Marco Dassori
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A quantidade de amazonenses na fila do desemprego desabou no segundo trimestre, após a estagnar no primeiro, e chegou a 203 mil. A taxa passou de 13% para 10,4%, na comparação com os três meses iniciais de 2022. Foi o número mais baixo em quase sete anos, mas ainda ficou acima da média nacional (9,3%). A queda foi ainda mais substancial na comparação com o mesmo período do ano passado (15,8%). Com isso, o nível de ocupação da mão de obra subiu para 56,2%. Construção, comércio, administração pública e serviços de alojamento e alimentação pública lideraram a ampliação das vagas.
O aumento da oferta veio acompanhado por uma queda com viés de estabilidade na proporção de pessoas trabalhando sem carteira assinada. A taxa caiu de 58,1% para 57,7% na virada trimestral, sendo a menor taxa desde o terceiro trimestre de 2020. Mas, o Estado permaneceu com o terceiro maior índice de pessoas trabalhando sem carteira assinada, logo atrás de Pará (61,8%) e Maranhão (59,4%) – que também diminuíram. É o que mostram os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua Trimestral, divulgados pelo IBGE, nesta sexta (12).
Capturada em um período em que os indicadores da pandemia experimentavam queda livre no Amazonas, mas a economia já enfrentava índices de inflação e juros mais elevados, a taxa média de desocupação do Amazonas caiu da décima para a 12ª posição no ranking nacional. Bahia (15,5%), Pernambuco (13,6%) e Sergipe (12,7%) apresentaram os percentuais mais elevados de habitantes sem ocupação remunerada, enquanto Santa Catarina (3,9%), Mato Grosso (5,3%) e Mato Grosso do Sul (6,5%) ficaram no rodapé da lista.
No segundo trimestre de 2022, o Estado contava com 3,10 milhões com 14 anos ou mais – idade apontada pelo IBGE como apta ao trabalho. No total, o número de pessoas na força de trabalho – que estava trabalhando ou buscando emprego – foi de 1,95 milhão. Foi uma quantidade 1,01% inferior à do trimestre anterior (1,97 milhão) e 1,2% mais elevada do que a de igual intervalo de 2021 (1,92 milhão). O número de pessoas fora da força de trabalho – que não estavam ocupadas ou buscando emprego – foi de 1,16 milhão, apontando recuo 2,6% (1,13 milhão), em ambas as comparações.
Informalidade predomina
A “posição de ocupação” classificada pelo IBGE como “empregado” (943 mil) respondeu mais da metade dos amazonenses com ocupação profissional (1,74 milhão), no segundo trimestre. Um a cada três estavam no setor privado (595 mil), contingente 4,9% maior do que o dos três meses imediatamente anteriores (568 mil), e 15,1% superior ao registrado um ano antes (517 mil). Em torno de 268 mil estavam no setor público, representando alta proporcional de 11,2%, no primeiro caso, e decréscimo de 17,2%, no segundo.
O percentual de dos trabalhadores do setor privado com carteira assinada caiu de 69,01% (392 mil) para 64,70% (385 mil), na virada trimestral. A informalidade, por sinal, atingiu 90% (72 mil) do total de trabalhadores domésticos (80 mil) no mesmo período. A taxa de amazonenses sem formalização subiu para 39,55% no setor público (106 mil). O trabalho por conta própria foi a alternativa para 34,96% dos amazonenses ocupados (610 mil), sendo que 92,46% (563 mil) não possuíam CNPJ. A quantidade de “empregadores” caiu para 45 mil, embora o percentual de formalizados tenha subido para 68,89% (31 mil).
Em números globais, a taxa de informalidade do Amazonas foi de 57,7%, atingindo 1,01 milhão de trabalhadores) e, embora seja a menor desde o terceiro trimestre de 2020, só perde para o Pará (61,8%) e o Maranhão (59,4%). Para chegar a esse número, o IBGE levou em consideração diversas categorias. “Nelas estão os mais diversos profissionais: Um empregado de uma empresa que não tem certeira assinada; a empregada doméstica, cuidador de idoso, jardineiro sem carteira; o dono de um negócio que não tem CNPJ; ou até mesmo uma pessoa que ajuda um familiar na roça, na pescaria, no comércio ou num negócio qualquer”, assinalou o IBGE, no texto da pesquisa.
Atividades e rendimentos
O grupo que reúne comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas (343 mil) se manteve como o setor que empregou mais pessoas no Amazonas, registrando alta 8,6% na virada trimestral. Os serviços de administração pública, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (317 mil), vieram na segunda posição, com alta de 10,3% diante da base anterior. As atividades de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (293 mil) encolheram 6,1% e caíram para a terceira colocação. Na sequência estão indústria (188 mil), construção (119 mil), e os serviços de alojamento e alimentação (106 mil) e de transporte, armazenagem e correio (100 mil) – sendo que apenas este último aumentou vagas.
O “rendimento médio real” dos trabalhadores do Amazonas foi de R$ 2.022, ficando 2,4% acima do número capturado no trimestre anterior (R$ 1.974). Na comparação com o mesmo acumulado do exercício anterior (R$ 2.009), houve um virtual empate (+0,7%). Já a massa de rendimentos – que reflete o quanto os salários brutos dos trabalhadores contribuíram para a economia local – alcançou R$ 3,20 bilhões, ficando estável no confronto com os três meses finais de 2021 e 11,10% superior ao patamar de um ano antes.
“Melhora do mercado”
Em análises anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, avaliou que a taxa de informalidade continua elevada no Amazonas porque empregos formais não são suficientes para atender a demanda, mas também porque muitos trabalhadores optam pela informalidade na busca de melhores ganhos. “Esse grupo possivelmente ainda vai permanecer por um bom tempo, uma vez que parte está em fase de adaptação ao mercado informal, e outra ainda não entendeu que a formalização de seu negócio é importante para seu futuro junto a previdência por exemplo”, frisou o pesquisador, em nova entrevista.
Adjalma Jaques destacou que a taxa de desocupação chegou ao nível mais baixo desde o quarto trimestre de 2015, em razão da redução de pessoas na força de trabalho e do aumento de trabalhadores ocupados. “A força de trabalho geralmente é mais pressionada quando aumenta o desemprego. Numa casa com todos os maiores de 14 anos desempregados, há forte probabilidade que todos estarão em busca de trabalho. Mas, se um ou dois estão empregados, os outros possivelmente deixarão de procurar trabalho. Já o aumento de pessoas ocupadas reflete diretamente a melhora do mercado de trabalho, sendo resultado de mais ofertas de postos de trabalho em decorrência da retomada da economia, depois da pandemia”, finalizou.