outro lado, estamos atentos a possíveis incertezas econômicas, consequência da elevação dos custos globais de produção, da definição da política do novo governo, do andamento das reformas política e administrativa, do fator Custo Brasil, entre outros”, arrematou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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